sexta-feira, 25 de abril de 2014

Pouca eficiência, com propaganda demais

Nunca no Brasil um governo gastou tanto dinheiro com propaganda conforme o governo de Dilma Rousseff no ano passado. A cifra vultosa chegou a R$ 2,3 bilhões, para a divulgação da “eficiência” do governo federal e das estatais. O recorde anterior havia sido de R$ 2,2 bilhões em 2010, durante o governo do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), “coincidentemente” também um ano anterior às eleições presidenciais de 2011.
É assim que eles sempre procedem, uma vez que a legislação proíbe que os gastos com publicidade no ano das eleições ultrapassem à média dos três anos anteriores. Então, a massificação da propaganda, com cunho político, é sempre no primeiro semestre antes das eleições e no ano que precede ao pleito - um critério perfeitamente estudado.
A Constituição Federal, no artigo 37, em seu inciso XXI, parágrafo primeiro, dispõe que “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizam promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
Mas, à margem da nossa Carta Magna e da Lei, o governo não demonstra qualquer pudor quando se trata de propaganda, a começar pela logomarca – muito diferente de qualquer símbolo do país - que é estampada em suas peças publicitárias. A finalidade é sempre mostrar as “maravilhas” do governo e das empresas estatais, ligando-as às realizações do governo. Tudo, deste modo fica perfeito e acabado, sem a menor margem para uma análise crítica das massas.    
As propagandas dos programas “Minha Casa, Minha Vida” e “Mais Médicos”, ora veiculadas nas mídias, são exemplos claros da utilização da propaganda como instrumentação política. Ambos os programas serão o carro chefe da presidente em sua campanha. Na peça do “Mais Médicos” parece que todos os problemas do Brasil na área da saúde foram resolvidos; na do “Minha Casa, Minha Vida”, que a presidente resolveu o problema da falta de moradias, dando casa de graça para todo mundo.
Os recursos financeiros do “Minha Casa, Minha Vida”, entretanto, são do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do trabalhador, que é quem de fato subsidia o programa. Isto nunca é divulgado. Parte do dinheiro vem da correção do FGTS abaixo dos índices de inflação, o que acarreta aos trabalhadores pesadas perdas; outra parte vem do lucro obtido por essa bilionária, que nunca foi dividido entre os reais donos.
Logo também estaremos sendo torpedeados por outra “forte campanha de mídia”, conforme anunciado pelo ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (PT-SP). A campanha será sobre a Copa do Mundo. Segundo o ministro, porque “a imprensa mente para caramba, criando uma visão parcial e destorcida”. Então, há necessidade do contribuinte saber “que a Copa do Mundo é boa para o Brasil”.
Com certeza não se falará das obras de infraestrutura que deixaram de ser executadas, daquelas que não serão entregues em tempo hábil, conforme prometido em cadernos de encargos, e muito menos do superfaturamento das arenas esportivas. Para eles estas questões são obras da “imprensa golpista”, dada aversão que têm às críticas.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Teatro das “zelites” políticas

Quando se trata de articulação para que todos falem uma mesma linguagem, em defesa dos interesses comuns, “nunca na história deste país” vimos tanta eficiência conforme a confraria petista. As articulações são feitas com tal desempenho e competência, que fazem renascer o teatro francês durante a Idade Média, quando as confrarias teatrais encenavam as pantomimas, farsas, milagres e mistérios.  


No período que antecedeu o julgamento do MENSALÃO o discurso uníssono petista foi o de que “o mensalão não existiu”. As provas acumuladas em milhares de folhas da Ação Penal nº 470 transformaram-se em um golpe, articulado pela “imprensa golpista”, pela oposição “raivosa” e pelas “zelites”, por não aceitarem a ascensão de um operário. Se esse discurso entrava em contradição com as próprias desculpas do ex-presidente Lula da Silva, pouca importava.

Esta semana, diante de tantas suspeições graves que se abateram sobre a maior empresa brasileira, a Petrobras, a história se repete; voltamos a assistir às velhas contradições dos fatos. Por “coincidência”, na terça-feira enquanto o ex-presidente Lula da Silva concedia entrevista a um time de blogueiros em São Paulo, em Brasília o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (PT-BA), reunia-se junto à bancada de deputados e senadores petistas, alinhando o discurso.

Para o ex-presidente Lula da Silva “o governo tem que ir para ofensiva e debater o assunto com força. Não pode admitir que as mentiras continuem prevalecendo”, como se todas as suspeições de irregularidades, inclusive com a prova de valores vultosos, fossem apenas ilações. Disse ainda que os petistas têm que “defender com unhas e dentes os fatos que acreditamos ser verdadeiros”.

E entre os fatos que eles “acreditam verdadeiros” é o de que “a Petrobras fez um bom negócio” ao comprar a refinaria de Pasadena, no Texas – EUA, da forma como instruiu o engenheiro Sérgio Gabrielli à bancada petista na reunião de terça-feira última. Assim, a entrevista de um e a explicação do outro se completam.

Com o mesmo ímpeto e determinação do MENSALÃO, a bancada e direção petistas partem agora da defesa para o ataque. Esta tática é a melhor arma para confundir a opinião pública desavisada. Aliás, eles sabem que a maioria dos brasileiros não tem conhecimento ou não entende com suficiente clareza esses fatos. Por isto, qualquer justificativa facilmente torna-se convincente.

Para os petistas e seus asseclas que formam a base aliada do governo a manutenção do poder não tem preço, porque ninguém quer deixar as suas mazelas. Agora mesmo estão expostas as relações escandalosas e promíscuas entre o deputado – ex - vice-presidente da Câmara - André Vargas (PT-PR) e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por movimentar vultosa soma de dinheiro da corrupção, que envolve inclusive o Ministério da Saúde.

Por fim, foi dada a largada para a ofensiva petista sobre todos os que querem a apuração dos fatos nebulosos que vêm sangrando a nossa Petrobras. Infelizmente, mais uma vez assistiremos o mesmo teatro, independente da criação ou não de uma CPMI, porque o que eles querem é a continuidade da instrumentalização política da Petrobras, da forma como vem ocorrendo nos últimos anos.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ignorância e golpismo

O socialismo bolivariano da Venezuela é hoje na América do Sul o maior exemplo de decadência econômica e política. Falta quase tudo de produtos básicos nos supermercados, o que obriga as pessoas a disputarem a tapas os produtos contingenciados, depois de enfrentarem filas quilométricas. A inflação real há tempo ultrapassa a casa dos 50%, enquanto a gasolina permanece congelada a preço irrisório. Em suma, os fundamentos econômicos foram colocados de lado, em favor do populismo.

O tabelamento de preços e a estatização de vários segmentos econômicos levaram o país a um verdadeiro caos. A Venezuela se desindustrializou e passou a depender da importação de quase tudo que consome. Enquanto jorrava altas divisas do petróleo o sistema se sustentava. Mas, com o aumento das importações e o excesso das chamadas “benevolências populistas”, a Venezuela vai se transformando em um país falido.

Na área política a situação é igualmente crítica.  Fala-se em democracia, porém a oposição é reprimida de todas as formas. Também não existe liberdade de imprensa, pois o regime bolivariano esfacelou o pensamento independente, intervindo ou fechando cada um de seus meios. Outro ponto crítico é a justiça totalmente atrelada à vontade do governo, de modo bem similar à justiça cubana.

Diariamente o mundo assiste os protestos que se espalharam pelas principais cidades venezuelanas. Nos últimos meses já foram contabilizados 39 mortes e centenas de opositores feridos. A repressão, entretanto, não está limitada a ação da polícia. Tem, ainda, a das milícias populares armadas, herança da era Hugo Chavéz para sustentação do poder.

Esta semana o Brasil recebeu a visita da deputada venezuelana Maria Corina Machada, recentemente cassada pela Assembléia Nacional e pelo Tribunal Supremo da Venezuela.  Segundo ela, em seu país “não há democracia, mas um regime que atua como uma ditadura”, por não respeitar as instituições e os direitos humanos.

A deputada Maria Corina criticou a passividade dos governos da América Latina diante das atrocidades cometidas pelo atual governo. Com propriedade disse ser “incompreensível que países que foram tão ativos nas crises políticas no Paraguai e Honduras, dêem as costas para a Venezuela”, da forma, aliás, como vem fazendo o governo brasileiro na atual crise daquele país.

Em tom de desabafo e apelo, disse ainda: - Quantas violações aos direitos humanos, quantos venezuelanos assassinados, perseguidos e torturados ainda temos que passar no país para que os democráticos do hemisfério escutem a nossa voz?

Embora os fatos relatados pela deputada possam ser comprovados, pela ampla liberdade de imprensa que usufruímos no Brasil - que inclusive preserva nossos valores democráticos -, a deputada Maria Corina foi interrompida no Senado Federal por manifestantes, que a chamavam de “golpista”. Por solidária ao vermelho, a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) contestou o vídeo apresentado pela deputada Corina, como se a Venezuela fosse um país maravilha.


Vimos em mais este episódio a repetição de cenas de ignorância e intolerância políticas, bem similares às da visita da blogueira cubana Yoani Sánchez ao Brasil. Estes manifestantes demonstram em seus atos que não estão nem aí para as questões dos direitos humanos; muito menos para os milhares de assassinatos da ditadura cubana, pois Cuba é o país que tanto eles cultuam.