sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tolerância com o mal feito

Depois de interromper a faxina para esconder a herança maldita recebida de Lula da Silva e agradar ao PT e seus aliados, a presidenta Dilma se mostra tolerante frente a mais um escândalo em seu governo. Desta vez no Ministério do Esporte -lote do PCdoB - envolvendo diretamente o ministro Orlando Silva.
A suspeição de irregularidades naquele ministério não é um fato novo. O Tribunal de Contas de União vem apontando irregularidades desde a gestão de Agnelo Queiroz (2003 a 2006), quando Orlando Silva respondia pela Secretaria Geral do ministério, ainda no primeiro governo de Lula da Silva. Por esta razão, Agnelo Queiroz atualmente responde a inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Também não é fato novo o desvio de recursos públicos através de ONG’s de fachada, sem capacidade técnica para execução dos programas para os quais são contratadas. Por que tantas ONG’s no governo?
A situação se tornou tão alarmante, que a todo dia a Controladoria Geral da União (CGU) tem intercedido pela devolução de dinheiro de contratos irregulares com as ONG’s. No Ministério do Esporte há quase uma centena de contratos sob investigação, que soma R$ 64 milhões.
Mas no contexto geral esta situação é pior ainda, haja vista que em 2010 (último ano do governo de Lula de Silva e da eleição da presidenta Dilma) foram destinados a cem mil ONG’s R$ 5,4 bilhões, contra R$ 1,9 bilhão em 2004, conforme matéria publicada nesta semana em “O Estado de São Paulo”.
Além dos prejuízos gerados aos brasileiros nesse processo endêmico de corrupção, há ainda os prejuízos morais contra as instituições do país, inclusive às próprias ONG’s. Muitas delas têm relevantes serviços prestados às comunidades onde atuam, empregando voluntariados dedicados e honestos.
Então, diante da gravidade das denúncias e das evidências de corrupção no Ministério do Esporte, esperava-se da presidenta Dilma Rousseff o afastamento imediato de Orlando Silva e a apuração do caso. Ele está sob suspeição há tempo e tem que provar, fora do governo, que é inocente. Aliás, falta a ele provar que também tem competência para continuar no cargo, pois ainda não provou.
Hoje a posição de Orlando Silva é insustentável, independente dos aplausos do PT e de seus aliados na Câmara de Deputados e do Senado. Esses aplausos só servem para mostrar a pequenez da nossa política e o tamanho da conivência entre os políticos. As suspeições sobre Orlando Silva é caso de polícia e da justiça, da mesma forma que a de seu antecessor, Agnelo Queiroz.
Não é sem motivo que Roberto Gurgel, procurador geral da República, anunciou ao país que abrirá inquérito para investigar as denúncias de corrupção contra o ministro. Se for a fundo, certamente esse inquérito mostrará a necessidade da faxina.
O ministro, no entanto, parece tão inebriado pelo poder que não se dá conta da insustentabilidade da sua situação. Diz que “querem tirar o ministro no grito”, ora defendendo-se, ora atirando de todas as formas. Agarra-se por onde pode. Lamentável! Simplesmente, Lamentável!
O PCdoB, por sua vez, também não quer perder o seu quinhão no loteamento do governo. Da mesma forma que a moda "à La PT" agora a culpa é da imprensa “golpista”. Pobre, muito pobre essa nossa política, com os interesses individuais e partidários acima dos anseios sociais e do desenvolvimento humano.  

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