Quando se trata de articulação para que todos falem uma mesma
linguagem, em defesa dos interesses comuns, “nunca na história deste país”
vimos tanta eficiência conforme a confraria petista. As articulações são feitas
com tal desempenho e competência, que fazem renascer o teatro francês durante a
Idade Média, quando as confrarias teatrais encenavam as pantomimas, farsas,
milagres e mistérios.
No período que antecedeu o julgamento do MENSALÃO o discurso
uníssono petista foi o de que “o mensalão não existiu”. As provas acumuladas em
milhares de folhas da Ação Penal nº 470 transformaram-se em um golpe,
articulado pela “imprensa golpista”, pela oposição “raivosa” e pelas “zelites”, por não aceitarem a ascensão de um operário. Se esse discurso entrava em contradição
com as próprias desculpas do ex-presidente Lula da Silva, pouca importava.
Esta semana, diante de tantas suspeições graves que se
abateram sobre a maior empresa brasileira, a Petrobras, a história se repete;
voltamos a assistir às velhas contradições dos fatos. Por “coincidência”, na
terça-feira enquanto o ex-presidente Lula da Silva concedia entrevista a um
time de blogueiros em São Paulo, em Brasília o ex-presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli (PT-BA), reunia-se junto à bancada de deputados e senadores
petistas, alinhando o discurso.
Para o ex-presidente Lula da Silva “o governo tem que ir para
ofensiva e debater o assunto com força. Não pode admitir que as mentiras
continuem prevalecendo”, como se todas as suspeições de irregularidades, inclusive
com a prova de valores vultosos, fossem apenas ilações. Disse ainda
que os petistas têm que “defender com unhas e dentes os fatos que acreditamos
ser verdadeiros”.
E entre os fatos que eles “acreditam verdadeiros” é o de que
“a Petrobras fez um bom negócio” ao comprar a refinaria de Pasadena, no Texas –
EUA, da forma como instruiu o engenheiro Sérgio Gabrielli à bancada petista na
reunião de terça-feira última. Assim, a entrevista de um e a explicação do
outro se completam.
Com o mesmo ímpeto e determinação do MENSALÃO, a bancada e
direção petistas partem agora da defesa para o ataque. Esta tática é a melhor
arma para confundir a opinião pública desavisada. Aliás, eles sabem que a
maioria dos brasileiros não tem conhecimento ou não entende com suficiente
clareza esses fatos. Por isto, qualquer justificativa facilmente torna-se
convincente.
Para os petistas e seus asseclas que formam a base aliada do
governo a manutenção do poder não tem preço, porque ninguém quer deixar as suas
mazelas. Agora mesmo estão expostas as relações escandalosas e promíscuas entre
o deputado – ex - vice-presidente da Câmara - André Vargas (PT-PR) e o doleiro
Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por movimentar vultosa soma de
dinheiro da corrupção, que envolve inclusive o Ministério da Saúde.
Por fim, foi dada a largada para a ofensiva petista sobre
todos os que querem a apuração dos fatos nebulosos que vêm sangrando a nossa
Petrobras. Infelizmente, mais uma vez assistiremos o mesmo teatro, independente
da criação ou não de uma CPMI, porque o que eles querem é a continuidade da
instrumentalização política da Petrobras, da forma como vem ocorrendo nos
últimos anos.
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