Finalmente o
procurador–geral da República, Rodrigo Janot, decidiu por solicitar a abertura
de inquérito junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar os
políticos denunciados na Operação Lava-Jato. Até aqui o principal alvo da
Procuradoria Geral da República (PGR) na esfera política reduzia-se quase que
exclusivamente a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos
Deputados, com nove pedidos de abertura de inquérito. Sobrava a impressão de
que as investigações sobre os outros políticos estavam sendo proteladas.
Desta vez,
entretanto, Rodrigo Janot atingiu em uma única tacada o coração, a espinha
dorsal e o cérebro da elite política que nos governa há mais de treze anos,
justamente quando a presidente Dilma Rousseff (PT-RS) se debate diante de um
iminente impeachment. E por mais que os denunciados queiram desconstruir os
fatos, todas as denúncias apresentadas são por demais relevantes, uma vez que a
Operação Lava-Jato revelou o maior esquema de corrupção nos 127 anos de nossa
República, dito também como um dos maiores do mundo.
Rodrigo
Janot foi enfático na apresentação do pedido de abertura de inquérito ao dizer
que “essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e
de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o
ex-presidente Lula dela participasse”. É fato, portanto, que o ex-presidente
não só sabia como também comandava todo o sistema, por mais que continue
negando, da mesma forma como procede a presidente Dilma Rousseff.
Usar
dinheiro público para manutenção de um projeto de poder, por ideológica e para
enriquecimento próprio ou de “cumpanheiros” não é ato que possa ser considerado
legal, por mais que queiram o governo e a trupe petista e seus seguidores. Da
mesma forma que não é legal a tentativa de obstruir a justiça em defesa de
criminosos e depois mudar o discurso, como procede agora a presidente Dilma ao
dizer que as denúncias de seu ex-líder no Senado Federal - o ainda senador
Delcídio do Amaral - são “levianas e mentirosas”.
Não é por
acaso, por conseguinte, que a própria presidente Dilma possa a vir a se tornar
réu, junto ao ex-presidente Lula da Silva e ao atual advogado-geral da União,
Luiz Eduardo Cardoso (PT-SP). Os acompanharão os ministros Jaques Wagner
(PT-BA), Edinho Silva (PT-SP) e Ricardo Berzoini (PT-SP), todos eles ainda com
assento no Palácio do Planalto, bem como a ex-assessora da presidente e
ex-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra (PT-DF), o ex-ministro Antonio Palocci
(PT-SP) e Giles Azevedo, atual assessor especial da Presidência da
República.
Espera-se, todavia, que a Justiça se faça de
forma exemplar sobre todos os parlamentares envolvidos nesse sistema gigantesco
de corrupção, seja ele do PT, do PMDB, do PP - que faziam parte da antiga base
aliada -, ou mesmo da oposição. Por lamentável, alguns desses parlamentares
ainda estão sendo cotados para compor o futuro ministério de Michel Temer. Isto
ocorrendo, o novo governo já começará velho, pelo péssimo exemplo, em um
momento em que toda a sociedade brasileira clama por mudanças, sem isentar a
conduta política.
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