sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O desconhecimento e a desinformação – Aí mora o perigo!

Na semana em que a presidente Dilma Rousseff (PT-RS) sanciona a Lei estipulando o “Dia Nacional do Milho”, mais uma vez os valores das ações da Petrobras despencaram, com prejuízos enormes aos acionistas, pelo “PETROLÃO”. Segundo a Lei, o “Dia Nacional do Milho, destinado a estimular e orientar a cultura do milho, será comemorado anualmente, em todo território nacional, na data de 24 de maio”. Uma data “realmente importantíssima”, para a agricultura e o agricultor brasileiros.

Sobre os problemas da roubalheira que tomou conta da Petrobrás, o “PETROLÃO”, mais uma vez o silêncio, agora durante a reunião ministerial. O destaque ficou por conta da orientação aos ministros, para que enfrentem “o desconhecimento e a desinformação, sempre e permanentemente”, porque, segundo a presidente, “nós não podemos permitir que a falta de informação se crie e se alastre”. E ainda, em tom incisivo, determinou a cada um dos ministros: “Reajam aos boatos! Levem a posição do governo à opinião pública”. 

Pelo tom da presidente, bem como pelo que se percebe nas entrelinhas das entrevistas concedidas pelos governistas, algo similar ao que “o MENSALÃO NÃO EXISTIU” encontra-se a caminho, para não responsabilizar o governo, as empresas e os partidos envolvidos: o PT, PMDB e PP. Por isto, também a defesa das empresas, quando ela diz que “nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, ela são essenciais para o Brasil”.

Prevalecendo essa linha, a responsabilidade recairia apenas sobre os doleiros que intermediaram as falcatruas, funcionários e ex-diretores das empresas envolvidas - inclusive da Petrobras -, e os bagrinhos pequenos, que recolhiam e entregavam o dinheiro para os partidos e os tubarões da política. Daí a reação e o grito dos advogados das empreiteiras, ao afirmar em suas defesas que essas empresas eram extorquidas, não livrando os políticos.

Não é também por outro motivo a reação do Ministério Público Federal. Em entrevista concedida ao jornal “O Globo” o procurador Deltam Dellagno, que integra a força-tarefa que investiga o caso, desdiz a presidente. Segundo ele “as empreiteiras são protagonistas de um grande e danoso esquema criminoso de sangria de recursos públicos”. E completa dizendo: “se as empresas se organizam em cartéis para fraudar licitações e aumentar ilegalmente suas margens de lucro, não faz sentido alegar que foram vítimas de achaques por seus cúmplices”.

Pelo que se vê não faltaram argumentos na tentativa de desacreditar a investigação e as autoridades envolvidas. Para o ex-ministro Gilberto Carvalho (PT-SP), o esquema de corrupção da Petrobrás para abastecer o PT e os outros partidos tem por finalidade “prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência em 2018”. Assim, tudo não passaria de uma trama entre a oposição e a imprensa independente.

O que os partidos e políticos envolvidos defendem é que o dinheiro arrecadado das empreiteiras resulta de doações normais de campanha, e que nenhum deles sabia que se tratava de dinheiro sujo.


Enfim, teremos ainda muitos fatos pela frente, entre eles a nomeação de novos ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF), que poderão aceitar ou não as teses dos políticos, por ocasião do julgamento. Como esses ministros serão indicados pela presidente Dilma Rousseff, depois aprovados pelo Senado Federal, faz-se necessário, mais que nunca, que a sociedade organizada esteja atenta.  

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Fazendo o diabo e o que disse que não faria

Em março de 2013, durante reunião com prefeitos em João Pessoa (PB), a presidente Dilma Rousseff (PT-RS) pronunciou em alto e bom som, que podemos fazer o diabo quando é hora de eleição. E assim foi feito durante a campanha, quando não faltaram argumentos para desqualificar os adversários, mesmo que não ancorados em fatos e verdades. Também não faltaram reiteradas promessas de que nada mudaria para piorar a vida dos brasileiros. Pelo contrário, o que mudasse só seria para melhorar.

Então, como o diabo encontrava-se solto, a presidente Dilma Rousseff, sob a direção do marqueteiro político João Santana, alimentado por milhões e milhões de dólares, pintou para os brasileiros um Brasil que não existia: Um Brasil sem crise, crescendo às mil maravilhas. Os problemas eram sempre atributos dos adversários, chamados de pessimistas e outras qualificações para desacreditá-los diante da platéia eleitora. O circo estava formado, com o diabo junto.

Agora, vencida as eleições e ainda no primeiro mês depois da posse, comprova-se que a situação do país está muitíssimo pior do que a presidente pintava. Não é por outra razão, que ela se viu obrigada a dispensar seu ex-ministro da Fazenda e amigo, Guido Mantega (PT-SP), e se socorrer no ex-diretor do Bradesco, Joaquim Levy, para conduzir o equilíbrio fiscal clamado pelo mercado, com intuito de melhorar e restabelecer a credibilidade em nossa economia.

Interessante, é que durante a campanha presidencial a candidata-presidente não se cansou em demonizar o economista Armínio Franga, candidato ao Ministério da Fazenda de seu principal adversário, Aécio Neves (PSDB-MG). Entretanto, na hora do socorro se vê obrigada a nomear um ministro ainda mais ortodoxo, sem qualquer lastro ideológico e político com o seu partido. E ainda sendo criticado.

E o que fez o ministro Joaquim Levy para redirecionar os rumos da economia? Não é justamente o que a presidente-candidata disse que não faria? Aumentou os juros e os impostos, mudou os direitos e benefícios adquiridos pelos trabalhadores e cortou o orçamento da educação. A gastança e a insipiência de gestão no primeiro mandato da presidente Dilma resultaram nisso!

Agora todos os brasileiros são chamados para pagar a conta. Infelizmente, até aqui não vimos nenhuma medida de contenção de gastos, que não fosse o corte no orçamento. O número de ministérios continua o mesmo (trinta e nove), nenhum cargo de comissão foi extinto e o loteamento do governo é feito no mesmo molde do mandato anterior.

O mesmo acontece com relação à roubalheira instituída pelo governo petista na Petrobrás. Em um momento em que o preço do petróleo diminui para menos da metade no mercado internacional, nós brasileiros temos o preço do combustível aumentado para pagar os rombos. Com relação à energia elétrica, foram 20% de desconto antes das eleições, com direito a pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. Agora serão 40% de aumento, para todos os consumidores. Uma enganação!

Com o aumento dos impostos - que oneram as famílias e as empresas -, da gasolina e da energia elétrica, fatalmente a inflação ficará ainda mais distante do centro da meta (4,5%). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já prevê que até o ano de 2017 estaremos fadados a conviver com o desemprego. A mesma OIT há anos atrás anunciara que o crescimento do Brasil, baseado na expansão do crédito, não seria sustentável. Só o governo petista não viu...


Com todos esses fatos, e os seus “consertos” com amargos remédios, somos ainda obrigados a ouvir que não houve apagão; que está tudo na mais perfeita ordem. Valha-nos DEUS, para que todos nós não sejamos ainda chamados de idiotas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Impunidade, aliada do esquecimento e da apatia

A prisão do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, trouxe de volta às manchetes um tema que na última semana já estava ficando esquecido: O escândalo do PETROLÃO. O jornalismo é assim, quando surgem novos acontecimentos com grande repercussão, a notícia que estava em voga torna-se rapidamente colocada de escanteio. Por isto, diz-se que a notícia é sempre efêmera, com um tempo muito curto de duração.

Os políticos adoram essa efemeridade da notícia, porque o escândalo de hoje pode se tornar velho amanhã, como se não mais tivesse relevância. Pode até mesmo cair no esquecimento público.  Assim, daqui a algum tempo, ninguém mais se lembrará de que o Tribunal de Contas da União apurou um prejuízo à Petrobras e ao país de U$ 792,3 milhões de dólares, com a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

O escândalo do PETROLÃO, entretanto, tem se mantido há bastante tempo na mídia, não só pelo tamanho do rombo que deram à Petrobras, mas também porque a cada semana surgem fatos novos, o que demonstra a extensão do conluio; do esquema de corrupção montado. Por isto, o PETROLÃO é de longe muito maior do que o MENSALÃO, que até então era considerado o maior escândalo político da história republicana do nosso país.

Pode-se dizer, portanto, que o PETROLÃO é o maior escândalo de corrupção da nossa história. Implica em valores bilionários superfaturados em várias obras de grande porte, em aluguéis de plataformas de extração de petróleo, na utilização de dinheiro em propaganda sem a contrapartida de serviço, etc... etc... Envolve desvio de dinheiro em todas as áreas da companhia. Envolve valores enormes!

O escândalo vem lá de longe. Antes mesmo do ex-presidente Lula da Silva aparecer vendendo o pré-sal com as mãos borradas de petróleo. Tudo começou quando o ex-presidente nomeou o professor José Sérgio Gabrielli, petista roxo de carteirinha, para presidir a companhia. Naquele ato privatizava-se para um partido político, o PT, a companhia orgulho dos brasileiros.

Mas, por desfaçatez e cinismo, era a oposição que queria privatizar a Petrobras. Vendia-se lebre, enquanto nos bastidores soltavam-se os gatos para dilapidarem o patrimônio da Petrobras e seus acionistas, muitos deles de pequeno porte, que aplicaram o seu FGTS acreditando no governo petista.

Pelos depoimentos do ex-diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef, feitos à Justiça Federal e à Procuradoria Geral da República a título de delação premiada, a roubalheira começou em 2003, no governo de Lula da Silva. Antes, certamente, também havia superfaturamentos, mas não em intensidade tão grande e valores tão vultosos. Assim, não podemos duvidar de que estejam envolvidos muito mais diretores, funcionários e políticos.

Pior é que segundo os investigadores da Procuradoria Geral da República, que atuam diretamente no caso, “não há indícios de que o esquema criminoso foi estancado. Pelo contrário, há notícias de pagamentos de propinas efetuadas por empresas para diretores da Petrobras mesmo em 2014”, o que evidencia que o esquema continua.


Então, que o escândalo do PETROLÃO não se apague sem que a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Justiça Federal apurem tudo o que for possível, para que todos os culpados sejam exemplarmente punidos. A impunidade já causou muito mal ao Brasil. 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Toma lá dá cá – E o país no segundo plano

O ponto alto do ministério anunciado para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff foi o da escolha da equipe econômica. Mais quatro anos de Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda e de Arno Augustin na Secretaria do Tesouro Nacional o grau de confiança no Brasil chegariam ao fundo do poço. O uso indiscriminado da chamada “contabilidade criativa” - para fechar as contas públicas descontroladas -, a inflação alta e a estagnação da economia há tempo dão sinais claros da necessidade de mudanças.
Resta agora saber se a nova equipe econômica, sob a batuta do novo ministro da Fazenda Joaquim Levy, terá autonomia para realizar a “correção de rumos”, conforme anunciada. A própria presidente poderá ser um obstáculo. Um claro sinal foi dado ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que se viu desautorizado ao dizer que o governo enviaria uma nova proposta ao Congresso Nacional mudando as regras de correção do salário mínimo. Teve que desmentir o que disse. Uma lástima!
Outro fator negativo certamente será a resistência do partido majoritário à adoção das medidas necessárias.  Logo no primeiro discurso de Joaquim Levy, ao tomar posse no Ministério da Fazenda, mal acabou o pronunciamento começou uma saraivada de críticas das diversas alas petistas. A adoção de medidas impopulares, seguidas de corte nos gastos do governo para reorganizar a economia incomoda o partido.
Nas finanças públicas, tal como na das famílias e das empresas, não é possível realizar mágicas e gastar mais do que se arrecada. Quando isto acontece, paga-se um preço. Então, não é nenhum demérito a adoção de políticas neoliberais, como quer fazer crer muitos petistas. Mal maior fez a presidente Dilma Rousseff ao dizer durante o período da campanha o que não faria e depois fazer justamente o que disse que não faria. Contudo, felizmente, com esse erro ela acerta ao abdicar da política econômica equivocada do primeiro mandato.
Quanto aos demais ministérios, pelos nomes anunciados é patente que quase nada mudou. Prevaleceu para neste segundo mandato a política do toma lá dá cá, em detrimento da competência técnica, da meritocracia. Deste modo, mais uma vez começamos a assistir o loteamento do governo em troca do apoio política na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Uma síntese deste despropósito, tão perverso às instituições brasileiras, pode ser observada com a nomeação do pastor George Hilton, da igreja Universal do Reino de Deus, para o Ministério do Esporte. Hilton não tem qualquer experiência anterior na área. É um leigo! Como mérito ele diz entender “de gente”. Mas sabe fugir de jornalistas quando o assunto são as malas de dinheiro flagradas com ele em um aeroporto.
Por isto, valeu a nota dos Atletas pelo Brasil, em protesto contra a indicação de Hilton, onde se lê: - Exigimos muito mais respeito com tudo que envolve o tema Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro. Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado como barganha política... o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.

Notas como esta caberiam perfeitamente em muitas outras pastas, o que comprova que o país está sendo colocado em segundo plano com a política adotada nos últimos anos. Não é por outro motivo que na América do Sul crescemos menos que a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Paraguai e o Peru. Está aí também para comprovar o vergonhoso escândalo do que transformaram a Petrobras. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Sabinada – O Levante


Cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Noite de quinta-feira do dia 6 de novembro de 1837. O exaltado Francisco Sabino Vieira, ao lado de João Carneiro da Silva Rego, Manoel Gomes Pereira e mais dois militares revoltosos, entra no Forte de São Pedro. Todo o corpo da artilharia o esperava, inquieto. Chegara a hora da Bahia declarar a sua autonomia política e o Federalismo, não conquistados em tentativas anteriores.

A mobilização já contava com o maciço apoio da camada média urbana, incluindo um grande contingente de militares radicados na capital. A insatisfação era enorme e expandia-se por diversas parte do interior. A escassez de produtos básicos, a carestia e o recrutamento forçado para combater os farroupilhas no sul do Brasil eram problemas comuns de toda a Bahia. Daí a desilusão com a independência e com a corte no Rio de Janeiro, que emanava a imagem de substituir Portugal - O Rio de janeiro agora era visto com um fardo, preocupada apenas em carrear cada vez mais recursos da província, tal como se ela fosse agora sua colônia.

Todo esse descontentamento favorecia a difusão do movimento, corroborando com que as notícias da trama circulassem pela cidade sem qualquer parcimônia. O periódico “Novo Diário da Bahia”, editado por Sabino, ajudava a inflamar ainda mais os ânimos. As autoridades, todavia, teimavam em subestimar os acontecimentos. O comandante das armas, Luiz de França Pinto, por benevolente, não se furtava em defender cada uma das cabeças que conspiravam, dizendo confiar nelas. O presidente da província, Francisco de Souza Paraíso, por sua vez, ficava sempre solidário a ele. 

Então, quando essas autoridades tomam conhecimento da revolta, conforme nos conta o historiador Antônio Risério, em "Uma História da Cidade da Bahia", são obrigadas a passar a noite e madrugada concentrando soldados e marinheiros, cerca de 300 homens armados, na Praça da Piedade. Na hora H são pegas de surpresa. Em vez de obedecer ao comando de carregar armas, soldados jogam balas no chão. Passavam para o outro lado.

Assim, na impossibilidade de resistência, os partidários do império são compelidos a refugiarem-se na região do Recôncavo, de onde passam a organizar a reação, com o apoio da aristocracia rural baiana.  

Com o território livre, os revoltosos realizam na manhã do dia 7 uma sessão extraordinária na Câmara de Vereadores, onde decretam o desligamento de toda província “do governo denominado central do Rio de Janeiro”. A Bahia se autodenominava livre e independente. Para presidente, Francisco Sabino indicou Inocêncio da Rocha Galvão, refugiado nos Estados Unidos, depois de ser acusado de assassinar o presidente das armas em 1824; para vice-presidente foi escolhido João Carneiro da Silva Rego, que assumiu o governo provisório, pela ausência do primeiro. Coube a Sabino a Secretaria Geral de Governo.

No entanto, Francisco Sabino seria o líder de fato do movimento. A aparente função secundária decorria de seu temperamento violento e radical, bem como da suposta prática do homossexualismo, não aceito na época. Sabino ainda carregava nas costas o peso da morte de sua mulher, Joaquina Gonçalves, quando ela contava com apenas 25 anos, bem como do assassinato de dois de seus desafetos.  

Segundo o inquérito policial sobre a morte de Joaquina, consta no depoimento de seis testemunhas que Sabino a teria agredido, após ser encontrado por ela na rede “servindo-se de um homem preto como se fora mulher”, nas palavras de uma delas. Por outro lado, não deixava de ser um destacado intelectual da Cidade da Bahia, onde exercia a cátedra de professor de medicina e o jornalismo.

O início da Sabinada guardaria outra contradição: Na ata da assembléia realizada no dia 11 de novembro, acrescentou-se que a independência da Bahia seria até o príncipe D. Pedro completar a maioridade, para satisfazer os monarquistas. Porém, outro grupo dos líderes, entre eles Sabino, pregava a revolução Federalista e a fundação da República Bahiense.