Antes das
eleições do ano passado, há cerca de um ano, o analista financeiro e sócio da
Consultoria Empiricus Research, Felipe Miranda, suscitou a ira petista ao
prever “o fim do Brasil”, caso a presidente Dilma Rousseff (PT-SP) fosse
reeleita. A questão acabou por parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que
concedeu liminar em favor da coligação da então candidata, suspendendo a
veiculação dos vídeos promocionais daquela Consultoria, por alarmar “um
iminente caos econômico”, no dizer do ministro Admar Gonzaga.
“O fim do
Brasil” é também o título do livro de Felipe Miranda. A obra analisa a situação macroeconômica do Brasil naquele
momento, justificando as razões que levariam o Brasil à atual crise econômica. É
claro que nossos problemas não são de ordem externa, da forma como a presidente
Dilma Rousseff e o PT querem fazer crer, reiteradamente. Aliás, essa forma de isentarem-se
de culpa é um dos fatores que levaram o governo e o PT ao descrédito, por
subestimar a inteligência do brasileiro.
Mas, segundo
Felipe Miranda, os avanços da nossa economia até o final da última década,
ainda no mandato do ex-presidente Lula da Silva, ancorou-se no Plano Real. A
maturidade do Plano teria sido alcançada em 1999, durante o governo de Fernando
Henrique Cardoso, pela adoção do seguinte tripé macroeconômico: regime de metas
de inflação, controle da política fiscal e câmbio flutuante. Essas medidas
elevaram a confiança no país, o que aumentou os investimentos e gerou um ciclo virtuoso
de crescimento.
As razões da
atual crise foram muito bem sintetizadas pelo analista Felipe em entrevista
concedida ao site da revista “Exame”, na qual relata que a crise começou a ser
fomentada depois da quebra do Banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, em
setembro de 2008. “A partir daí o governo adotou uma série de medidas para
tentar reduzir os impactos da crise. Mas é uma política fiscal gastona que
acaba ferindo os três pilares do tripé. São medidas desajustadas. O Brasil
começou a morrer por causa da nova matriz econômica”.
Se naquela
ocasião as previsões da Empiricus poderiam parecer alarmistas para os
desavisados, assim como incomodar o PT, pelo intento desmedido de não deixar o
poder, é inconteste que a atual crise há muito já se anunciava. E ela tem nome
e sobrenome, pois foi criada e consolidou-se sob a gestão de uma equipe
econômica genuinamente petista, comandada pelo ex-ministro Guido Mantega
(PT-SP). No último período de governo, entretanto, contou com a intervenção
direta da “doutora” Dilma Rousseff, inclusive sobre o Banco Central.
O tempo
mostrou que a Empiricus Research estava correta. Recentemente, Filipe Miranda
em entrevista à “Folha de São Paulo”, chegou a ironizar a situação, ao dizer
que "se considerarmos o tamanho da atual recessão, a fragilidade da
situação fiscal ou o nível de taxa de juros, erramos tudo”. Realmente a
situação econômica atual é ainda pior do que as suas previsões. É inconteste,
porém, que a Empiricus analisou com serenidade a realidade da situação
econômica e financeira do Brasil, enquanto outros analistas prefeririam agradar
o governo a receber o rótulo de “alarmistas”.
É claro que
não veremos “o fim do Brasil”. Mas, fatalmente, vivenciaremos mais uma década
de baixíssimo crescimento econômico. O mais preocupante, porém, é que o atual
governo já demonstrou que não dispõe de credibilidade para realizar as mudanças
necessárias. Então, ora é o povo brasileiro que não poderá se calar, sob o
risco de ver o país continuar a descer ladeira abaixo.
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