Durante visita esta semana ao Estaleiro da Base Naval de
Itaguaí, no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT-BA), não
demonstrou qualquer constrangimento em defender as empreiteiras investigadas
por corrupção e formação de cartel, pela operação Lava-Jato. Segundo ele é
prejudicial “parar o país para ficar assistindo ao espetáculo das
investigações”, como se investigar a corrupção e punir empreiteiras corruptas
fosse um grande mal para o Brasil.
As grandes empresas sempre serão necessárias, tanto no Brasil
como em qualquer outra parte, por geradoras de empregos e riqueza. Daí dizer,
citando inclusive a Odebrecht, que elas “são orgulho para a imagem do Brasil no
exterior” é um equívoco enorme. O PETROLÃO é o maior escândalo de corrupção da
nossa história e um dos maiores do mundo. Cabe, então, o mais veemente repúdio,
pelo mal à Petrobras e ao Brasil. Aliás, isto nos envergonha, já que esta
questão tornou-se difusa em toda parte do mundo.
Mas o ministro Jaques Wagner deve ter grandes razões para
defender as empreiteiras. O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli -
em cuja gestão foi esquematizada a roubalheira – logo após deixar a empresa foi
nomeado secretário de Planejamento da Bahia, durante o governo de Jaques
Wagner. Segundo o baiano Ricardo Pessoa, líder do “Clube das Empreiteiras”, sua
empresa, a UTC, foi uma das principais doadoras da campanha de Wagner ao
governo da Bahia, em 2006 e 2010. Também ajudou a custear a campanha do seu
sucessor, Rui Costa (PT-BA), nas eleições de 2014.
Com cinismo e desfaçatez, o ex-governador diz não haver
qualquer irregularidade nas obras realizadas pela UTC em seu estado.
Entretanto, os grandes caciques não deixam suas impressões digitais, pois
sempre têm elementos próprios para levar o produto da roubalheira em malas, nas
meias e nas cuecas.
Por ironia, neste mesmo dia a Petrobras era rebaixada pela
agência de classificação de risco Moody`s, perdendo o grau de investimento.
Também o ex-presidente Lula da Silva iria à Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
no Rio de Janeiro, em evento organizado pela CUT e Federação dos Petroleiros,
que nominaram “Defender a Petrobras é defender o Brasil”.
Acontece que a corrupção sistemática na Petrobras, para
financiamento de campanhas políticas patrocinadas pelo PT, PMDB e PP, começou
em 2003, no governo de Lula da Silva, quando a atual presidente era ministra
das Minas e Energia. Lembremos também que a presidente Dilma Rousseff foi por
longos anos presidente do Conselho de Administração da Companhia, quando tinha acesso a todos os dados.
Então, soa mais uma vez como cinismo e desfaçatez a
afirmativa de que esse vultoso escândalo é uma “campanha visando a
desmoralização da Petrobras” e que isto já “prejudicou a empresa e o setor em
escala muito superior a dos desvios
investigados”. A realidade, no entanto, é que nada, nada mesmo, prejudicou
tanto a Petrobras como o aparelhamento para fins político, da forma como
efetuado pelo governo petista.
As gestões dos petistas José Eduardo Dutra (PT-SE), José
Sergio Gabrielli e Maria das Graças Foster (de janeiro 2003 a fevereiro de
2015) foram um verdadeiro desastre para a Companhia. Nesse período a empresa
foi forçada a investir além da sua capacidade, se tornou uma das empresas mais
endividadas do mundo e ainda foi vitimada pela incompetência e pela roubalheira,
tal que a estatal hoje nem consegue fechar o seu balanço.
Portanto, não faz qualquer sentido a presidente Dilma
Rousseff dizer que “rebaixar a nota é falta de conhecimento do que está
acontecendo na Petrobras”, quando se refere ao aumento na classificação de
risco da Companhia pela agência Moody`s. A única causa, entretanto, é o
conjunto da obra; do que foi feito pela administração petista. Agora sobram
para a empresa os problemas e para os brasileiros fica o pagamento da conta.
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