Os indicadores oficiais que avaliam a qualidade da educação brasileira, divulgados na última terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC), mais uma vez comprovam que a situação é muitíssimo preocupante, embora possamos constatar pequenos avanços na avaliação dos quatro primeiros anos do ensino fundamental.
Pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), nos quatro primeiros anos do ensino fundamental (da 1ª à 4ª série) houve melhoria na qualidade do ensino. Nesta etapa, o indicador passou de 4,6 em 2009, para 5,0 em 2011, um avanço de 0,4 pontos em dois anos. Mas, nos quatro últimos anos do fundamental (da 5ª à 8ª série), o IDEB mostra apenas uma pequena variação, de 4,0 para 4,1 pontos.
Quando se trata de nível médio a situação é ainda mais preocupante, pois o IDEB do ensino público vem se mantendo em 3,4 pontos. A melhor evolução foi a de São Paulo, que conseguiu aumentar de 3,6 em 2009, para 3,9 em 2011; a melhor avaliação é a de Santa Catarina, com 4,0 pontos. No entanto, no Distrito Federal e em mais nove Estados (Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraná, Paraíba, Rio Grande do Sul e Rondônia) constatou-se que a situação piorou nesse período.
Para Aloísio Mercadante, ministro da Educação, a melhoria na avaliação do ensino fundamental deve ser comemorada. Acha que é conseqüência dos investimentos do Governo Federal, bem como “uma vitória dos professores do país”. Logicamente essa é uma visão política do ministro, porque o ensino básico é de competência dos municípios, além do mais ensinar não é mais que um dever do professor.
Outro equívoco do ministro é apontar a estrutura curricular, que considera “muito extensa”, como principal fator que dificulta a melhoria do ensino médio. Não é diminuindo o número de matérias que promoveremos a melhoria do ensino.
Por esta razão, Mercadante tem recebido inúmeras críticas do segmento pensante da educação. Para o professor Romualdo Portela, doutor em educação e professor da Universidade de São Paulo (USP), a proposta do ministro é “ridícula”, pois “se a proposta é melhorar somente o IDEB, excluamos todas as disciplinas e deixemos apenas português e matemática”.
Resumindo, não é porque se tem uma dor de cabeça que se vai extirpar a cabeça. O problema da educação brasileira é muito mais profundo; exige seriedade e deve ser encarado em sua profundidade.
Comecemos por repensar a escola, em todos os níveis, e a formação do professor. A política de educação necessita ser mais arrojada, com ações, metas e cobranças mais efetivas. Não é admissível que uma criança alcance os oito anos sem ser alfabetizada, conforme ocorre no Nordeste. Há exemplos profícuos em abundância a ser considerados.
A educação não pode e não deve ser politizada, nem negligenciada por administrações políticas. Deve sim, ser posta como uma prioridade, como uma política de estado. Não é concebível que tenhamos apenas 25% da população com nível de alfabetização plena, conforme apontam o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, em suas avaliações da situação do analfabetismo funcional no Brasil.
Outra preocupação é com relação à adoção de cotas, pois a situação do ensino médio da escola pública poderá comprometer ainda mais a qualidade das nossas universidades, pelo desnivelamento entre os aprovados.
O país precisa de pessoas alfabetizadas, mas que pensem! Muito diferente do que pensa o ministro.
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