Até o final
do mês passado, ao completar 151 dias corridos do presente ano, nós brasileiros
trabalhamos apenas para pagar a soma dos impostos que será recolhida pelas três
esferas de governo (municípios, estados e governo federal), até o último dia do
ano. Nossa carga tributária tem sido sempre crescente. Hoje ela é superior a
36% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, de todos os bens e serviços que
produzimos. A maior fatia dessa arrecadação é destinada ao pagamento dos juros
da dívida pública.
Na última
segunda-feira, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)
divulgou um estudo comparativo dos 30 países com maior carga tributária no
mundo. Entre eles, pela quinta vez consecutiva, o Brasil ficou na última
colocação no ranking que compara a relação entre a soma dos tributos
arrecadados com o PIB e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização
das Nações Unidas (ONU).
Observa-se
através desse estudo, de forma patente, que nossa carga tributária é de
primeiro mundo, enquanto os serviços públicos ofertados aos contribuintes, tais
como atendimentos de saúde, educação de qualidade, saneamento básico, segurança,
entre outros..., são extremamente ruins. Tal fato é corroborado pelo
presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike, ao dizer que "a diferença,
no entanto, está na qualidade de vida oferecida nos países desenvolvidos, que
supera em escala desproporcional a do Brasil".
Percebe-se,
então, facilmente, que o comprometimento da qualidade de vida da população
brasileira é conseqüência direta da nossa péssima política, que sempre prioriza
os programas de resultados imediatos - geralmente com fins populistas e
eleitoreiros -, em detrimento da política de Estado, de prazo mais duradouro.
A carga
tributária no Brasil tem sido sempre crescente, em razão, principalmente, do
aumento dos gastos como o custeio da máquina pública, que nos últimos anos
cresceu desordenadamente. Só no governo federal, atualmente, temos 38
ministérios e mais de 20 mil cargos em comissão, sem que esse quadro se traduza
na melhoria da eficiência.
De acordo
com a ONG Transparência Brasil são as nomeações em troca de apoio político (o
famoso toma lá dá cá) uma das principais causas da corrupção e da ineficiência
dos governos. Porém, quando se fala em controle de gastos, a trupe petista tem
se mostrado sempre contrária, por julgá-lo “proposta neoliberal”, sem se ater
que os governos não têm dinheiro para tudo. O resultado é que as famílias e as
empresas já não suportam a enorme carga tributária!
Pelos
cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), de
2008 até aqui, os gastos com o custeio do governo federal aumentaram de 3,1%
para 6,0% do PIB, “enquanto os investimentos não se alteraram em números
relativos”. Para reverter tal situação, segundo a FIRJAN, é imperativo que os
gastos correntes cresçam em ritmo menor que o PIB, pois, com isso, “esses
gastos retrocederiam para o patamar de 2008”.
Resta saber
se o governo petista estará disposto a reverter essa situação, pois proposta
semelhante chegou a ser “apresentada ainda no governo Lula, pelos então
ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento), mas foi
classificada de “rudimentar” pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff”,
conforme matéria veiculada no jornal “O Estado de São Paulo”.
Fica, então,
a certeza de que enquanto não tivermos uma política séria e competente, voltada
aos interesses maiores do Estado, estaremos fadados a sermos todos engolidos
pela carga tributária.
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