Após a
independência do Brasil, os portugueses continuavam a dominar o império, a
começar pelo círculo em volta do imperador D. Pedro I, que também nascera em
Portugal. O mesmo acontecia em todas as províncias, onde os portugueses
ocupavam os melhores cargos do governo, dominavam as atividades dos serviços
e do comércio e detinham as melhores patentes das tropas de primeira linha.
Tudo isso motivava enorme insatisfação dos brasileiros.
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Ao término
da Guerra da Cisplatina, em 1828, o Brasil entrou em um período de crise,
devido ao endividamento com a guerra. O derrame de moedas falsas de cobre e o
aumento no custo de vida avultaram ainda mais a impopularidade de D. Pedro I
junto aos brasileiros. Estes culpavam os portugueses, que apoiavam o imperador,
pela carestia e todos os males do império.
As rusgas
entre brasileiros e lusitanos acabaram por deflagrar violentos conflitos de
rua, principalmente no Rio de Janeiro, até que no dia 5 de abril de 1831 D.
Pedro I decide destituir o “ministério de brasileiros”, nomeado pouco dias
antes para amenizar a crise. A nomeação de ex-ministros impopulares da
aristocracia lusa acende o estopim que faltava para tornar incontrolável os
protestos.
Na manhã do
dia 6 de abril, brasileiros de todas as classes começam a afluir pelas
principais ruas do Rio de Janeiro em manifestações, concentrando-se depois no
Campo de Sant’Anna, onde intensificaram os protestos contra D.Pedro I.
Entretanto, o imperador, resoluto, não cede às pressões para restituir o
ministério deposto. Por fim, a própria Guarda de Honra e o Batalhão do
Imperador também se rebelam. Enfraquecido, na madrugada do dia 7 de abril D.
Pedro renuncia em favor de seu filho, o príncipe Pedro de Alcântara, então com
5 anos de idade.
Inicia-se,
assim, o período das Regências, que segundo Bóris Fausto foi “dos mais agitados
da história política do país e também dos mais importantes”, porque contribuiu
efetivamente para a formação de uma identidade nacional e garantiu a
integridade territorial do Brasil.
O primeiro
período da Regência é chamado de Regência Trina Provisória. Este período é
de curta duração - se estende de 7 de abril a 17 de junho de 1831. Nele há a
reintegração do “ministério dos brasileiros” e a retirada dos
estrangeiros não naturalizados do Exército. O segundo período é o da Regência
Trina Permanente, que se estende até 12 de outubro de 1835. Inicia-se, então,
as Regências Umas do padre Diogo Antônio Feijó, que irá até 19 de setembro de
1837, e a de Pedro de Araújo Lima, que se encerra em 23 de julho de 1840, quando
é declarada a maioridade de D. Pedro II.
No campo
político, a corrente hegemônica no período das Regências foi a dos liberais
moderados, liderada pelo carioca Evaristo da Veiga, editor do mais influente
jornal da época, o “Aurora Fluminense”. Os liberais moderados defendiam o
cumprimento da Constituição. Ao lado de Evaristo da Veiga destacam-se o
paulista padre Feijó e do mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos. Do lado
oposto encontravam-se duas correntes: a dos liberais exaltados, que pretendiam
reformas mais radicais, como ampliar os poderes das províncias e limitar
o poder do imperador, e a dos restauradores, que pregavam a volta de D. Pedro
I.
No período
regencial irrompeu uma série de levantes militares, rebeliões e insurreições
populares por várias regiões do país, algumas delas com fins republicanos e
separatistas. A Revolução Farroupilha, na então província de São Pedro do Rio
Grande do Sul (1835-1845); a Cabanagem, na então província do Grão- Pará
(1835-1840); a Sabinada, na Bahia (1837-1838); e a Balaiada, no Maranhão
(1838-1840) chegaram a ameaçar a integridade do território nacional e o
Império.
Estes
movimentos foram sufocados pelas forças leais ao governo, com o apoio da Guarda
Nacional (corporação armada de cidadãos), criada em 1831 para manutenção da
ordem nas províncias. É dessa ebulição social que começa a construção da
identidade nacional e a formação de nossa própria historiografia. Até então a
história do Brasil era ainda a história de Portugal.
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