Passada a semana do Carnaval é fatal que cairemos no Brasil
real. E a realidade é que 2015 será um ano de grandes dificuldades, tanto na
área econômica como na política. Os estragos do primeiro mandato da presidente
Dilma Rousseff vêm se mostrando enormes, de modo que repará-los não será tarefa
fácil, se é que na área política ainda pode haver alguma reparação. O regime
democrático tem seus limites. Ultrapassá-los é quebrar as regras do jogo e
colocar o país em crise.
Quando a questão é economia, entretanto, o primeiro passo foi
dado com a nomeação de uma competente equipe econômica, sob o comando do
ministro Joaquim Levy, que goza de grande credibilidade no mercado. Resta saber
(e saberemos) se essa equipe terá condições de trabalho. São preocupantes as interferências
da presidente, como também as confabulações contra o ministro Joaquim Levy pelo
núcleo duro petista instalado no Palácio de Planalto, principalmente do
ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante (PT-SP), tido como “intrigueiro”.
Outro ponto desfavorável é a insatisfação da base aliada com
relação às medidas que mexem em regras trabalhistas e previdenciárias. Para
esse grupo, que inclui os petistas mais radicais (e retrógrados, por natureza),
o ministro Joaquim Levy é um “neoliberal”. Todavia, em economia não há remédio
milagroso que possa consertar tantos estragos.
Assim, seremos nós mais uma vez que vamos pagar a conta.
Estão aí os aumentos dos impostos, da energia elétrica e da gasolina. E tudo
indica que teremos mais aperto pela frente. Infelizmente, durante a campanha a
presidente Dilma não anunciou qualquer corte na gordura do governo, como
fizeram seus adversários. Então, também continuaremos a pagar uma máquina
pública incompetente e inchada, da forma como pagamos a corrupção desenfreada e
o loteamento do governo com seus 39 ministérios.
Contudo, resta-nos pelo menos o acerto da nomeação de Joaquim
Levy, pois seria muito triste ver o Brasil continuar caminhando no mesmo rumo
da Argentina e da Venezuela. Outro ponto de alento será a desaceleração da
inflação, prevista para o segundo semestre.
Na questão política, independente da reaparição e do uso do
marketing e das dissimulações costumeiras dos fatos, tudo indica que a
presidente Dilma Rousseff viverá neste ano o seu “inferno astral”. Os desdobramentos
da operação Lava - Jato e o distanciamento dos demais partidos da base aliada
do PT e de seu projeto de perpetuação no poder, aliados à fragilidade da
própria mandatária da nação, nos dá a certeza de um cenário totalmente
complicado.
Hoje todos olham para o PT e a presidente com muita
desconfiança, como ficou demonstrado na última pesquisa do Instituto Datafolha.
Isto abre novas perspectivas para oposição e o caminho para manifestações
populares.
A conversa entre o ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardozo,
e o advogado Sérgio Renault, da empreiteira UTC – atolada até o pescoço na
operação Lava - Jato - é o prenúncio de uma grave crise. Jamais um ministro da
Justiça poderia ter “tranquilizado” e prometido mudança nos rumos da
investigação de pessoas e empresas que estão sob fortes suspeições da Polícia
Federal e da Justiça. Isto não é gesto decente, nem Republicano!
Fica no ar que o governo petista da presidente Dilma Rousseff
se uniu às empreiteiras para fragmentar a Justiça. Não por outra razão a
direção da empreiteira UTC desistiu da delação premiada, para encobrir fatos
novos e obstruir a Justiça. É o governo trabalhando contra o próprio Brasil e
os cidadãos que pagam os custos das crises. Triste! Muito além de triste...
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