A crise econômica que ora se agrava em países da zona do Euro, com maior intensidade sobre a Grécia, é uma crise há tempo anunciada. Isto porque a maioria destes países vem se endividando há anos, cumulativamente, de modo que era plenamente previsível que a situação chegaria a patamares não mais sustentáveis.
A causa de qualquer endividamento é sempre a realização de gastos acima da capacidade de pagamento. As conseqüências: necessidade de medidas corretivas – e impopulares - que afetam toda a sociedade. Assim, todos pagam um preço, que pode ser maior ou menor, em decorrência do grau de endividamento.
O exemplo que agora vem da Grécia é a demissão de 30 mil funcionários públicos, a redução de salários, o corte de benefícios concedidos ao longo do tempo, recessão e desemprego - todos os dias há greves e manifestações nas ruas. Segundo o próprio ministro da Economia, Michalis Chryssohoidis, a situação do país “é bastante desesperadora”.
Assim, vemos agora, com tristeza, o povo grego pagar pela sua omissão e pela irresponsabilidade de seus governantes. Muitos dos problemas atuais são decorrentes da falta de critérios na efetivação das despesas, como também de gastos improdutivos, tal como o pagamento de juros.
Esta situação nos mostra a importância da participação política da sociedade, para vigilância sobre os governos. Ao governante não cabe ser “bonzinho”, tem que ser justo e eficiente.
Aqui no Brasil, há poucos anos, vários estados e municípios passaram por processo semelhante ao que ora ocorre na zona do Euro. Muitos deles perderam a capacidade de realizar qualquer investimento. Graças à Lei de Responsabilidade Fiscal, criada com a oposição do PT e do atual vice-presidente Michel Temer, essa situação pôde ser revertida.
Esta Lei é considerada como um dos principais pilares de sustentação da estabilidade e do desenvolvimento no nosso país. Seguramente, hoje ela é imprescindível para o equilíbrio das contas dos estados e municípios.
No entanto, temos ainda que realizar uma série de reformas e combater a institucionalização de privilégios. Neste aspecto, a presidenta Dilma Rousseff poderá assumir importância fundamental, se mantiver a determinação para enfrentar as corporações de Brasília, da maneira como vem demonstrando.
Um bom teste será o aumento proposto pelo Judiciário, que se efetivado elevará os supersalários (salários acima do teto de R$ 26,7 mil/mês) de quase 4 mil servidores. Outro será o encaminhamento ao Congresso Nacional de Projeto de Lei limitando estes supersalários, que resultam de “jeitinhos”, burlando os princípios da nossa Constituição Federal.
Infelizmente, temos aqui exemplos demais da utilização de recursos públicos de forma incompatível com as reais necessidades do país, isto sem falar nos desperdícios e na corrupção endêmica. Então, vale a pena estarmos atentos, para evitar no nosso futuro o momento atual da Grécia.
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