sexta-feira, 11 de abril de 2014

Teatro das “zelites” políticas

Quando se trata de articulação para que todos falem uma mesma linguagem, em defesa dos interesses comuns, “nunca na história deste país” vimos tanta eficiência conforme a confraria petista. As articulações são feitas com tal desempenho e competência, que fazem renascer o teatro francês durante a Idade Média, quando as confrarias teatrais encenavam as pantomimas, farsas, milagres e mistérios.  


No período que antecedeu o julgamento do MENSALÃO o discurso uníssono petista foi o de que “o mensalão não existiu”. As provas acumuladas em milhares de folhas da Ação Penal nº 470 transformaram-se em um golpe, articulado pela “imprensa golpista”, pela oposição “raivosa” e pelas “zelites”, por não aceitarem a ascensão de um operário. Se esse discurso entrava em contradição com as próprias desculpas do ex-presidente Lula da Silva, pouca importava.

Esta semana, diante de tantas suspeições graves que se abateram sobre a maior empresa brasileira, a Petrobras, a história se repete; voltamos a assistir às velhas contradições dos fatos. Por “coincidência”, na terça-feira enquanto o ex-presidente Lula da Silva concedia entrevista a um time de blogueiros em São Paulo, em Brasília o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (PT-BA), reunia-se junto à bancada de deputados e senadores petistas, alinhando o discurso.

Para o ex-presidente Lula da Silva “o governo tem que ir para ofensiva e debater o assunto com força. Não pode admitir que as mentiras continuem prevalecendo”, como se todas as suspeições de irregularidades, inclusive com a prova de valores vultosos, fossem apenas ilações. Disse ainda que os petistas têm que “defender com unhas e dentes os fatos que acreditamos ser verdadeiros”.

E entre os fatos que eles “acreditam verdadeiros” é o de que “a Petrobras fez um bom negócio” ao comprar a refinaria de Pasadena, no Texas – EUA, da forma como instruiu o engenheiro Sérgio Gabrielli à bancada petista na reunião de terça-feira última. Assim, a entrevista de um e a explicação do outro se completam.

Com o mesmo ímpeto e determinação do MENSALÃO, a bancada e direção petistas partem agora da defesa para o ataque. Esta tática é a melhor arma para confundir a opinião pública desavisada. Aliás, eles sabem que a maioria dos brasileiros não tem conhecimento ou não entende com suficiente clareza esses fatos. Por isto, qualquer justificativa facilmente torna-se convincente.

Para os petistas e seus asseclas que formam a base aliada do governo a manutenção do poder não tem preço, porque ninguém quer deixar as suas mazelas. Agora mesmo estão expostas as relações escandalosas e promíscuas entre o deputado – ex - vice-presidente da Câmara - André Vargas (PT-PR) e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por movimentar vultosa soma de dinheiro da corrupção, que envolve inclusive o Ministério da Saúde.

Por fim, foi dada a largada para a ofensiva petista sobre todos os que querem a apuração dos fatos nebulosos que vêm sangrando a nossa Petrobras. Infelizmente, mais uma vez assistiremos o mesmo teatro, independente da criação ou não de uma CPMI, porque o que eles querem é a continuidade da instrumentalização política da Petrobras, da forma como vem ocorrendo nos últimos anos.

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