sexta-feira, 17 de abril de 2015

Está tudo dominado, ou não?

Mal terminou o barulho das manifestações de 15 de março e de 12 de abril, quando milhares de brasileiros foram às ruas expressar o descontentamento com a corrupção e os rumos da política, o parlamento e o governo dão sinais claros de que continuam com as costas viradas ao povo brasileiro, que clama por mudanças. E não são poucas as evidências no curso dos últimos dias, que denotam o afastamento dos políticos à vontade da maioria, que ainda sonha com um país mais descente e mais justo.
Um sinal claro deste despautério foi a derrocada simultânea de duas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI’s) no Senado Federal: a do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a dos Fundos de Pensão. A retirada das assinaturas de cinco senadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB), por interferência do senador João Capiberibe (PSB-AP), e uma do Partido Progressista (PP), inviabilizou a instalação das duas CPI’s que investigariam possível desvio de recursos, também em ordem bilionária.
Fez-se, assim, a vontade do governo, que atordoado pela operação Lava-Jato, e com a reação pública aos malfeitos realizados pelo PT e aliados na Petrobras, tudo tem feito para evitar uma nova CPI.
Segundo nota dos socialistas, o principal motivo para a retirada das assinaturas é que um número grande de CPI’s dispersa o trabalho do Senado Federal, enfraquece a investigação, desviando as atenções do debate das grandes questões nacionais, como a reforma política e a construção de um novo pacto federativo”. Uma história assemelhada aos contos da carochinha, ou, se preferirem, uma história para boi dormir.
A questão é que depois da morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) uma corrente dos socialistas, liderada pela facção do senador Capiberibe, queria a adesão à candidatura da presidente Dilma Rousseff, contra a de Marina Silva (PSB-AC). Agora essa mesma corrente negocia o retorno do PSB à base do governo, em favor da obtenção das benesses e do fisiologismo. E a hora mostra-se oportuna, porque o PSB poderá evitar um possível pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Com relação à CPI da Petrobras, em curso na Câmara dos Deputados, há também claros sinais de que tudo acabará em pizza. A nomeação do ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo mostrou-se a gosto do deputado dito “rebelde” Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, e de Michel Temer (PMDB-SP), vice-presidente da República, acumulando a coordenação política do governo.
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), por seu turno, roga-se de descontente, aproveitando-se da vulnerabilidade atual da presidente Dilma Rousseff. Com a saída de seu apadrinhado Vinícius Lages do Ministério do Turismo, Renan agora faz-se de estadista dizendo não “aceitar barganha” e que “é fundamental a reforma do Estado para que essas coisas deixem de acontecer”. Observa-se, todavia, que lá na frente a situação política poderá aumentar o valor de troca.
Entretanto, as denúncias contra o PT e governo não param. A prisão de João Vaccari Neto, secretário de Finanças e Planejamento do partido, pela Polícia Federal, foi um banho de água fria. E por mais que a presidente se esforce será quase impossível descolar o seu governo deste fato. A proeminência de Vaccari e a defesa empreendida em seu favor pelas lideranças petistas não serão facilmente esquecidas.

Mas o governo não medirá esforços para impedir o pedido de impeachment da presidente, acreditando que as manifestações populares serão arrefecidas. Contudo, a crise política está instalada. 

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