Creio que foi ao final do ano passado, no programa “Globo
News Dossiê”, que o ex-guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos
Eugênio Paz, de codinome Clemente no mundo da guerrilha, confessou publicamente
ter participado no assassinato de um “cumpanheiro”. A vítima, Márcio Leite de
Toledo, então com 26 anos, havia treinado guerrilha em Cuba. No Brasil,
clandestinamente, fazia parte da Coordenação Nacional da ALN.
O motivo alegado foi de que Márcio era uma ameaça à cúpula da
guerrilha, quando na realidade ele queria abandonar a ALN, talvez pelo próprio
medo de ser morto pela repressão do regime militar. Na época, para Carlos
Eugênio, e mais três “cumpanheiros” que participaram do assassinato, a ameaça
não passava de uma mera suposição. É fato que eles fizeram o julgamento do
Márcio, como juízes e testemunhas, condenando-o à pena de morte.
Na entrevista à Globo News, Carlos - o ex-Clemente - disse
reconhecer que esse ato não teve “nada glorioso”, justificando a razão de
quebrar o silêncio, como exemplo aos militares que participaram de atos de
exceção. Por sua ótica, também os militares deveriam relatar à Comissão da
Verdade os seus atos.
Márcio Leite de Toledo era um ex-estudante de sociologia.
Morreu baleado nas ruas de São Paulo, depois de uma emboscada, sem qualquer
direito de defesa.
Junto a seu corpo foi deixada a sentença, na forma de
panfletos, com os seguintes dizeres: Uma organização revolucionária em guerra
declarada, não pode permitir uma defecção desse grau em suas fileiras.
A Lei nº 6.687, de 28 de agosto de 1979, chamada Lei da
Anistia, promulgada pelo general João Figueiredo, último presidente militar, já
nos anos de abertura da política, beneficiou tanto os guerrilheiros que
praticavam ações terroristas, como também os militares que praticaram exceções
no período.
Esta Lei resultou do clamor popular e da mobilização de toda
a sociedade civil, eclesiástica e até mesmo de algumas dissidências militares
por “uma anistia ampla, geral e irrestrita”. Desta forma, ela é um marco da
transição entre o sistema autoritário implantado em 1964 e o regime de
liberdade de direitos, democrático, no qual atualmente vivemos.
Hoje, no entanto, muitos dos ex-guerrilheiros, que pegaram em
armas para impor ao Brasil, pela força, o regime Comunista, querem passar para
história como heróis. Muitos deles ainda se julgam responsáveis pela abertura
do sistema, mesmo na clandestinidade ou no exílio. Mas verdadeiros heróis foram
os que resistiram aqui mesmo. Somente com a arma da voz e das ruas romperam o
sistema.
Felizmente, desde a queda do muro de Berlim, no século
passado, o comunismo fragmentou-se pelo atraso e autofagia do próprio sistema.
Nesse processo a presença ativa de uma burguesia de estado, a falta de
liberdade dos cidadãos, o materialismo imposto nos bancos das escolas, a
coerção da liberdade de pensamento e de informação, entre outras restrições dos
direitos universais.
Ficou definitivamente provado para o mundo, com os exemplos
dos países da antiga cortina de ferro, da Europa Oriental, que o comunismo é
definitivamente um regime autoritário e restritivo da liberdade, imposto pela
força.
Então, temos que aceitar o capitalismo da forma como ele nos
apresenta? Definitivamente, também não!
Um sistema mais humano e realmente democrático só será
alcançado pela educação em massa. Mas educação de qualidade, com capacidade de
transformação e de indução ao pensamento crítico. É deste tipo de educação que
os governos populistas têm medo, porque para eles o povo só serve como
instrumentos de manobras.
Daí o seu marketing político, que não ensina a pensar.
Serve-se sempre dos mesmos chavões, tal como papagaios ensinados a repetir a
mesma cantilena.
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