Ao aceitar o
cargo de ministro da Fazenda no mandato atual de Dilma Rousseff, o ministro
Joaquim Levy tinha plena ciência das dificuldades que enfrentaria. Primeiro,
porque já exercera o cargo de secretário do Tesouro Nacional, no primeiro
mandato de Lula da Silva (PT-SP). Nesse período exitoso Levy pôde sentir na
carne o que é a rejeição da ideologia petista. Ora diziam que ele representava
uma política neoliberal, contrária aos princípios do partido, ora que era
egresso do ninho tucano.
Outra questão
é que o ministro Levy tinha conhecimento pleno da pedreira que encontraria. Ele
próprio tornara-se um crítico da política econômica empreendida a partir do
segundo mandato de Lula da Silva, quando ascendeu à Fazenda Nacional uma equipe
exclusivamente petista, comandada pelo professor Guido Mantega (PT-SP). A
realidade é que a partir daí iniciou-se a desarrumação da economia, ocasionada,
sobretudo, pelo descontrole e pouco zelo com a política fiscal.
Já neste
segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, diante das dificuldades em
conseguir um ministro competente para fazer frente aos graves problemas
nacionais, negados antes das eleições, restou a presidente, mesmo a
contragosto, o nome de Joaquim Levy. Os problemas herdados de Lula da Silva,
que chamara de “herança bendita”, como marketing político para agradar ao
criador e ao partido, se avolumaram. E o fechamento das contas só se tornou
possível após elas serem maquiadas – as famosas “pedaladas fiscais”.
Continuada
essa política, o rumo certo seria o aumento da crise e o desgaste ainda maior
do governo Dilma Rousseff. Joaquim Levy é apenas o agente encontrado, com
credibilidade, para acalmar o mercado e reorganizar as contas públicas,
totalmente desequilibradas.
Entretanto,
se há um culpado pelas medidas duras agora tomadas e que ora impõem enormes
sacrifícios a todos nós brasileiros é a própria presidente. Foi ela quem
insistiu em dar continuidade à política econômica de seu antecessor, inclusive
com a manutenção do ex-ministro Guido Mantega no governo, quando os indicadores
econômicos já demonstravam imperativa necessidade de mudanças. E nada foi
feito, porque a prioridade do primeiro mandato da presidente foi a continuidade
do populismo e da gastança, tendo em vista sua reeleição.
É estranho
agora o PT, diante da impopularidade dessas medidas, atribuir a culpa
exclusivamente ao ministro Joaquim Levy. A própria presidente deveria
assumi-las, como mandatária da nação, em vez de reparti-las para amenizar a
culpa. Aliás, este também é um gravíssimo problema de seu governo, que nunca
enfrenta as grandes questões de frente, principalmente quando são impopulares,
com a clareza necessária para bem informar a todos.
Na última
terça-feira, o próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini,
ratificou parte da ineficácia da política fiscal, até então em curso, ao dizer
em entrevista em Brasília que: “As políticas que funcionaram em 2008, os
estímulos, não produziram crescimento nos últimos dois anos, mas acabaram por,
digamos assim, afetar os fundamentos macroeconômicos, em particular os colchões
de contenção que nós tínhamos na área fiscal”.
Só que
Tombini deixou de dizer que ele também é responsável por este fracasso, ao
permitir o congelamento das taxas de juros em um momento importante, quando o
crescimento mostrava-se claramente estagnado e a inflação ascendente. Por isto,
há muita coisa ainda a ser feita, conforme Levy tem constantemente explicado.
Fica, contudo, a seguinte interrogação: Será que a base aliada e o PT, com
tantos políticos daninhos, deixarão que elas sejam feitas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário