A Operação
Lava Jato continua a sacudir o centro do poder em Brasília, fazendo tremer
notórios figurões da República, tanto do Legislativo e do Executivo, como
também do Judiciário. Até aqui a Justiça Federal de Coritiba - PR já realizou
55 condenações, entre quase duzentas pessoas indiciadas, incluindo o
ex-presidente Lula da Silva (PT-SP). Grandes empresários e executivos das
maiores empreiteiras, ex-diretores da Petrobrás, lobistas e políticos, que até
então se julgavam impunes, hoje se encontram presos por lesar o país.
Por mais que
os advogados de defesa dos réus tentem desqualificar os profissionais
envolvidos nas investigações e a consistência das provas, as condenações vão
acontecendo pelas substantivas informações no processo, que vem obedecendo
rigorosamente à ordem legal. Entretanto, o fórum especial tem constituído uma
verdadeira muralha, pela morosidade do Supremo Tribunal Federal (STF) em
concluir os processos. Somente o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente
do Senado Federal, tem 12 em curso. A maioria relacionada à Lava Jato.
O processo
mais antigo contra o senador Renan Calheiros – pelos crimes de falsidade
ideológica, peculato e uso de documentos falsos - foi protocolado em nossa
Suprema Corte em 24 de janeiro de 2013. De lá para cá já se vão quase quatro
anos sem que o STF tenha sequer se manifestado sobre a aceitação, ou não, da
denúncia. Nesse processo, o senador é acusado por receber dinheiro vivo de um
funcionário da empreiteira Mendes Junior, para o custeio de pensão alimentícia
de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Nesse tempo,
outros processos transcorreram com muito mais celeridade. Portanto, há de supor
que determinadas forças ocultas, que certamente não são de outras galáxias, têm
conspirado a favor do atual presidente do Senado Federal, pela impunidade, o
que é péssimo para o país. São essas mesmas forças que agora se articulam para
implodir a Operação Lava Jato, conforme manobra recente na Câmara dos
Deputados, na calada da noite, quando se tentou anistiar o caixa dois das
doações aos partidos e políticos até a data da aprovação da Lei.
Felizmente,
o esquema veio à luz pela ação de alguns deputados que estavam em alerta e o
Projeto de Lei teve que ser retirado da pauta. Mas, ficaram na penumbra os
responsáveis por tal façanha, pois “ninguém sabe” quem era o redator do
projeto, nem o nome das lideranças partidárias que articularam colocá-lo na
pauta de votação. Sabe-se, entretanto, pela apuração da imprensa, que a
iniciativa teve a mão de vários partidos, entre eles PT, PMDB, PP, DEM e PSDB.
Até mesmo o
ministro da Casa Civil, o baiano Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), posteriormente
veio a se manifestar favorável a essa anistia. Contudo, a reação ao seu
pronunciamento foi imediata e atroz, fazendo-o calar em meio a uma saraivada de
críticas, com farta repercussão na imprensa livre e independente. Agora todos
estão de olho no projeto do deputado Wadih Damus (PT-RJ), que tem por objetivo
impedir a delação premiada de réus em regime de prisão, o que também favorece a
impunidade.
Pelo
montante de dinheiro publico lastreado pela Operação Lava Jato verifica-se que
a maioria dos políticos está mais afeta ao enriquecimento ilícito que ao
progresso do Brasil. Bom exemplo são os bloqueios de recursos realizados pela
Justiça Federal, no montante de R$ 128,0 milhões, na recente operação que
resultou na prisão do ex-ministro Antônio Palocci (PT-SP). Portanto, a Operação
Lava Jato é a possibilidade de uma nova ordem ética e jurídica. Qualquer
retrocesso será uma espada no peito de cada brasileiro que deseja,
verdadeiramente, um país melhor para todos.