Pela quarta vez consecutiva o mercado reduziu a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano. Agora a previsão de crescimento é de apenas 1,73%, muitíssimo menor que a estimativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que era de 4,5%. Para o setor da indústria as expectativas são ainda piores, pois os indicadores apontam para uma retração, ou seja, para um resultado negativo de 1,55%.
O fraco crescimento do PIB já reflete nas receitas do governo. Pelo segundo mês consecutivo a arrecadação teve queda real; no mês de julho último despencou 7,35%, quando comparada ao mesmo mês do ano passado, conforme divulgado pela Receita Federal nesta semana.
Embora a arrecadação ainda apresente um aumento real de 1,89% neste ano, com relação ao mesmo período do ano passado, os números indicam que a economia do Brasil, mesmo com os incentivos concedidos pelo governo, ora vivencia um período de crise muito mais abrangente do que era esperado. Em função disto o crescimento da receita tende a estagnar.
Diante desse quadro são extremamente inoportunas as greves deflagradas por diversas categorias dos servidores públicos federais, com pouquíssimas exceções, como as das universidades. A conjuntura de hoje é muito diferente da era de Lula da Silva, quando nossa economia navegava em céu de brigadeiro, empurrada pelo crescimento do mundo, e a situação permitia aumentos generosos.
Hoje a maioria das categorias em greve tem salários e outras vantagens muito mais atraentes que na iniciativa privada.
Vale observar que os 350 mil servidores que paralisaram as atividades nos últimos meses - quase 70% do efetivo – são representados por sindicatos e confederação ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Há evidências claras, portanto, que essas greves fazem parte de um movimento político de um segmento do próprio PT, insatisfeito com os rumos da presidente Dilma Rousseff, quer pela “limpeza” realizada recentemente na herança recebida de Lula da Silva, ou pela mudança do próprio estilo de governo, que tirou da CUT parte da importância que anteriormente lhe era atribuída.
As evidências desse viés político são latentes. Há reivindicações que chegam perto do absurdo, tal como a proposição de salários maiores que o de ministros e da presidente da república, para pessoal de nível médio. É lógico que pretensões deste porte só podem ter objetivos políticos. Não podem ser sérias!
Pelos cálculos do Ministério do Planejamento, se concedidos os aumentos pleiteados o valor da folha de salários aumentaria R$ 92 bilhões/ano. Isto implicaria, irremediavelmente, na necessidade de elevar impostos, fato que a sociedade e as empresas, em crise, não suportariam, ou na suspensão imediata das obras de infraestrutura necessárias, ora em curso.
Assim, a CUT beira às margens da irresponsabilidade, como na chamada operação tartaruga realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que chegou a comprometer os estoques de medicamentos essenciais. Um verdadeiro absurdo, só corrigido pela intervenção da Justiça, que obrigou o retorno ao trabalho de 70% dos servidores, para não colocar em risco a vida de pessoas que dependem de tratamentos.
As chamadas “operação padrão” nos portos, rodovias e aeroportos também devem ser repudiadas, por desrespeitar aos direito de ir e vir das pessoas e desorganizar a vida econômica nacional. Movimentos desse tipo não podem ser considerados legais e têm que ser tratados como tal.
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