A Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico
(OCDE) divulgou na última terça-feira o resultado do exame do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), relativo ao ano de 2012. O PISA é
realizado a cada três anos, e consiste na aplicação de provas que avaliam a
capacidade de interpretação da leitura e conhecimentos de matemática e
ciências, para os alunos com idade de 15 anos.
Nesta edição o Brasil ficou na 58ª posição, entre 65 países
analisados. Na anterior, realizada em 2009, ocupávamos a 53ª posição,
comparando o mesmo conjunto de países. Mesmo assim, o Brasil avançou um ponto,
resultante da melhoria na avaliação de Matemática, cuja nota saltou de 389 para
391 pontos. Em Ciências foram mantidos os mesmos 405 pontos, enquanto em Leitura
houve uma piora de avaliação: de 411 para 410.
Desde que o Brasil passou a participar deste programa, no ano
2000, este foi o pior triênio da avaliação brasileira, o que demonstra que
quando se trata de melhoria na qualidade da educação continuamos a patinar, não
obstante ao aumento dos recursos aplicados no período e ao que é anunciado
pelos governos.
Segundo Marcelle Ribeiro Andreas Schleicher, vice-diretor de
Educação da OCDE, em entrevista ao “O Globo”, nosso país “foi bem sucedido em
levar mais crianças à escola... Houve também aumento dos investimentos em
Educação e progresso na atração dos melhores professores para salas de aula
desafiadoras. Mas ainda há muito a fazer. A situação econômica das crianças
ainda é um poderoso condutor do sucesso escolar do país”.
Um dos pontos apontados como problema do baixo rendimento dos
nossos alunos, ainda é o montante dos recursos financeiros aplicados. Aqui
gastamos R$ 64 mil por aluno do ensino básico, dos seis aos 15 anos, o que
representa menos de um terço do que gastam os países desenvolvidos, que também
foram avaliados pelo PISA. Estes gastam em torno de R$ 200 mil por aluno,
durante esta mesma faixa etária.
Outro ponto é que nem tudo na Educação será resolvido com o
aumento dos recursos financeiros. “Para avançar mais, o país terá que promover
reformas profundas”, da forma como diz Priscila Cruz, diretora-executiva da ONG
“Todos pela Educação”. Estas reformas, entretanto, sempre são retardadas pela
gestão eminentemente política do sistema, em todos os níveis. Exemplo claro é a
nomeação de secretários e ministros sem especialização e vivência na área.
Mas a questão que inicialmente tem que ser enfrentada é a
qualidade das escolas e dos professores, pois como diz Andreas Schleicher
“crianças mais pobres precisam ter acesso às melhores escolas”, de maneira que
compreendam “que o aprendizado vai mudar a vida delas, no futuro”. É isto o que
incentiva as crianças e faz diferença, evitando a evasão escolar.
Infelizmente, a Educação no Brasil continua ainda negligenciada.
Os bons professores - aqueles que se esforçam em classe para valorizar o aluno
- têm a mesma remuneração de professores medíocres, inclusive muitas vezes
ainda são marginalizados. Temos o hábito de não valorizar a meritocracia - a
eficiência - e nos acostumamos a passar a régua por baixo. Nem mesmo sabemos
valorizar as melhores escolas.
Neste sentido Schleicher nos dá uma aula em sua entrevista ao
“O Globo”, ao citar como exemplo os países asiáticos, principalmente pelo alto
valor que eles dão à Educação. Um caso exemplar é a China, que tem um
contingente enorme de crianças pobres, mas que consegue atrair para suas
escolas “professores muito qualificados”.
Com muito esforço, seguindo os exemplos de países bem
sucedidos, tal como os asiáticos, o Brasil poderá se igualar aos países
desenvolvidos em 2030, conforme opinião dos especialistas. Caso contrário,
continuaremos susceptíveis aos discursos dos oportunistas e comprometendo o
nosso futuro. Não se muda um país com mágica, mas com comprometimento,
dedicação e trabalho.
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