Se a
velha política do Brasil não for derrotada, estaremos definitivamente no
caminho do fracasso. A questão principal é que nossos políticos sempre estão
voltados para os seus interesses imediatistas e já não planejam o País para o
futuro. Sabemos onde estamos, mas não onde queremos chegar. Daí que nosso
horizonte esteja sempre nebuloso, ameaçado. Acostumamo-nos a viver apagando
incêndios, porque não temos políticas de médio e longo prazo, com diretrizes tangíveis.
De acordo com estudos
recentes do Banco Mundial, divulgados pela grande imprensa nesta semana, estima–se
que o Brasil levará 260 anos para chegar ao mesmo patamar educacional já
alcançado por países desenvolvidos no quesito de Leitura. Para Matemática serão
necessários 75 anos, levando em conta os parâmetros de desempenho dos estudantes brasileiros das avaliações do PISA, que resulta de estudo internacional realizado
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE).
Outro
dado importante, e que deveria servir aos governantes como parâmetro, é que
somente 10% dos alunos que terminam o ensino fundamental conseguem atingir um
nível aceitável de Leitura. Quando se trata de matemática a situação é melhor,
mas mesmo assim continua desalentadora, pois apenas 40% dos alunos conseguem atingir
a proficiência mínima nesse quesito.
Nos
últimos anos o Brasil tem conseguido poucos avanços, em razão da lentidão como
tudo acontece. Para piorar, às vezes ainda são constatados retrocessos. No último PISA,
por exemplo, não conseguimos melhorar a avaliação de nossas crianças em Leitura
e ainda caímos em Matemática, o que comprova de forma patente a crise do nosso
sistema de ensino. Pode haver maior comprometimento com o nosso futuro?
Tratando-se
do ensino básico o melhor caso de sucesso no Brasil é o do município de Sobral,
no estado do Ceará. Lá os dirigentes efetivaram uma gestão competente focada na
meritocracia, voltada a erradicar o analfabetismo e diminuir a evasão escolar.
O quadro de diretores e professores passou a ser valorizado depois de
devidamente treinado.
Sobral
é um município pobre que acabou por transformar-se em modelo para o
sistema nacional de ensino básico. Mas a realidade é que aquele modelo por em
si só mostrou-se insuficiente para resolver os graves problemas da educação
básica no Brasil. O que tem faltado é determinação dos governos, em suas três
esferas (municípios, estados e governo central) para a mudança de mentalidade
dos gestores, professores e alunos, como também das famílias. Desta forma, dificilmente
sairemos do círculo vicioso no qual nos encontramos.
No
Brasil quando muda um governo muda tudo. Parece que a roda precisa ser constantemente
reinventada. “A gente abandona as políticas e recomeça do zero sem ter
aprendido nada com o passado”, conforme palavras da educadora Priscila Cruz,
presidente do Movimento Todos pela Educação. Evidencia-se, portanto, que sem
planejamento sério, avaliação, e, principalmente, cobrança de resultados não
chegaremos a lugar algum. Aí estaremos fadados a gastar cada dia mais com
segurança pública.
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