O Fundo
Monetário Internacional (FMI) divulgou na última quarta-feira o relatório
nominado “Perspectiva Econômica Regional: Hemisfério Ocidental”, no qual expressa que “o Brasil estará passando por sua desaceleração mais grave em mais de duas
décadas”, ratificando a opinião de inúmeros analistas. A previsão é de que o
nosso Produto Interno Bruto (PIB) encolherá 1% este ano, devido ao descontrole
das contas públicas e inflação ascendente, que tornaram imperativo um rearranjo
da economia
A atual
crise já se faz sentir na diminuição da produção, dos empregos e da capacidade
de compra dos trabalhadores, como também no grau de confiança dos investidores
e consumidores, entre muitos outros indicadores. Para consertar os estragos das
negligências cometidas no passado só há um remédio: o aperto na política
monetária e na política fiscal, ora conduzidas pela equipe econômica comandada
pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini.
Paralelo à
recessão, o FMI projeta um crescimento da dívida bruta brasileira (soma da
dívida interna e externa) para 66,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ao final
de 2015. A previsão é de que somente a partir de 2017, mantidos os ajustes
monetários e fiscais, que a dívida bruta começará a cair paulatinamente. A
título de comparação, convém mencionar, que em 2011, quando a presidente Dilma
Rousseff assumiu o primeiro mandato, a dívida bruta brasileira era de 61,2% do
PIB.
Mas, pior do
que o descontrole da dívida bruta é o descrédito no qual o governo vivia junto
ao mercado e organismos internacionais, pela política empreendida na gestão do
ex-ministro Guido Mantega, devido à manipulação das contas públicas para
melhorar o superávit primário - a chamada “contabilidade criativa”. Por isto, hoje
ninguém leva em conta os resultados da dívida liquida. Daí a necessidade de um
esforço maior do ministro Joaquim Levy para recuperar a credibilidade perdida.
Hoje o
próprio ministro Levy demonstra ciência das dificuldades que terá pela frente, a
começar pela resistência do partido majoritário, o PT, e seus fiéis escudeiros
da esquerda retrógrada.
Por isto, em
audiência na Câmara dos Deputados, nas Comissões de Finanças e Tributação, e de
Desenvolvimento e Econômico e de Trabalho, realizada na também na última
quarta-feira, o ministro defendeu veementemente os ajustes fiscais em curso.
Segundo ele o Brasil está mais próximo do
grau especulativo do que do grau de investimento. O risco de perder o
investimento é grande hoje e muito menor do que quando cheguei ao governo. É
indubitável que o governo deve a ele o pouco de credibilidade até aqui
alcançada.
Sabe-se,
todavia, que o caminho a percorrer não será nada fácil e que o ministro terá
muitos obstáculos pela frente. Além da resistência política às adequações
necessárias, há todo o resíduo dos estragos feitos na economia no período
anterior. Ainda nesta semana o Tesouro Nacional informou que o superávit
primário do Governo Federal (sem computar o pagamento dos juros da dívida
pública) foi de apenas R$ 4,48 bilhões, o menor saldo trimestral dos últimos 17
anos.
Para que
possamos avaliar o tamanho do problema, basta comparar o resultado acima ao
montante de juros pagos no trimestre, que alcançou a cifra de R$ 130, 696
bilhões. Uma diferença enorme!
Há um velho
adágio que diz: “com economia não se brinca”. Mas, ao contrário do que seria
uma política de Estado, nos últimos 12 anos o governo petista preferiu o
caminho fácil do populismo, dizendo que todos os nossos problemas estavam
resolvidos. Resta-nos, agora, o pagamento da conta, que pelo andar da carruagem
levará um bom tempo.