sexta-feira, 2 de março de 2018

Nada se sobrepõe ao fato

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Até o estouro do MENSALÃO, o PT se gabava de ser um partido diferente dos demais por suas bandeiras políticas, sintetizadas no uso sistemático do jargão “ética na política”. O então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), criminoso reincidente e recém condenado a 23 anos e três meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e recebimento de vantagens indevidas pelo esquema montado para assaltar a PETROBRAS, não se furtava em dizer que “o PT não rouba, nem deixa roubar”.
Contudo, ao final do governo do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), agora também condenado em segunda instância a doze anos e um mês de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, parte significativa da população brasileira parecia inebriada por aquele governo. Não se fazia qualquer analogia dos efeitos do crescimento econômico do mundo e dos altos valores alcançados por nossas commodities no mercado externo sobre a nossa economia. Nem se questionava o uso massivo da propaganda de governo.
É fato que o ex-presidente Lula da Silva contou com uma conjuntura internacional muito favorável em quase todo o seu tempo de governo. Em 2009, no entanto, o Brasil amargou uma retração de -0,3% do PIB, devido ao efeito da “marolinha”, que veio junto à crise financeira internacional de 2008. Mas, em 2010, o País voltou a crescer a um patamar extraordinário de 7,5%, impulsionado pela política de crédito fácil introduzida pelo então ministro Guido Mantega (PT-SP) e pela gastança desenfreada do governo para eleger a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS).   
O ex-presidente Lula da Silva se gabava de entregar um País “desenvolvido” à sua sucessora, enquanto esta dizia receber uma “herança bendita”. Entretanto, tais políticas não tardariam a mostrar os seus efeitos danosos sobre a economia.
Aqui nesta coluna, ao final de 2010, ainda durante o governo de Lula da Silva, afirmamos que a “herança bendita” mencionada pela presidente eleita Dilma Rousseff “nada tem de bendita... Quiçá seja ela a verdadeira herança maldita, pois a realidade é que o país que Dilma Rousseff assumirá é muitíssimo pior do que o herdado por Lula da Silva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC)”.
Na continuidade também afirmamos que “uma coisa é a propaganda de governo; outra coisa é a realidade fria dos fatos e dos números. Mas, nem tudo são flores como os governos populistas sempre querem fazer que os seus “súditos”creiam. Eles podem enganar a maioria, por boa fé e falta de informação, mas a liberdade da democracia oferece a janela da verdade, que sempre prevalecerá mais cedo ou mais tarde”.
Naquele período qualquer comentário crítico sobre o ex-presidente Lula da Silva ou a ex-presidente Dilma Rousseff soava quase como um sacrilégio. Não foram poucas as vezes que fomos incisivamente criticados, muitas até com o uso de expressões raivosas e outros impropérios.
Hoje, à luz da razão, não há que duvidar de que a ética na política passa muito longe do lugar de onde vive o PT. Daí que ninguém no partido sequer mencione que o presidente Michel Temer foi elevado ao governo por compor duas vezes a chapa majoritária para ganhar as eleições, nem que o PMDB foi o maior sócio do PT durante seus governos. O fato é que  mentira não dura para sempre.


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