Em todo o mundo democrático os cientistas políticos têm
atribuído o maior peso na continuidade dos governos ao desempenho da economia.
No Brasil não tem sido diferente. Assim, nas últimas eleições, a primeira
vitória de Fernando Henrique Cardoso (FHC) deveu-se ao Plano Real; a reeleição,
à estabilidade da economia. Já Lula da Silva teria sido beneficiado em sua
primeira vitória, pelas crises externas que fragilizaram os últimos anos do
segundo governo de FHC.
Durante o primeiro mandato de Lula da Silva a economia
brasileira começou a navegar em céu de brigadeiro. Os preços de nossas
commodities aumentaram como nunca, favorecendo as exportações e a acumulação de
expressiva reserva cambial. É lógico que o sucesso se deve muito mais à
eficiência do agronegócio e dos resultados da Cia Vale do Rio Doce (depois de
privatizada), do que das políticas empreendidas pelo governo.
Nas últimas eleições, quando a presidente Dilma Rousseff
venceu José Serra, o Brasil ainda vivia à sombra da euforia do “sucesso”,
propagado “como nunca antes na história deste país”, com toda ênfase midiática.
No entanto, em vez de poupar para os tempos de vacas magras, da forma como
manda a prudência, o governo continuou com a gastança.
Então, a marolinha não tardou a se mostrar um tsunami, que
desaguou no governo de Dilma Rousseff. Hoje, por mais que o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma digam que a situação econômica do
Brasil está estabilizada e controlada, os números dizem justamente o contrário.
E o ditado popular diz o seguinte: os números não mentem.
Quando a questão é desenvolvimento econômico, é quase
unanimidade entre os especialistas que este ano o Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil não chegará a crescer 1%. Nossa média histórica de crescimento é de
4,4% ao ano. Deste modo, o governo de Dilma Rousseff será marcado pelo terceiro
menor PIB da história, só perdendo para os governos de Floriano Peixoto, na
Velha República, e o de Fernando Collor de Mello, quando o país amargou uma
queda no PIB de 7,5% e 1,3%, respectivamente.
Outro ponto importante é o descontrole das contas públicas.
Esta semana o Banco Central (BC) divulgou que em agosto o déficit primário das
contas públicas foi de R$ 14,260 bilhões, o pior resultado para o mês da série
histórica, desde que o indicador foi criado em 2001. De acordo com o BC “esta
também é a primeira vez que se registra déficit no resultado do setor público
por quatro meses consecutivos”.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu
relatório trimestral “Panorama da Economia Mundial”, em 2013 o Brasil tornou-se
o país emergente com o maior déficit externo do mundo, ao apresentar um rombo
de US$ 81,0 bilhões nas transações com o resto do mundo, o que equivale a 3,6%
do PIB. Também é o terceiro país com o maior nível de endividamento externo
(US$ 750 bilhões), perdendo apenas para os Estados Unidos e a Espanha.
Quanto à dívida interna bruta, esta mais que triplicou
durante o governo petista, atingindo no último mês de agosto o montante de R$
3,03 trilhões, ou 60% do PIB. Para piorar, a inflação ultrapassou o limite
máximo da meta fixada pelo BC (de 6,5% ao ano) e já alcança quase 7%, nos
últimos 12 meses.
Com tantos dados negativos chega-se à conclusão de que os
cientistas políticos deverão repensar as suas teses, haja vista o alto índice
de aprovação do governo e a manutenção do primeiro lugar nas pesquisas de
intenção de voto da candidata-presidente Dilma Rousseff, não obstante à
desastrosa gestão da economia em seu mandato.
Talvez os cientistas políticos devessem considerar como
variáveis, pelo menos para os países com baixo nível e qualidade da educação, a
força do marketing político e da desinformação. Só assim seria justificado o
resultado tão bom para um governo tão pífio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário