O próximo
presidente da República, a ser eleito nas eleições de outubro que se avizinha,
herdará um País destroçado, com uma dívida pública em torno de 80% do Produto
Interno Bruto (PIB) e 13 milhões de desempregados. A principal razão é o desequilíbrio
fiscal, uma vez que os valores arrecadados são insuficientes para cobrir as
despesas primárias, sem sobrar um centavo sequer para o pagamento dos juros.
Por isto, a dívida vai aumentando, acumulando juros sobre juros.
É indiscutível
que a atual equipe econômica tem dedicado grande esforço para amenizar os
problemas do Tesouro. Também é inegável que o Congresso Nacional tem deixado de
cumprir a sua parte ao negligenciar com a aprovação das reformas necessárias,
como a da previdência. Além disso, ainda tem derrubado uma série de medidas que
abrandariam o aperto fiscal, como a reoneração da folha de pagamento para
determinados setores e a proibição de reajuste para o funcionalismo no próximo
ano e de criação de novos cargos públicos.
A desoneração
da folha de pagamento em benefício de 56 segmentos empresariais é obra dos
governos petistas, com o propósito inicial de promover a criação de empregos. Mas,
por ironia, tornou-se o grande marco da trágica passagem do ex-ministro Guido
Mantega (PT-SP) pelo Ministério da Fazenda (2006/2015), pois a prática mostrou
que tal expectativa não passaria de iniciativa frustrada, que serviria apenas
para engordar o lucro das empresas beneficiadas.
Há poucos dias,
quando comentava sobre a desoneração tributária concedida pelos governos
petistas, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, estimou um prejuízo
aos cofres públicos na ordem de R$ 270,0 bilhões. Essa soma de recursos está fazendo falta, uma
vez que o Tesouro fica obrigado a tomar mais empréstimos para cobrir o rombo
das contas. Daí que falte dinheiro no mercado.
Segundo Jorge
Rachid “todos os países do mundo adotam benefícios fiscais, que são
instrumentos legítimos, mas no Brasil houve utilização exagerada desse
recurso”, principalmente porque não havia lastro suficiente de receitas que
garantissem o equilíbrio das contas. E o que estava ruim conseguiu piorar
quando o País entrou em recessão – a mais profunda da história - frustrando
ainda mais as perspectivas de receitas.
Fatores
favoráveis, que têm contribuído para conter a elevação da dívida pública, são a
baixa taxa básica de juros – a SELIC - e a infração controlada. Contudo, o
mercado segue nervoso, tendo em vista a desconfiança de que o Brasil não terá
capacidade para honrar o pagamento de seus compromissos futuros e a incerteza
das próximas eleições presidenciais, quando poderá ser eleito um novo presidente
populista, sem compromisso com a política de equilíbrio fiscal.
E o Brasil
necessita entrar em um ciclo econômico virtuoso para a criação de novos
empregos. Isto só se tornará possível com o aumento da capacidade de
investimentos, tanto públicos como privados. Então, apenas com a eleição de um
presidente da República comprometido com as reformas do Estado, com melhorias
dos padrões éticos e com o equilíbrio fiscal criaremos as condições necessárias
para o desenvolvimento futuro.
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