O ponto alto
do ministério anunciado para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff foi
o da escolha da equipe econômica. Mais quatro anos de Guido Mantega no comando
do Ministério da Fazenda e de Arno Augustin na Secretaria do Tesouro Nacional o
grau de confiança no Brasil chegariam ao fundo do poço. O uso indiscriminado da
chamada “contabilidade criativa” - para fechar as contas públicas
descontroladas -, a inflação alta e a estagnação da economia há tempo dão
sinais claros da necessidade de mudanças.
Resta agora
saber se a nova equipe econômica, sob a batuta do novo ministro da Fazenda
Joaquim Levy, terá autonomia para realizar a “correção de rumos”, conforme
anunciada. A própria presidente poderá ser um obstáculo. Um claro sinal foi
dado ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que se viu desautorizado ao
dizer que o governo enviaria uma nova proposta ao Congresso Nacional mudando as
regras de correção do salário mínimo. Teve que desmentir o que disse. Uma
lástima!
Outro fator
negativo certamente será a resistência do partido majoritário à adoção das
medidas necessárias. Logo no primeiro discurso de Joaquim Levy, ao tomar
posse no Ministério da Fazenda, mal acabou o pronunciamento começou uma
saraivada de críticas das diversas alas petistas. A adoção de medidas
impopulares, seguidas de corte nos gastos do governo para reorganizar a
economia incomoda o partido.
Nas finanças
públicas, tal como na das famílias e das empresas, não é possível realizar
mágicas e gastar mais do que se arrecada. Quando isto acontece, paga-se um
preço. Então, não é nenhum demérito a adoção de políticas neoliberais, como
quer fazer crer muitos petistas. Mal maior fez a presidente Dilma Rousseff ao
dizer durante o período da campanha o que não faria e depois fazer justamente o
que disse que não faria. Contudo, felizmente, com esse erro ela acerta ao
abdicar da política econômica equivocada do primeiro mandato.
Quanto aos
demais ministérios, pelos nomes anunciados é patente que quase nada mudou.
Prevaleceu para neste segundo mandato a política do toma lá dá cá, em
detrimento da competência técnica, da meritocracia. Deste modo, mais uma vez
começamos a assistir o loteamento do governo em troca do apoio política na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Uma síntese
deste despropósito, tão perverso às instituições brasileiras, pode ser
observada com a nomeação do pastor George Hilton, da igreja Universal do Reino
de Deus, para o Ministério do Esporte. Hilton não tem qualquer experiência
anterior na área. É um leigo! Como mérito ele diz entender “de gente”. Mas sabe
fugir de jornalistas quando o assunto são as malas de dinheiro flagradas com
ele em um aeroporto.
Por isto,
valeu a nota dos Atletas pelo Brasil, em protesto contra a indicação de Hilton,
onde se lê: - Exigimos muito mais respeito com tudo que envolve o tema
Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os
critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro.
Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado como barganha
política... o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que
está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.
Notas como esta caberiam perfeitamente em
muitas outras pastas, o que comprova que o país está sendo colocado em segundo
plano com a política adotada nos últimos anos. Não é por outro motivo que na
América do Sul crescemos menos que a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Paraguai e
o Peru. Está aí também para comprovar o vergonhoso escândalo do que
transformaram a Petrobras.
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