quinta-feira, 28 de maio de 2015

Tapando o sol com a peneira.

Ao aceitar o cargo de ministro da Fazenda no mandato atual de Dilma Rousseff, o ministro Joaquim Levy tinha plena ciência das dificuldades que enfrentaria. Primeiro, porque já exercera o cargo de secretário do Tesouro Nacional, no primeiro mandato de Lula da Silva (PT-SP). Nesse período exitoso Levy pôde sentir na carne o que é a rejeição da ideologia petista. Ora diziam que ele representava uma política neoliberal, contrária aos princípios do partido, ora que era egresso do ninho tucano.
Outra questão é que o ministro Levy tinha conhecimento pleno da pedreira que encontraria. Ele próprio tornara-se um crítico da política econômica empreendida a partir do segundo mandato de Lula da Silva, quando ascendeu à Fazenda Nacional uma equipe exclusivamente petista, comandada pelo professor Guido Mantega (PT-SP). A realidade é que a partir daí iniciou-se a desarrumação da economia, ocasionada, sobretudo, pelo descontrole e pouco zelo com a política fiscal.
Já neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, diante das dificuldades em conseguir um ministro competente para fazer frente aos graves problemas nacionais, negados antes das eleições, restou a presidente, mesmo a contragosto, o nome de Joaquim Levy. Os problemas herdados de Lula da Silva, que chamara de “herança bendita”, como marketing político para agradar ao criador e ao partido, se avolumaram. E o fechamento das contas só se tornou possível após elas serem maquiadas – as famosas “pedaladas fiscais”.
Continuada essa política, o rumo certo seria o aumento da crise e o desgaste ainda maior do governo Dilma Rousseff. Joaquim Levy é apenas o agente encontrado, com credibilidade, para acalmar o mercado e reorganizar as contas públicas, totalmente desequilibradas.
Entretanto, se há um culpado pelas medidas duras agora tomadas e que ora impõem enormes sacrifícios a todos nós brasileiros é a própria presidente. Foi ela quem insistiu em dar continuidade à política econômica de seu antecessor, inclusive com a manutenção do ex-ministro Guido Mantega no governo, quando os indicadores econômicos já demonstravam imperativa necessidade de mudanças. E nada foi feito, porque a prioridade do primeiro mandato da presidente foi a continuidade do populismo e da gastança, tendo em vista sua reeleição.
É estranho agora o PT, diante da impopularidade dessas medidas, atribuir a culpa exclusivamente ao ministro Joaquim Levy. A própria presidente deveria assumi-las, como mandatária da nação, em vez de reparti-las para amenizar a culpa. Aliás, este também é um gravíssimo problema de seu governo, que nunca enfrenta as grandes questões de frente, principalmente quando são impopulares, com a clareza necessária para bem informar a todos.
Na última terça-feira, o próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ratificou parte da ineficácia da política fiscal, até então em curso, ao dizer em entrevista em Brasília que: “As políticas que funcionaram em 2008, os estímulos, não produziram crescimento nos últimos dois anos, mas acabaram por, digamos assim, afetar os fundamentos macroeconômicos, em particular os colchões de contenção que nós tínhamos na área fiscal”.

Só que Tombini deixou de dizer que ele também é responsável por este fracasso, ao permitir o congelamento das taxas de juros em um momento importante, quando o crescimento mostrava-se claramente estagnado e a inflação ascendente. Por isto, há muita coisa ainda a ser feita, conforme Levy tem constantemente explicado. Fica, contudo, a seguinte interrogação: Será que a base aliada e o PT, com tantos políticos daninhos, deixarão que elas sejam feitas?

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