Por mais que o governo e as lideranças petistas agora se
esforcem para mostrar que assimilaram a vitória esmagadora do deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, a realidade é que a
humilhante derrota do candidato governista Arlindo Chinaglia (PT-SP) deixou
quase todos eles desorientados e sem rumo. Isto também corroborou para
evidenciar a divisão do partido, pela saraivada de críticas ao núcleo duro
instalado pela presidente no Palácio do Planalto.
Para a senadora Marta Suplicy (PT-SP) a derrota para a
presidência da Câmara é “inusitada” e deve-se ao “intervencionismo do governo,
indevido e atrapalhado”. Já para a corrente majoritária do PT, a qual pertence
o ex-presidente Lula da Silva - Construindo um Novo Brasil (CNB) - faltou
habilidade na articulação política, atribuída ao ministro das Relações
Institucionais, Pepe Vargas (PT-RS), e ao líder do governo na Câmara dos
Deputados, Henrique Fontana (também do PT-RS).
A resposta governista veio com a substituição de Henrique
Fontana da liderança do governo pelo deputado José Nobre Guimarães (PT-CE),
irmão do ex-deputado José Genoíno, condenado no escândalo do MENSALÃO, quando
presidia o Partido. Lembremos que o deputado José Guimarães tornou-se conhecido
nacionalmente quando um de seus assessores, José Adalberto Vieira da Silva, foi
preso ao tentar embarcar em um vôo de São Paulo para Fortaleza com US$ 100 mil
escondidos na cueca e mais R$ 200 mil em uma mala.
Entretanto, ele continuou servindo ao partido com absoluta
“competência”, fato que o levou a ser atualmente um dos principais líderes do
partido, pela habilidade que tem em defender o governo e transitar pelas
diversas correntes da agremiação petista.
Mas, voltando ao tema, a rebelião da base aliada que deu a
vitória a Eduardo Cunha não é uma resposta ao governo da péssima situação da
nossa economia, da forma herdada pela presidente de seu primeiro mandato, nem
do vultoso escândalo de corrupção que fragilizou a Petrobras ou outras mazelas
do governo. A derrota do governo se deveu, sobretudo, à arrogância (incluído a
da própria presidente) e ao projeto político de hegemonia do PT.
Quando a questão é fisiologismo a base aliada se entende
muitíssimo bem. Prova disso deu o ministro da Casa Civil, Aluísio Mercadante
(PT-SP) ao anunciar na Câmara dos Deputados que o governo já recebeu as
solicitações dos partidos. Depois, concluiu afirmando que “a partir desse
momento começam as negociações com os partidos para definir o segundo escalão e
buscar combinar o critério técnico da competência com o critério político do
apoio parlamentar.”
É essa cobrança arrogante de apoio político, em troca de
cargos, e a onipotência da presidente que desagrega a base aliada. Além do mais
não há cargos para satisfazer todo mundo.
Outro ponto que fomentou a derrota foi a iniciativa do
planalto de estimular o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, de recriar o
Partido Liberal (PL), com intuito óbvio de enfraquecer a oposição, da mesma
forma como procedeu ao lançar o PSD. Desta vez, no entanto, também com objetivo
de enfraquecer o PMDB em prol de outras legendas e da estratégia de hegemonia
do PT. Só que o governo não contava com a unidade daquele partido. Aliás, mais
uma vez o PMDB dá mostras que na hora da dificuldade ele sempre se une.
Então, como ponto positivo, a oposição vai se elevando e
também se purificando, em detrimento do que une o fisiologismo. Este é o melhor
resultado da arrogância e do projeto de hegemonia petista.
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