quinta-feira, 30 de abril de 2015

Navegando em mar turbulento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na última quarta-feira o relatório nominado “Perspectiva Econômica Regional: Hemisfério Ocidental”, no qual expressa que “o Brasil estará passando por sua desaceleração mais grave em mais de duas décadas”, ratificando a opinião de inúmeros analistas. A previsão é de que o nosso Produto Interno Bruto (PIB) encolherá 1% este ano, devido ao descontrole das contas públicas e inflação ascendente, que tornaram imperativo um rearranjo da economia
A atual crise já se faz sentir na diminuição da produção, dos empregos e da capacidade de compra dos trabalhadores, como também no grau de confiança dos investidores e consumidores, entre muitos outros indicadores. Para consertar os estragos das negligências cometidas no passado só há um remédio: o aperto na política monetária e na política fiscal, ora conduzidas pela equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Paralelo à recessão, o FMI projeta um crescimento da dívida bruta brasileira (soma da dívida interna e externa) para 66,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ao final de 2015. A previsão é de que somente a partir de 2017, mantidos os ajustes monetários e fiscais, que a dívida bruta começará a cair paulatinamente. A título de comparação, convém mencionar, que em 2011, quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o primeiro mandato, a dívida bruta brasileira era de 61,2% do PIB.
Mas, pior do que o descontrole da dívida bruta é o descrédito no qual o governo vivia junto ao mercado e organismos internacionais, pela política empreendida na gestão do ex-ministro Guido Mantega, devido à manipulação das contas públicas para melhorar o superávit primário - a chamada “contabilidade criativa”. Por isto, hoje ninguém leva em conta os resultados da dívida liquida. Daí a necessidade de um esforço maior do ministro Joaquim Levy para recuperar a credibilidade perdida.
Hoje o próprio ministro Levy demonstra ciência das dificuldades que terá pela frente, a começar pela resistência do partido majoritário, o PT, e seus fiéis escudeiros da esquerda retrógrada.
Por isto, em audiência na Câmara dos Deputados, nas Comissões de Finanças e Tributação, e de Desenvolvimento e Econômico e de Trabalho, realizada na também na última quarta-feira, o ministro defendeu veementemente os ajustes fiscais em curso. Segundo ele o Brasil está mais próximo do grau especulativo do que do grau de investimento. O risco de perder o investimento é grande hoje e muito menor do que quando cheguei ao governo. É indubitável que o governo deve a ele o pouco de credibilidade até aqui alcançada. 
Sabe-se, todavia, que o caminho a percorrer não será nada fácil e que o ministro terá muitos obstáculos pela frente. Além da resistência política às adequações necessárias, há todo o resíduo dos estragos feitos na economia no período anterior. Ainda nesta semana o Tesouro Nacional informou que o superávit primário do Governo Federal (sem computar o pagamento dos juros da dívida pública) foi de apenas R$ 4,48 bilhões, o menor saldo trimestral dos últimos 17 anos. 
Para que possamos avaliar o tamanho do problema, basta comparar o resultado acima ao montante de juros pagos no trimestre, que alcançou a cifra de R$ 130, 696 bilhões. Uma diferença enorme!

Há um velho adágio que diz: “com economia não se brinca”. Mas, ao contrário do que seria uma política de Estado, nos últimos 12 anos o governo petista preferiu o caminho fácil do populismo, dizendo que todos os nossos problemas estavam resolvidos. Resta-nos, agora, o pagamento da conta, que pelo andar da carruagem levará um bom tempo.

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