O ex-bilionário Eike Batista, símbolo de empresário bem
sucedido do Brasil “desenvolvido e rico” dos últimos anos, conforme
oficialmente anunciado, não conseguiu entrar em acordo com os credores. Sua
empresa na área de exploração de petróleo, a OGX, não encontrou alternativa que
não fosse recorrer a um pedido de recuperação judicial, na tentativa de ganhar
fôlego e sobreviver mais um pouco.
Eike Batista alcançou destaque internacional tornando-se um
dos dez homens mais ricos do mundo, após fazer uma fortuna (ou bolha?) avaliada
em torno de US$ 34,5 bilhões. Dizia-se um empresário de sorte, que “onde furava
encontrava”. Também propagava aos quatro cantos, sem qualquer modéstia, que
seria “o empresário mais rico do mundo - o primeiro a alcançar uma fortuna de
US$ 100 bilhões”.
Em sua fase áurea, a OGX atingiu o valor de mercado de R$
75,2 bilhões. No início desta semana o valor da companhia chegou a R$ 745,0
milhões, com o preço das ações despencando.
Entre os principais credores das companhias de Eike está o
governo brasileiro, através da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Estes agentes financeiros públicos
amargarão grandes prejuízos, mesmo que no futuro próximo a OGX consiga firmar
um acordo, evitando a decretação da falência pela justiça.
Todo o dinheiro emprestado pelo BNDES é resultante da venda
de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. A taxa de referência para o
pagamento dos juros desses títulos é a Selic, que atualmente é de 9,5% ao ano.
No entanto, os empréstimos são realizados com juros subsidiados, em muitos
casos, menores que 6% ao ano. A diferença, favorável aos empresários que giram
em torno do governo, é bancada pelos impostos e contribuições pagos pelos
brasileiros.
Vale escutar, portanto, o que disse Míriam Leitão em sua
coluna de ontem, ou seja, que “os bancos públicos devem vir a público –
principalmente o BNDES, que é financiado com o endividamento do Tesouro – e
informar o grau de sua exposição, o tamanho dos empréstimos, o percentual de
suas participações e por quanto essas ações foram compradas e quanto valem
hoje”.
Essa transparência é mais que necessária por obrigação desses
bancos e do próprio governo, que conduzem a gestão pública.
Neste cenário tudo é muito ruim, a começar pela imagem de
Eike Batista atrelada à do Brasil no exterior. Aliás, há tempo nossa imagem vem
sofrendo um processo de desgaste, ao ponto do próprio Fundo Monetário
Internacional (FMI) alertar as autoridades econômicas brasileiras acerca da
fragilidade da política fiscal vigente. Também as agências internacionais de
classificação de risco ameaçam rebaixar o grau de investimento do Brasil.
No último setembro as contas públicas apresentaram o pior
déficit histórico, no mesmo mês, em 16 anos. Para melhorar o resultado a
presidente Dilma Rousseff aprovou a ampliação da participação estrangeira no
capital do Banco do Brasil, de 20% para 30 % das ações, entre outras medidas
que objetivam aumentar as receitas e viabilizar a entrada de recursos externos.
Por mais que o governo diga o contrário, há sinais de sobra
de que as coisas para o Brasil não andam tão boas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário