Antes da condenação dos réus do MENSALÃO do PT os alvos da
fúria petista eram o Ministério Público, a oposição “golpista” e a imprensa
“monopolista”. Até então, o Supremo Tribunal Federal (STF) estava preservado,
porque a cúpula do partido julgava que os “cumpanheiros” seriam inocentados,
acreditando na impunidade e na subserviência dos ministros indicados pelo
ex-presidente Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff.
Não foram poucas as manifestações em favor dos réus, na
tentativa de confundir a opinião pública e influenciar o julgamento do STF.
Mesmo diante de tantas evidências e da robustez das provas, levantadas pela
Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República, o discurso petista
sempre foi unívoco, de que “o MENSALÃO não existiu”.
O barco da tática petista começou a afundar quando o ministro
Gilmar Mendes veio em público denunciar o ex-presidente Lula da Silva, pela
tentativa de aliciá-lo a inocentar os mensaleiros, durante encontro promovido
pelo ex-ministro Nelson Jobim, em Brasília. Depois, com a condenação dos réus,
a Suprema Corte e os ministros do STF, que não se curvaram às pretensões
petistas, passaram a ser tratados com ódio, como reais inimigos do PT.
Daí a vontade de “vingança”, como disse o ministro Marco
Aurélio Mello na semana passada, quando se referia à aprovação da PEC nº 33,
pela Comissão de Comissão e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, com a
pretensão de subjugar decisões do STF à aprovação do Congresso Nacional ou de
submetê-la ao sim ou não plebiscitário.
Assim, o partido do governo, no afã de se manter no poder -
movido por radicalismo e arrogância - dá provas inequívocas de que perdeu a
sensibilidade de perceber, que nem tudo poder ser feito em um Estado
Democrático de Direito; que há limite, mesmo dispondo de uma massiva maioria no
Congresso Nacional.
Mas reconhecer os erros e procurar acertá-los parece não ser
uma virtude do PT. Isto bem demonstrou o deputado Marcos Maia (PT-RS): Enquanto
os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), respectivamente, procuravam amenizar os
conflitos com o STF, visitando o ministro Gilmar Mendes no início desta semana,
o deputado falava em nova Proposta de Emenda Constitucional (PEC), desta vez
para proibir a concessão de qualquer liminar pelo STF.
Outros deputados do PT, e do parceiro PCdoB, ainda usavam da
tribuna do Senado e da Câmara dos Deputados para atacar o ministro Gilmar
Mendes e o STF, como se os membros daquela Suprema Corte estivessem obrigados a
satisfazer os seus desejos.
É por todos esses motivos que a sociedade civil tem que se
postar em alerta, contra a tentativa dos partidários do governo de tirar dos
Ministérios Públicos Estaduais e Federal a competência de realizar
investigações criminais. Nesse sentido a PEC nº 37 é uma grande ameaça.
Os fatos demonstram que o abuso de poder tem que ser
limitado. Além do mais, aprovar o cerceamento dos Ministérios Públicos é abrir
as portas para a corrupção e a dominação do Estado pelo crime organizado.
Por fim, os mesmos que agora jogam lenha na fogueira,
reclamando de interferências do STF nas decisões legislativas, são os mesmos
que submetem o Congresso Nacional às decisões do Executivo. Não é por outro
motivo que o parlamento brasileiro vive em função da aprovação de Medidas
Provisórias.
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