No dia 17 de junho de 2009, durante
entrevista coletiva em Astana, capital do Cazaquistão, na Ásia, o então
presidente Lula da Silva (PT-SP) não teve qualquer constrangimento em dizer que
o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), pela sua história, não poderia ser
“tratado como se fosse uma pessoa comum”. Naquela ocasião o ex-presidente
Sarney ocupava a presidência do Senado Federal, quando autorizou inúmeras
nomeações ilegais, ditas como “secretas”.
Logo depois a questão caiu no esquecimento e
o escândalo das nomeações secretas terminou “como dantes no castelo de
Abrantes”: em pizza. É fato, entretanto, que o ex-presidente José Sarney já
acumulava uma vasta folha corrida em sua história, uma vez que os malfeitos
sempre nortearam a sua vida pública. Mas, pelo poder acumulado nos mais altos
escalões da República, seus processos sempre foram mantidos em sigilo e hoje
mofam nas prateleiras mais sombrias dos tribunais.
No Brasil é patente que nem todos são iguais
perante a lei como da forma disposta no artigo 5º do capítulo, que trata dos
Direitos e Deveres, de nossa Constituição Federal. Mas, a bem da verdade, não
são apenas os políticos que se julgam acima do bem e do mal, como se as leis
vigentes não fossem para todos. Tanto no Legislativo, no Judiciário e no
Executivo, como também no setor privado, há verdadeiras castas que
historicamente sempre se endinheiraram servindo-se do erário público.
E não é só a roubalheira como tem mostrado a
Operação Lava Jato que subtrai o dinheiro público, impossibilitando uma melhor
distribuição de renda e a execução de melhores políticas públicas.
Aposentadorias e salários milionários, muitos ultrapassando a R$ 100,0 mil
mensais, entre tantos outros privilégios acumulados, comparados aos ganhos e
aposentadorias dos cidadãos comuns, demonstram que o Brasil é um país
profundamente desigual e injusto.
Todavia, pouco tem sido feito para mudar essa
realidade. Nesta semana, por exemplo, durante sessão da Comissão que trata da
reforma da previdência na Câmara dos Deputados, assistimos o relator daquela
Comissão, deputado Arthur Maia (PPS-BA), incluir a polícia legislativa entre as
categorias beneficiadas com aposentadoria aos 55 anos. O salário inicial da
polícia legislativa é de R$ 17,0 mil mensais. Contudo, a começar pela
periculosidade, a polícia legislativa em nada se iguala às polícias militar e
civil de qualquer Unidade da Federação.
Os deputados federais e senadores são os
legítimos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional. São eles que
deveriam zelar pelo Estado Democrático e de Direito e combater com efetividade
a desigualdade social e a pobreza. Então, a única certeza que fica é a de que
já passou da hora de escolhermos com mais critérios nossos representantes, pois
é impossível vivermos sem a política.
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