sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Movidos pelo cinismo e pela desfaçatez

Durante visita esta semana ao Estaleiro da Base Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT-BA), não demonstrou qualquer constrangimento em defender as empreiteiras investigadas por corrupção e formação de cartel, pela operação Lava-Jato. Segundo ele é prejudicial “parar o país para ficar assistindo ao espetáculo das investigações”, como se investigar a corrupção e punir empreiteiras corruptas fosse um grande mal para o Brasil.

As grandes empresas sempre serão necessárias, tanto no Brasil como em qualquer outra parte, por geradoras de empregos e riqueza. Daí dizer, citando inclusive a Odebrecht, que elas “são orgulho para a imagem do Brasil no exterior” é um equívoco enorme. O PETROLÃO é o maior escândalo de corrupção da nossa história e um dos maiores do mundo. Cabe, então, o mais veemente repúdio, pelo mal à Petrobras e ao Brasil. Aliás, isto nos envergonha, já que esta questão tornou-se difusa em toda parte do mundo.

Mas o ministro Jaques Wagner deve ter grandes razões para defender as empreiteiras. O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli - em cuja gestão foi esquematizada a roubalheira – logo após deixar a empresa foi nomeado secretário de Planejamento da Bahia, durante o governo de Jaques Wagner. Segundo o baiano Ricardo Pessoa, líder do “Clube das Empreiteiras”, sua empresa, a UTC, foi uma das principais doadoras da campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006 e 2010. Também ajudou a custear a campanha do seu sucessor, Rui Costa (PT-BA), nas eleições de 2014.

Com cinismo e desfaçatez, o ex-governador diz não haver qualquer irregularidade nas obras realizadas pela UTC em seu estado. Entretanto, os grandes caciques não deixam suas impressões digitais, pois sempre têm elementos próprios para levar o produto da roubalheira em malas, nas meias e nas cuecas.

Por ironia, neste mesmo dia a Petrobras era rebaixada pela agência de classificação de risco Moody`s, perdendo o grau de investimento. Também o ex-presidente Lula da Silva iria à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro, em evento organizado pela CUT e Federação dos Petroleiros, que nominaram “Defender a Petrobras é defender o Brasil”.

Acontece que a corrupção sistemática na Petrobras, para financiamento de campanhas políticas patrocinadas pelo PT, PMDB e PP, começou em 2003, no governo de Lula da Silva, quando a atual presidente era ministra das Minas e Energia. Lembremos também que a presidente Dilma Rousseff foi por longos anos presidente do Conselho de Administração da Companhia, quando tinha acesso a todos os dados.

Então, soa mais uma vez como cinismo e desfaçatez a afirmativa de que esse vultoso escândalo é uma “campanha visando a desmoralização da Petrobras” e que isto já “prejudicou a empresa e o setor em escala muito superior  a dos desvios investigados”. A realidade, no entanto, é que nada, nada mesmo, prejudicou tanto a Petrobras como o aparelhamento para fins político, da forma como efetuado pelo governo petista.

As gestões dos petistas José Eduardo Dutra (PT-SE), José Sergio Gabrielli e Maria das Graças Foster (de janeiro 2003 a fevereiro de 2015) foram um verdadeiro desastre para a Companhia. Nesse período a empresa foi forçada a investir além da sua capacidade, se tornou uma das empresas mais endividadas do mundo e ainda foi vitimada pela incompetência e pela roubalheira, tal que a estatal hoje nem consegue fechar o seu balanço. 


Portanto, não faz qualquer sentido a presidente Dilma Rousseff dizer que “rebaixar a nota é falta de conhecimento do que está acontecendo na Petrobras”, quando se refere ao aumento na classificação de risco da Companhia pela agência Moody`s. A única causa, entretanto, é o conjunto da obra; do que foi feito pela administração petista. Agora sobram para a empresa os problemas e para os brasileiros fica o pagamento da conta.

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