Concluída
pelo Senado Federal a fase de admissibilidade do processo para o impeachment de
Dilma Rousseff (PT-RS) da presidência da República, torna-se muito remota a sua
possibilidade de retorno. É lastimável, entretanto, a herança que ela e o
Partido dos Trabalhadores deixam aos próximos governos. Esta herança é o que se
pode chamar verdadeiramente de “maldita”, uma vez que engloba uma gravíssima
crise política, ética e econômica, sem precedentes na vida política republicana
nacional, em prejuízo de toda a sociedade.
Essa bomba
começou a ser armada ainda no primeiro mandato do ex-presidente Lula da Silva
(PT-SP). Naquela época o governo petista vendeu aos brasileiros a ilusão de que
todos os problemas nacionais estavam resolvidos. A economia brasileira navegava
em céu de brigadeiro e o país crescia impulsionado pelo crescimento do mundo e
pelo preço de nossas commodities, que alcançava valores nunca antes imaginados.
O dinheiro entrava de forma abundante irrigando a economia, que ainda
mantinha os fundamentos básicos do Plano Real, legado de seu antecessor.
No segundo
mandato, com a economia sob o comando do ex-ministro Guido Mantega (PT-SP), o
ex-presidente extrapolou na gastança, para apagar as manchas deixadas pelo
escândalo do MENSALÃO. A crise externa
era apenas uma “marolinha” e o Brasil era vendido aos brasileiros como
“desenvolvido”, sem dívida externa e sem pobreza. Puro populismo! Enquanto a
imprensa livre e a oposição eram massacradas, a roubalheira corria solta para
compra de apoio político e a eleição de Dilma Rousseff. Com popularidade, o
ex-presidente estimulava o peçonhento “nós” contra “eles”.
Eleita,
Dilma encontrou uma sociedade dividida. Quem ousava criticar os rumos do
governo invariavelmente era “alarmista”, “pregador do caos”. Nesse momento a
política econômica anticíclica de Guido Mantega já apresentava os primeiros
sinais de esgotamento. Mas o ex-presidente Lula da Silva continuava a dar as
ordens à sua criatura: o governo não precisa fazer superávit primário, era
necessário continuar gastando para manter o crescimento econômico.
Nas últimas
eleições, quando a Operação Lava-Jato começava a mostrar ao país a
sistematização da roubalheira que se entranhou no ceio do governo e dizimou a
Petrobras, a Eletrobras e demais empresas públicas, a então candidata mentiu
aos desavisados da realidade em que o país se encontrava. O Brasil estava
quebrado, pela intervenção do governo na economia e desleixo com a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Honestidade? Como dizer-se honesta depois de fazer
tudo isto e ainda o “diabo” para manter o projeto de poder lulopestista?
O presidente
em exercício Michel Temer (PMDB-SP) pega um país quebrado, com mais de 300 mil
empresas fechadas e 11,1 milhões de desempregados. A dívida pública assume
patamares que sufoca toda economia, pela necessidade do desembolso de mais de
R$ 500 bilhões com o pagamento de juros. E enquanto a recessão inibe toda
autoestima de um povo, a Operação Lava-Jato espelha um Brasil saqueado,
envergonhando-o diante do mundo.
Nada poderia
ser pior do que essa realidade sombria. Como o dizer do jornalista Elio Gaspari
“a doutora vive em outro mundo ou julga-se com poderes suficientes para
oferecer à população uma vida de fantasia”. Daí a invenção de um golpe. Mas,
nada pior do que a arrogância sem nenhum esteio moral. Nenhum país aparelhado,
governado pela irresponsabilidade e incompetência poderá julgar-se uma pátria
educadora. Há muito que fazer pela frente!
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