Mesmo tendo
vencido as últimas eleições com bastante aperto, o PT mostrou-se convencido de
que poderia impor ao país o seu projeto de poder, nos moldes do sistema
bolivariano da Venezuela. A partir de então, em várias ocasiões, a própria
presidente Dilma Rousseff passou a manifestar-se a favor do chamado “controle
social da mídia”, em contradição a pronunciamentos passados, quando abertamente
dizia-se contra qualquer tipo de censura à imprensa.
Só que tanto
a presidente quanto o PT não imaginavam a ducha de água fria que encontrariam
pela frente, em sinal de que a nossa democracia funciona, não obstante a todos
os seus defeitos. Assim, logo no início deste segundo mandato, o governo se viu
surpreendido por vultosas manifestações populares, de norte a sul do Brasil. No
Legislativo a surpresa foi a fragmentação da base aliada, em reação ao projeto
de hegemonia petista. Contudo, o maior pesadelo veio com o desdobramento da
Operação Lava-Jato, desencadeada no Judiciário.
E para
complicar o calvário do governo, a crise política aconteceu justamente em um
período de crise econômica sem precedentes, consolidada após quase nove anos da
gestão do professor Guido Mantega e sua equipe genuinamente petista. Só que a
arrogância e a sede de poder têm impedido o PT de entender que o seu ciclo de
governo está chegando ao fim, pois “não há mentira que dure para sempre”, da
forma como bem expressa o jargão popular.
Não é por
outro motivo que a reprovação do governo da presidente Dilma Rousseff tenha
chegado a 68%, enquanto apenas 9% consideram o seu governo como ótimo ou bom,
conforme pesquisa CNI-Ibope divulgada na última quarta-feira. Esta é a maior
rejeição desde a era Sarney, quando o índice de aprovação alcançou apenas 7%, o
que demonstra a desilusão da grande maioria dos brasileiros com a trajetória dos
governos petistas.
Dificilmente
a atual situação será revertida. O desgaste é tão grande, que o índice de
aprovação do governo chega a ser inferior ao histórico de votos do PT. Outro
ponto é que os escândalos em série não param de tomar as manchetes dos
principais veículos de comunicação do País, fazendo com que a mobilização dos militantes
petistas na internet se torne inócua, destinadas ao fracasso.
Daí o gesto
desesperado do ex-presidente Lula da Silva ao dizer que “a Lava-Jato não pode
ser a agenda do País”, durante reunião com outros investigados na casa do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), esta semana, quando propôs a
união de todos em favor da presidente Dilma Rousseff. Na prática, o
ex-presidente tenta influir na continuidade das investigações da Polícia Federal,
quando insinua que a Operação Lava-Jato “contamina a política e a economia”.
A presidente,
por sua vez, também acuada, critica com veemência o vazamento seletivo das
investigações em curso. Entretanto, a publicidade é um dos meios legítimos utilizados
para evitar que o governo utilize os instrumentos do poder para atrapalhar as
investigações. Daí o medo de que o
instrumento da colaboração premiada, prevista na Lei nº 12.350, de 2 de agosto
de 2013, sancionada pela própria presidente, definitivamente comprometa o
Planalto.
O fato é que
a sujeira dos governos petistas já não pode ser jogada para o abismo, conforme
no passado. E agora, nem mesmo a convocação do marqueteiro oficial do PT, João
Santana, conseguirá colorir o Brasil, agora exposto ao preto no branco, pois a
população brasileira despertou da letargia.
Afinal, o
próprio ex-presidente Lula da Silva expôs em alto e bom som a todos os brasileiros,
em um raríssimo lampejo de sinceridade, que tanto ele, como a presidente Dilma
Rousseff e o PT estão “abaixo do volume morto”, porque o “PT perdeu um pouco do
sonho, da utopia. A gente só pensa em cargo, em ser eleito... querendo salvar a
própria pele”. E como discordar do que
ele disse?
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