A energia
elétrica no Brasil já acumula um aumento de 60,42% nos últimos 12 meses,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O principal
fator desse acréscimo é a necessidade de utilização das usinas térmicas, devido
à escassez de chuva nas regiões dos grandes reservatórios, o que tem afetado a
geração de energia hidroelétrica, de custo muito mais baixo. E não há previsão
para que essa situação seja normalizada, pelo menos a curto e médio prazo.
Também,
segundo o IBGE, o aumento da energia elétrica é um dos principais componentes na
elevação da inflação este ano. Só no mês
de março este item contribuiu com 53,79% no aumento do IPCA. Isto elevou a
inflação nos últimos 12 meses para 8,13% - maior índice nos últimos 20 anos para
o mês de março. A meta central da inflação fixada pelo próprio governo é de 4,5%
ao ano. Portanto, a inflação encontra-se muito acima da meta, ocasionando aumento
de preços em cadeia no conjunto da economia.
É sempre bom
recordar, que na pré-campanha à presidência da República a então
candidata-presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) anunciou em cadeia nacional de rádio
e televisão a redução no valor da energia elétrica em 18% para as residências e
32% para as indústrias. Usando o teleprompter
e perfeitamente maquiada pelo marketing político, a presidente-candidata enfatizou
em seu pronunciamento à nação, que:
O Brasil vai
ter energia cada vez melhor e mais barata. Isso significa que o Brasil tem e
terá energia mais que suficiente para o presente e futuro, sem nenhum risco de
racionamento ou qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo
prazo.
Então, para
completar o misancene, ainda afirmou que o Brasil vive uma situação segura e que o nosso macro sistema de geração e
distribuição de energia é um dos mais
seguros do mundo. Claro que não faltaram críticas aos pessimistas, aos que são do
contra, pois pelas palavras pré-eleitorais da presidente, o Brasil está cada vez maior e imune a ser
atingido por previsões alarmistas.
Passadas as
eleições, entretanto, a realidade agora é sombria. Inflação alta, contas
públicas descontroladas, aumentos de impostos e dos juros, economia em recessão
e desemprego. Enquanto o mundo crescia e os preços das nossas commodities
subiam impulsionados pelo consumo da China, tudo era motivo para comemorações e
discursos ufanistas. Mas, na escuridão, as estatais e os ministérios eram dilapidados,
de forma bem similar ao que tem demonstrado a operação Lava-Jato na Petrobras.
O dinheiro fácil
entrava e saía pelos ralos da corrupção e dos desperdícios, sem contar o aparelhamento
do Estado e das estatais, com cargos e mais cargos e ainda mais ministérios. Para piorar a meritocracia foi colocada de
lado, em favor do compadrio e do fisiologismo, tão fortes que abarcaram as mais
heterogêneas correntes políticas, aniquilando inclusive a oposição democrática.
Por isto, agora as famílias e as empresas fazem o pagamento da conta.
O aumento
estratosférico da energia elétrica no Brasil sintetiza a dimensão da crise
econômica. Agora resta-nos concordar com diversos especialistas, que dão como
certo que teremos uma nova década perdida, nos mesmos moldes que nos anos
oitenta. A previsão de crescimento do Brasil para esta década já é muito menor
que a média estimada para os nossos vizinhos e o mundo.
E não
podemos culpar a crise externa por nossos fracassos se não fizemos o dever de
casa. A economia global dá fortes sinais de recuperação e de um novo ciclo de
crescimento, enquanto o Brasil caminha em sentido inverso. Se não aproveitamos as
oportunidades passadas não devemos culpar os outros, senão à nossa própria incompetência.
Isto tem nome e sobrenome, como também tem um criador e a sua criatura.
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