Depois de quase oito anos, felizmente está chegando ao fim o
processo do MENSALÃO. Não há anormalidade alguma no cumprimento das penas pelos
condenados. Na realidade, chegou a hora deles responderem por seus atos, como qualquer
cidadão comum que comete delito. Anormal seria se a sentença houvesse sido
diferente e mais uma vez fossemos obrigados a engolir a impunidade, que
continua infestando os nossos três poderes.
Quem acompanhou todo o processo, com isenção e sem bandeira
partidária, pôde observar a forma dissimulada com que tentaram, a todo
instante, levar o processo para o tapetão. Isto desde a denúncia do ex-deputado
Roberto Jefferson, quando o então presidente Lula da Silva atribuiu em
entrevista ensaiada, em Paris, a compra de votos a um “caixa dois”, dito como
“normal”, como se “caixa dois” não fosse crime.
Lamentável que essa versão tenha sido engendrada pelo então
ministro da Justiça, o renomado criminalista Márcio Thomaz Bastos. Aliás, não
faltou a Thomaz Bastos criatividade para embaralhar e tentar encobrir os
fatos.
Depois tivemos a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI), que mais uma vez acabou em pizza, com a absolvição dos
“mensaleiros”. A absolvição dos
políticos foi concluída vergonhosamente, com direito à exibição da dança da
vaca louca, protagonizada pela ex-deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), no
plenário da Câmara dos Deputados.
Já na fase de pré-julgamento, o Supremo Tribunal Federal
(STF) viveu uma das fases mais triste da sua história: o ministro Ricardo
Lewandowski segurando o processo, na espera da aposentadoria dos ministros
Cézar Peluso e Ayres Britto; a participação de Dias Toffoli, ex-assessor de
José Dirceu na Casa Civil e o começo do aparelhamento do STF; a tentativa de
aliciamento do ministro Gilmar Mendes pelo ex-presidente Lula da Silva, etc.
Outro episódio lamentável e triste foi a tentativa de
linchamento do honrado Procurador Geral de República, Dr. Roberto Gurgel, já no
início do julgamento. Nessa fase veio a “demonização” da imprensa independente,
da oposição democrática – dita golpista – e ataques massivos ao STF. Qualquer
pessoa de mediana inteligência compreendeu que a verdadeira farsa tinha a
intenção de mudar a história, dissimulando que “o MENSALÃO não existiu”.
Agora o alvo é o presidente do STF, o ministro Joaquim
Barbosa. Não lhe faltam insultos e até ilações racistas. Mas, com altivez, o
ministro vem demonstrando firmeza no cumprimento de suas funções, sem se deixar
intimidar.
Esta semana o líder do governo na Câmara dos Deputados, José
Guimarães (PT-CE), irmão do “mensaleiro” José Genuíno, voltou a dizer que “o
MENSALÃO não existiu”; que o julgamento foi “político”; que os dirigentes
petistas “não são corruptos”, classificando-os como “construtores da
democracia”. Uma fala risível, destoante dos fatos.
Lembremos que José Guimarães é o mesmo que teve o assessor
preso pela Polícia Federal, no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília,
carregando US$ 465 mil nas meias e na cueca.
Outro fato risível é a dissimulação de angariar fundos na
organização de jantar, para o pagamento das multas aplicadas pelo STF aos
“mensaleiros”. Em entrevista na TV, o presidente petista, Rui Falcão, até
tentou simular um choro. É claro que não falta dinheiro para a elite política
que ora ocupa o poder, haja vista os custos milionários dos advogados de
defesa.
Que os condenados cumpram suas penas e tudo isto termine.
Para a história ficará que o MENSALÃO foi o maior escândalo político da era
Republicana do Brasil. Como diz o ditado popular: “a verdade tarda, mas não
falha”.
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