A difusão de que a economia do Brasil poderá alcançar a 6ª posição do mundo, superando a da Inglaterra, ofuscou outras notícias importantes na semana. Entre elas a do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano, o Pnud, que apontou em 2011 um crescimento mais lento dos nossos indicadores de Desenvolvimento Humano; subimos apenas da 85ª posição, para a 84ª, entre a avaliação com outras 186 nações.
O fraco aumento no indicador de desenvolvimento humano do Brasil pelo Pnud - de 0,715 para 0,718 - deveu-se à maior expectativa de vida, uma vez que em 2010 era de 73,1 anos, e em 2011 subiu para 73,5 anos. Neste mesmo período não evoluímos nada em educação, já que a média de anos de estudo do brasileiro permaneceu paralisada em 7,2 anos. No entanto, por estes indicadores o Brasil continua no segundo grupo, entre os países com desenvolvimento humano elevado.
Na América Latina somente dois países estão situados no primeiro grupo, que agrega os países com desenvolvimento humano muito elevado. São eles: o Chile, na 44ª posição, e a Argentina, na 45ª posição. No nosso grupo, perdemos ainda para 13 países da América Latina, entre eles o Uruguai (48ª posição), Cuba (51ª posição), México (57ª posição), Venezuela (73ª posição) e Jamaica (79ª posição).
O principal fator que tem contribuído para que o Brasil permaneça quase estagnado na questão do desenvolvimento humano é a educação. Sem educação adequada, com qualidade, limitamos a inclusão social de milhões de brasileiros, comprometemos a distribuição da renda e inibimos o crescimento do nosso PIB.
Pode-se também associar a melhoria da educação com a promoção da cultura e do empreendedorismo, com maior efetividade no combate à corrupção e com a qualidade da utilização dos recursos públicos.
Quanto à 6ª posição de maior economia do mundo, creio não merecer maior alarmismo. Se esta posição vier a ser confirmada será muito mais pela decadência econômica de outros países, devido à intensidade da crise mundial, e pela valorização da nossa moeda e das nossas commodities no mercado externo. Não podemos nos esquecer que o agronegócio vem se expandindo no Brasil há mais de 20 anos, muito mais por iniciativa dos empresários que dos governos.
Outro ponto que não pode ser dissociado desta questão é que a posição entre as maiores economias do mundo não redime nosso país de uma das piores posições, quando se trata da desigualdade e da distribuição de renda. Pelos dados da ONU, quando se considera o coeficiente de GINI, entre 187 nações estamos melhores apenas que o Haiti, Colômbia, Bolívia, África do Sul, Angola, Honduras e Comoros.
Então, para 2012 vale continuarmos sempre atentos, para não nos iludirmos que pagamos nossa dívida externa, que já somos um país desenvolvido, com elevados níveis nos indicadores sociais e que, por fim, não temos problemas que comprometam nosso futuro.
Finalmente, desejo a todos os leitores um excelente e profícuo ano de 2012, com muita saúde. Aproveito também para comunicar que o mês de janeiro será de descanso desta coluna. Mas, se DEUS quiser, estaremos de volta em fevereiro do próximo ano. Até lá!