sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Refazendo o discurso para consertar os estragos

Por mais que o governo petista venha maquiando os acontecimentos à sua ótica, da forma como tem feito a chamada “contabilidade criativa”, para “melhorar” (Claro, apenas pela aparência!) o resultado das contas públicas, não dá para mudar a realidade. E os números demonstram que a situação macroeconômica do Brasil foi de mal a pior nos últimos quatro anos da gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, com intervenções diretas da presidente Dilma Rousseff.

Não é por outro motivo que atualmente Guido Mantega seja um ex-ministro morto no cargo, mas com o prêmio de consolação de vir a ser indicado para representar o Brasil em algum organismo no estrangeiro, “pelos bons serviços prestados”. Quem sabe no novo Banco de Desenvolvimento, recentemente criado pelos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), onde o Brasil ocupará a presidência do Conselho de Administração?

Como “bons serviços”, lembremos de algumas pérolas de Guido Mantega: das previsões do crescimento econômico (do PIB), sempre muito aquém da realidade; da afirmação de que “a confiança externa no Brasil cresceu”, no momento em que a classificação de risco Brasil aumentava; de que “o resultado das eleições mostrou que o brasileiro está satisfeito com a política econômica”, enquanto mais de 60% dos eleitores votaram na oposição ou deixaram de votar no governo.

Entretanto, a passagem de Guido Mantega pelo Ministério da Fazenda deixa uma marca indelével e que não deve ser esquecida: o rumo ao caos em que a economia brasileira adernou ao seguir a cartilha econômica genuinamente petista, conforme empreendida no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Então, para consertar os estragos, a presidente Dilma Rousseff sinaliza em fazer o que no período eleitoral jurava que jamais faria. Assim, agora ela acerta ao sinalizar a nomeação de Joaquim Levy, para o Ministério da Fazenda, e de Nelson Barbosa, para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Para a presidência do Banco Central a expectativa é da continuidade de Alexandre Tombini, mas com maior autonomia.

O doutor em economia Joaquim Levy vem das hastes tucanas, onde exerceu as funções de Secretário-Adjunto do Tesouro Nacional e de Assessor Especial do Ministro da Fazenda, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Depois, já no período do ex-ministro Antônio Palocci, foi nomeado Secretário do Tesouro Nacional, onde ao lado do também economista Murilo Portugal alcançou expressivos resultados, no mais exitoso período da política econômica do ex-presidente Lula da Silva.

Mesmo assim, ambos eram duramente criticados (e muitas vezes até demonizados) pelas alas radicais do Partido dos Trabalhadores (PT), quer por não pertencerem aos quadros ou pela adoção de uma política econômica mais ortodoxa, com o controle mais rígido dos gastos do governo. Já o economista Nelson Barbosa é bem palatável no meio petista, por moderado. No entanto, também é respeitado pelo mercado.


Tudo indica, portanto, que o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff terá bons nomes para arrumar a casa, hoje, totalmente desmantelada. Tanto Joaquim Levy como Nelson Barbosa são profissionais preparados, que não aceitarão as manobras contábeis e a falta de transparência da política econômica atual. Pela credibilidade da equipe econômica que se anuncia, podemos esperar melhor relação e credibilidade com o mercado, tal como se fosse Armindo Fraga um dos ministros nomeados.  

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Apocalípse, agora

Fernando Gabeira – Publicado em “O Estado de São Paulo”.
Passada uma semana do juízo final, ainda me pergunto cadê a Dilma. Ela disse que as contas públicas estavam sob controle e elas aparecem com imenso rombo. Como superar essa traição da aritmética? Uma lei que altere as regras. A partir de hoje, dois e dois são cinco, revogam-se as disposições em contrário.
Os sonhos de hegemonia do PT invadem a matemática, como Lysenko invadiu a biologia nos anos 30 na Rússia, decretando que a genética era uma ciência burguesa. A diferença é que lá matavam os cientistas. Aqui tenho toda a liberdade para dizer que mentem.
Cadê você, Dilma? Disse que o desmatamento na Amazônia estava sob controle e desaba sobre nós o aumento de 122% no mês de outubro. Por mais cética que possa ser, você vai acabar encontrando um elo entre o desmatamento na Amazônia e a seca no Sudeste.
Cadê você, Dilma? Atacou Marina porque sua colaboradora em educação era da família de banqueiros; atacou Aécio porque indicou um homem do mercado, dos mais talentosos, para ministro da Fazenda. E hoje você procura com uma lanterna alguém do mercado que assuma o ministério.
Podia parar por aqui. Mas sua declaração na Austrália sobre a prisão dos empreiteiros foi fantástica. O Brasil vai mudar, não é mais como no passado, quando se fazia vista grossa para a corrupção. Não se lembrou de que seu governo bombardeou a CPI. Nem que a Petrobrás fez um inquérito vazio sobre corrupção na compra de plataformas. A SBM holandesa confessou que gastou US$ 139 milhões em propina.
E Pasadena, companheira?
O PT está aí há 12 anos. Lula vez vista grossa para a corrupção? Se você quer definir uma diferença, não se esqueça de que o homem do PT na Petrobrás foi preso. Ele é amigo do tesoureiro do PT. A cunhada do tesoureiro do PT foi levada a depor porque recebeu grana em seu apartamento em São Paulo.
De que passado você fala, Dilma? Como acha que vai conseguir se desvencilhar dele? A grana de suas campanhas foi um maná que caiu dos céus?
Um dos traços do PT é sempre criar uma versão vitoriosa para suas trapalhadas. José Dirceu ergueu o punho cerrado, entrando na prisão, como se fosse o herói de uma nobre resistência. Se Dilma e Lula, por acaso, um dia forem presos, certamente, dirão: nunca antes neste país um presidente determinou que prendessem a si próprio.
Embora fosse um fruto do movimento de arte moderna no Brasil, Macunaíma é um herói pós-moderno. Ele se move com desenvoltura num universo onde as versões predominam sobre as evidências. Nesta primeira semana do juízo final, pressinto a possibilidade de uma volta ao realismo. É muito aflitivo ver o País nessa situação, enquanto robôs pousam em cometas e EUA e China concordam em reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O realismo precisa chegar rápido para a equação, pelo menos, de dois problemas urgentes: água e energia. Lobão é o ministro da energia e foi citado no escândalo. Com perdão da rima, paira sobre o Lobão a espada do petrolão. Como é que um homem desses pode enfrentar os desafios modernos da energia, sobretudo a autoprodução por fontes renováveis?
Grandes obras ainda são necessárias. Mas enquanto houver gente querendo abarcar o mundo a partir das estatais, empreiteiras pautando os projetos, como foi o caso da Petrobrás, vamos patinar. O mesmo vale para o saneamento, que pode ser feito também por pequenas iniciativas e técnicas, adequadas ao lugar.
Os homens das empreiteiras foram presos no dia do juízo final. Este pode ser um caminho não apenas para mudar a política no Brasil, mas mudar também o planejamento. A crise hídrica mostra como o mundo girou e a gente ficou no mesmo lugar. Existe planejamento, mas baseado em regularidades que estão indo água abaixo com as mudanças climáticas.
O dia do juízo final não foi o último dia da vida. É preciso que isso avance rápido porque um ano de dificuldades nos espera. Não adianta Dilma dizer que toda a sua política foi para manter o emprego. Em outubro, tenho 30.283 razões para desmentir sua fala de campanha: postos de trabalho perdidos no período.
Não será derrubando a aritmética, driblando os fatos que o governo conseguirá sair do seu labirinto. O desejo de controlar a realidade se estende ao controle da própria oposição. O ministro da Justiça dá entrevista para dizer como a oposição se deve comportar diante do maior escândalo da História. Se depois de saquear a Petrobrás um governo adversário aconselhasse ao mais ingênuo dos petistas como se comportar, ele riria na cara do interlocutor. Só não rio mais porque ando preocupado. Essa mistura de preocupação e riso me faz sentir personagem de uma tragicomédia.
Em 2003, disse que o PT tinha morrido como símbolo de renovação. Me enganei. O PT morreu muitas vezes mais. Tenho de recorrer ao Livro Tibetano dos Mortos, que aconselha a seguir o caminho depois da morte, sem apego, em busca da reencarnação. Em termos políticos, seria render-se à evidência de que saqueou a Petrobrás, comprou, de novo, a base aliada e mergulhar numa profunda reflexão autocrítica. No momento, negam tudo, mas isso o Livro Tibetano também prevê: o apego à vida passada é muito comum. Certas almas não vão embora fácil.
A crise é um excelente psicodrama: o ceticismo político, a engrenagem que liga governo a empreiteiras, o desprezo pelas evidências, tudo isso vira material didático.
Dizem que Dilma vive uma tempestade perfeita com a conjunção de tantos fatores negativos. Navegar num tempo assim, só com o preciso conhecimento que o velho Zé do Peixe tinha da costa de Aracaju, pedra por pedra, corrente por corrente.
No mar revolto, sob a tempestade, os raios e trovões não obedecem aos marqueteiros. Por que obedeceriam?

O ministro da Justiça vê o incômodo de um terceiro turno. Não haverá terceiro turno, e, sim, terceiro ato. E ato final de uma peça de teatro é, quase sempre, aquele em que os personagens se revelam. Por que esses olhos tão grandes? Por que esse nariz tão grande, as mãos tão grandes, vovozinha?

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Prematuridade – Um trabalho dedicado e competente

Na última segunda-feira, dia 17 de novembro, foi o Dia Mundial da Prematuridade. Este dia no Brasil se estende na Semana Internacional de Sensibilização da Prematuridade. Esta data foi instituída em 2009, mas no Brasil começou a ser celebrada no ano de 2012, durante o XXI Congresso Brasileiro de Perinatologia, que aconteceu na cidade de Curitiba, com o objetivo de conscientizar sobre a importância da prevenção de partos prematuros. 

Atualmente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade é responsável por quase metade do número de mortes de recém-natos no mundo. No Brasil, em torno de 12% do total de nascimentos é de partos prematuros, que acontecem antes de 37 semanas de gestação, segundo o Ministério da Saúde - MS. Um percentual bastante elevado, uma vez que a prematuridade pode ser evitada, principalmente se realizado um pré-natal de qualidade.

De acordo com a OMS, o número de bebês nascidos de partos prematuros no mundo é de cerca de 15 milhões por ano. No Brasil este número chega à cifra de 280 mil, também no período de um ano. O custo do tratamento é enorme, pois além de cuidados especiais em Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) há necessidade de medicamentos extremamente onerosos, tais como os sulfactantes.

Pelos últimos indicadores disponibilizados pelo MS, relativos ao ano de 2011, a maior taxa de mortalidade por prematuridade no Brasil é a do estado do Amapá, com 17,0 mortes para cada 1.000 nascimentos; depois vem a do Piauí, com 15,4 mortes para cada 1.000. As menores são: Santa Catarina, com 7,4 para cada 1.000 nascimentos; seguida por São Paulo, com 7,6 mortes para cada 1.000.

No Espírito Santo, no mesmo período, a mortalidade por prematuridade foi de 8,4 mortes para cada mil nascimentos. Essa taxa é bem menor que a média nacional, de 10,0 mortes para cada 1.000.

Nos últimos anos, a média da mortalidade por prematuridade do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (HECI) tem se mostrado menor que a média apurada para o Espírito Santo. Considerando que a maternidade do HECI é referência para o atendimento de gestantes com gravidez de risco e cardiopediatria, pode-se dizer que aquela unidade trabalha com indicadores excelentes, também bem menores que a média nacional.

Isto se deve ao trabalho profícuo desenvolvido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) pela equipe médica liderada pela Dra. Andressa Mussi Soares e todo trabalhos multidisciplinar realizado no Serviço. Dra. Andressa é hoje uma referência nacional em cardiopediatria, e profissional de elevadíssima capacidade técnica. Por isto, conseguiu formar uma equipe de absoluta competência.

Antes da UTI Neonatal do HECI, os bebês prematuros da região sul do Espírito Santo, principalmente os de parto precoce (antes de 30 semanas), tinham pouquíssimas chances de vida. Hoje, depois de 11 anos de funcionamento, chega-se a conclusão que a UTI Neonatal do HECI vem tendo importância de caráter fundamental.

Um bom exemplo é o sucesso na reabilitação de prematuros com menos de 500 gramas. Isto é um fato raríssimo, considerando a realidade brasileira. Ressalta-se que a UTI Neonatal do HECI tem inovado na utilização de modernas tecnologias e terapêuticas, tal como o uso do óxido nítrico, que foi a primeira unidade a utilizá-lo no Espírito Santo, há cerca de 10 anos.


Então, fica uma constatação apenas: “Santos de casa” muitas vezes fazem milagres...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dilma, indevidamente

Por Dora Kramer – Publicado em “O Estado de São Paulo”
Partindo do pressuposto de que não lhe falha a memória e de que o Brasil não sofre epidemia de amnésia, a presidente Dilma Rousseff incorre em ato de deliberada apropriação indébita ao atribuir ao seu governo o marco histórico no combate à corrupção, devido ao desmonte do esquema de ilícitos em funcionamento na Petrobrás entre 2003 e 2012.
Da Austrália, a presidente se pronunciou dizendo que esse é um escândalo de características especiais. Segundo ela, "o primeiro a ser investigado". E por isso mesmo, um divisor, "capaz de mudar para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas", em relação à impunidade. Avocou para si o mérito, quando ele se deve a instituições que funcionaram com independência: Congresso, Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribuna Federal.
Em matéria de amplitude há, de fato, ineditismo, como demonstraram as prisões dos executivos de empreiteiras na última sexta-feira e já indicam as notícias sobre a próxima fase da Operação Lava Jato sobre o envolvimento de algumas dezenas de políticos. Nem de longe, porém, é possível dizer que esse seja o primeiro escândalo a ser investigado e muito menos que seja a causa de mudança de procedimentos.
Na realidade, é consequência de um escândalo produzido pelo PT, o mensalão: desde a denúncia de Roberto Jefferson, passando pela bem sucedida CPI dos Correios, o trabalho do Ministério Público, a denúncia do procurador-geral Antonio Fernando de Souza, o julgamento e as condenações no Supremo Tribunal Federal, até as prisões dos réus.
Enquanto os políticos estão quase todos cumprindo suas penas em prisão domiciliar, os operadores do esquema nos bancos e agências de publicidade continuam na cadeia. O principal deles, Marcos Valério ainda ficará por muito tempo em regime fechado. Confiou na influência dos donos do poder e calou-se na CPI e na Justiça. Quando quis fazer delação premiada era tarde.
Deu-se ali a mudança de paradigma que serviu de exemplo e, depois de alguma resistência, incentivou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef a optarem pelos acordos de delação premiada. A eles recentemente juntaram-se outros, no que em breve talvez seja uma fila.
Com base nas informações prestadas em exaustivos depoimentos é que a polícia está conseguindo desmontar o que a PF já havia chamado de "organização criminosa" montada dentro da Petrobrás. Isso ao tempo em que o governo tratava o assunto em estado de total negação de que houvesse qualquer tipo de irregularidade na estatal - no máximo se admitia erros administrativos, nunca decorrentes de "má-fé", muito menos de intenções delituosas.
De onde não se pode aceitar como verossímil a versão de que foi a presidente quem "mandou" investigar. Inclusive porque o trabalho foi feito em conjunto pela Polícia Federal, Ministério Público e Justiça do Paraná, instâncias cuja autonomia é assegurada pela Constituição.
Até meados do ano, antes de aparecerem evidências mais consistentes, o governo só fez trabalhar intensamente para inviabilizar as comissões de inquérito no Congresso que pretendiam investigar os negócios na Petrobrás, tentar adiar decisões do Tribunal de Contas da União sobre a refinaria de Pasadena e por várias vezes ministros, políticos governistas e a própria presidente insistiam na versão de que quem lança suspeições sobre a empresa tinha como objetivo enfraquecer um patrimônio nacional e impor prejuízos políticos à candidatura da presidente.
Houve mesmo um momento em que Dilma pôs em dúvida a veracidade do conteúdo das delações premiadas e acusou a oposição de usar as "supostas denúncias" para dar "um golpe" no País.
Diante de tanta contradição e ambiguidade, é de puro exercício de ficção transformar o governo de agente a combatente da corrupção na Petrobrás.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Um grande Presidente



No último dia 13 de outubro foi para perto de DEUS o nosso querido presidente, Dr. José Affonso Coelho. Dia 17 próximo, segunda-feira, ele completaria 82 anos. Pouco antes da sua morte, o Espírito Santo havia perdido o seu filho, Deputado Glauber Coelho. A dor havia sido bastante profunda, diríamos que imensurável. Dr. José Affonso a suportou em silêncio. Nós que convivíamos diretamente com ele tínhamos a dimensão do amor e admiração que sentia pelo filho. Glauber era a convergência da família.

Outro ponto de referência na vida do Dr. José Affonso era o Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (HECI), ao qual se dedicou como um verdadeiro BENEMÉRITO, por 25 anos de sua vida, sendo mais de 20 anos como presidente do Conselho Deliberativo. Durante todo esse tempo foi um exemplo de doação com altruísmo, honestidade (no mais amplo sentido) e companheirismo, valores tão raros nos dias de hoje.

Pouco antes de sua partida tivemos a oportunidade de conversar sobre o setor da saúde na nossa região. Assim, relembramos: a trajetória do HECI, desde a presidência de Anarim, quando reabrimos o hospital conseguindo recuperar a sua credibilidade; a melhoria dos serviços e os avanços conquistados nos últimos anos em benefício da região; a coragem do HECI em assumir o antigo Hospital e Maternidade “Santa Helena”, com uma dívida enorme, unicamente, para não deixar a população desassistida. 

Naquela ocasião também tivemos a oportunidade de lembrá-lo de que o trabalho realizado frutificara em função de que todos os recursos financeiros haviam sido aplicados da forma adequada e que assim cumprimos da melhor forma com nossas obrigações. Sua resposta veio através de um simples sorriso, demonstrando contentamento e aprovação.

No HECI, o Dr. José Affonso era queridíssimo por todos que tiveram o privilégio da sua convivência. E não foram poucos, haja vista a sua presença quase que diária ao hospital. O mesmo também aconteceu nos lugares pelos quais passou. Foi assim no Ateneu Cachoeirense, na Maçonaria, no Rotary Clube Cachoeiro Oeste, no CETEMAG (Centro Tecnológico do Mármore e Granito), no Sindirochas, na FINDES (Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo) e em suas empresas. Enfim, não é exagero dizer em cada lugar...

Destacou-se também por sua absoluta fé em DEUS, deixando o exímio exemplo de verdadeiro presbítero e cristão, como membro da Primeira Igreja Presbiteriana, da Rua Moreira, a qual representava com absoluto empenho nas Assembléias do HECI.

Mas, além da elevada fé nunca deixou de lado a preocupação com os amigos e colaboradores. Neste aspecto, não lhe faltavam palavras de incentivo, sempre com um enorme prazer, sentindo-se feliz com o sucesso e realização de cada um. Além disso, era um desenvolvimentista e gostava de acompanhar o progresso tanto do município, do Espírito Santo e do nosso país. Sobretudo porque sabia dessa condicionante para o desenvolvimento social e humano.
 

A partida de Dr. José Affonso Coelho nos deixou mais pobres em nossa convivência diária. No entanto, não podemos jamais esquecer que os grandes homens não morrem, porque deixam para os que ficam os seus exemplos.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Consolidando o Estado nacional.

Período Regencial

Após a independência do Brasil, os portugueses continuavam a dominar o império, a começar pelo círculo em volta do imperador D. Pedro I, que também nascera em Portugal. O mesmo acontecia em todas as províncias, onde os portugueses ocupavam os melhores cargos do governo, dominavam as atividades dos serviços e do comércio e detinham as melhores patentes das tropas de primeira linha. Tudo isso motivava enorme insatisfação dos brasileiros.
Ao término da Guerra da Cisplatina, em 1828, o Brasil entrou em um período de crise, devido ao endividamento com a guerra. O derrame de moedas falsas de cobre e o aumento no custo de vida avultaram ainda mais a impopularidade de D. Pedro I junto aos brasileiros. Estes culpavam os portugueses, que apoiavam o imperador, pela carestia e todos os males do império.
As rusgas entre brasileiros e lusitanos acabaram por deflagrar violentos conflitos de rua, principalmente no Rio de Janeiro, até que no dia 5 de abril de 1831 D. Pedro I decide destituir o “ministério de brasileiros”, nomeado pouco dias antes para amenizar a crise. A nomeação de ex-ministros impopulares da aristocracia lusa acende o estopim que faltava para tornar incontrolável os protestos.
Na manhã do dia 6 de abril, brasileiros de todas as classes começam a afluir pelas principais ruas do Rio de Janeiro em manifestações, concentrando-se depois no Campo de Sant’Anna, onde intensificaram os protestos contra D.Pedro I. Entretanto, o imperador, resoluto, não cede às pressões para restituir o ministério deposto. Por fim, a própria Guarda de Honra e o Batalhão do Imperador também se rebelam. Enfraquecido, na madrugada do dia 7 de abril D. Pedro renuncia em favor de seu filho, o príncipe Pedro de Alcântara, então com 5 anos de idade.
Inicia-se, assim, o período das Regências, que segundo Bóris Fausto foi “dos mais agitados da história política do país e também dos mais importantes”, porque contribuiu efetivamente para a formação de uma identidade nacional e garantiu a integridade territorial do Brasil.
O primeiro período da Regência é chamado de Regência Trina Provisória. Este período é de curta duração - se estende de 7 de abril a 17 de junho de 1831. Nele há a reintegração do “ministério dos brasileiros”  e a retirada dos estrangeiros não naturalizados do Exército. O segundo período é o da Regência Trina Permanente, que se estende até 12 de outubro de 1835. Inicia-se, então, as Regências Umas do padre Diogo Antônio Feijó, que irá até 19 de setembro de 1837, e a de Pedro de Araújo Lima, que se encerra em 23 de julho de 1840, quando é declarada a maioridade de D. Pedro II.
No campo político, a corrente hegemônica no período das Regências foi a dos liberais moderados, liderada pelo carioca Evaristo da Veiga, editor do mais influente jornal da época, o “Aurora Fluminense”. Os liberais moderados defendiam o cumprimento da Constituição. Ao lado de Evaristo da Veiga destacam-se o paulista padre Feijó e do mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos. Do lado oposto encontravam-se duas correntes: a dos liberais exaltados, que pretendiam reformas mais radicais, como  ampliar os poderes das províncias e limitar o poder do imperador, e a dos restauradores, que pregavam a volta de D. Pedro I.
No período regencial irrompeu uma série de levantes militares, rebeliões e insurreições populares por várias regiões do país, algumas delas com fins republicanos e separatistas. A Revolução Farroupilha, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul (1835-1845); a Cabanagem, na então província do Grão- Pará (1835-1840); a Sabinada, na Bahia (1837-1838); e a Balaiada, no Maranhão (1838-1840) chegaram a ameaçar a integridade do território nacional e o Império.
Estes movimentos foram sufocados pelas forças leais ao governo, com o apoio da Guarda Nacional (corporação armada de cidadãos), criada em 1831 para manutenção da ordem nas províncias. É dessa ebulição social que começa a construção da identidade nacional e a formação de nossa própria historiografia. Até então a história do Brasil era ainda a história de Portugal.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Há que dizer a verdade, para não continuar perdendo

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem constantemente repetido o que disse a ambientalista Marina Silva (Rede Sustentabilidade - AC) ao término do primeiro turno: que perdeu a eleição ganhando. Isto porque além de enfrentar a poderosa máquina aparelhada do governo petista, ambos saíram das urnas com milhões de votos, embora amargando a desconstrução de suas imagens, da forma desencadeada sem impor limites por João Santana, marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT).

Parafraseando essa mesma afirmativa, pode-se dizer que a presidente Dilma Rousseff saiu do último pleito perdendo. Não só por fazer o “diabo” e usar de subterfúgios para ganhar a eleição. Mas, sobretudo, pelo tamanho dos problemas políticos e econômicos que ela herdará dela mesma, embora os tenha sempre negado, preferindo atribuí-los a “profecias pessimistas” dos adversários.  

A primeira amostra foi dada na semana passada logo após a eleição, quando a Câmara dos Deputados derrubou o decreto presidencial que vincula as decisões de política de governo à aprovação de Conselhos “Populares” (ou a movimentos da esquerda organizada?). Tais Conselhos “Populares” se emaranhariam com as funções do Parlamento, tal como acontece no regime bolivariano da Venezuela. Não se trata, portanto, de ação democrática, mas da concentração de poderes nas mãos de uma minoria atrelada ao governo.

Por isto, lideranças importantes do PMDB e dos demais partidos da base aliada hoje dão sinais claros de que não se renderão às pretensões de hegemonia do governo petista. Há no ar um elevado grau de desconfiança, que fortalece a candidatura do atual líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, contra a vontade do governo. A principal bandeira de Eduardo Cunha é, como ele mesmo diz, “não entregar o comando do Congresso ao PT, para preservar o equilíbrio entre os Poderes”.

Outra questão é que o PT saiu enfraquecido das urnas, e na ausência de alianças programáticas o fisiologismo do toma lá dá cá poderá ganhar forças e sair muito caro a presidente Dilma Rousseff. Esta é uma prática que a sociedade não tem cansado de manifestar que repudia; que não é mais admissível!

A oposição, por sua vez, sai da eleição fortalecida por mais de 51 milhões de votos libertos do Bolsa Família, que sintetizam a insatisfação da metade da população.  Tudo indica que a oposição não dará trégua! Seu maior líder hoje, o senador Aécio Neves, ao retornar ao Senado já condicionou que qualquer conversa dependerá da disposição do governo em apurar os escândalos de corrupção que tomaram conta da Petrobras.

Contudo outros escândalos poderão vir à superfície, tal o loteamento e aparelhamento do governo e das empresas públicas. Denúncias de favorecimento de empréstimos no Banco do Brasil (BB) e no BNDES já levaram o atual presidente do BB, Aldemir Bendine, a pedir demissão nesta semana.

Para complicar, o próprio governo agora admite que a situação econômica do país é realmente grave. Não é a toa que comece a fazer o que disse na campanha que não faria. Lembremos que no último dia 29 o Banco Central aumentou a taxa de juros para 11,25%, para conter a inflação (não ia gerar desemprego?). Também não é sem motivos, que o ministro da Fazenda Guido Mantega hoje seja um ex-ministro no cargo.


Se realmente a presidente Dilma Rousseff acredita que saber ganhar é não ter “soberba nem pretensão de ser o último grito em matéria de visão política”,  tem que reconhecer os erros de seu primeiro mandato, para depois estender a mão com humildade. Caso contrário, conforme o seu partido, o PT, ela continuará perdendo.