O socialismo bolivariano da Venezuela é hoje na América do
Sul o maior exemplo de decadência econômica e política. Falta quase tudo de
produtos básicos nos supermercados, o que obriga as pessoas a disputarem a
tapas os produtos contingenciados, depois de enfrentarem filas quilométricas. A
inflação real há tempo ultrapassa a casa dos 50%, enquanto a gasolina permanece
congelada a preço irrisório. Em suma, os fundamentos econômicos foram colocados
de lado, em favor do populismo.
O tabelamento de preços e a estatização de vários segmentos
econômicos levaram o país a um verdadeiro caos. A Venezuela se
desindustrializou e passou a depender da importação de quase tudo que consome.
Enquanto jorrava altas divisas do petróleo o sistema se sustentava. Mas, com o
aumento das importações e o excesso das chamadas “benevolências populistas”, a
Venezuela vai se transformando em um país falido.
Na área política a situação é igualmente crítica. Fala-se em democracia, porém a oposição é
reprimida de todas as formas. Também não existe liberdade de imprensa, pois o
regime bolivariano esfacelou o pensamento independente, intervindo ou fechando
cada um de seus meios. Outro ponto crítico é a justiça totalmente atrelada à
vontade do governo, de modo bem similar à justiça cubana.
Diariamente o mundo assiste os protestos que se espalharam
pelas principais cidades venezuelanas. Nos últimos meses já foram contabilizados
39 mortes e centenas de opositores feridos. A repressão, entretanto, não está
limitada a ação da polícia. Tem, ainda, a das milícias populares armadas,
herança da era Hugo Chavéz para sustentação do poder.
Esta semana o Brasil recebeu a visita da deputada venezuelana
Maria Corina Machada, recentemente cassada pela Assembléia Nacional e pelo
Tribunal Supremo da Venezuela. Segundo
ela, em seu país “não há democracia, mas um regime que atua como uma ditadura”,
por não respeitar as instituições e os direitos humanos.
A deputada Maria Corina criticou a passividade dos governos
da América Latina diante das atrocidades cometidas pelo atual governo. Com
propriedade disse ser “incompreensível que países que foram tão ativos nas
crises políticas no Paraguai e Honduras, dêem as costas para a Venezuela”, da
forma, aliás, como vem fazendo o governo brasileiro na atual crise daquele
país.
Em tom de desabafo e apelo, disse ainda: - Quantas violações
aos direitos humanos, quantos venezuelanos assassinados, perseguidos e
torturados ainda temos que passar no país para que os democráticos do
hemisfério escutem a nossa voz?
Embora os fatos relatados pela deputada possam ser
comprovados, pela ampla liberdade de imprensa que usufruímos no Brasil - que
inclusive preserva nossos valores democráticos -, a deputada Maria Corina foi
interrompida no Senado Federal por manifestantes, que a chamavam de “golpista”.
Por solidária ao vermelho, a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) contestou o
vídeo apresentado pela deputada Corina, como se a Venezuela fosse um país
maravilha.
Vimos em mais este episódio a repetição de cenas de
ignorância e intolerância políticas, bem similares às da visita da blogueira
cubana Yoani Sánchez ao Brasil. Estes manifestantes demonstram em seus atos que
não estão nem aí para as questões dos direitos humanos; muito menos para os
milhares de assassinatos da ditadura cubana, pois Cuba é o país que tanto eles
cultuam.
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