Em poucas
palavras o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC/PSDB-SP) resumiu o
papel da oposição nesse gravíssimo momento da vida nacional, ao dizer que não
se pode esperar “o propósito antidemocrático de derrubar governos, mas tampouco
o temor de cumprir seus deveres constitucionais, se os fatos e a lei assim o
impuserem”. Só isto bastou para que o governo e o PT tremessem diante do alerta
e da possibilidade real de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT-DF).
Tanto o
governo e o PT sabem que não faltam motivos para o impeachment. Os depoimentos
a título de delação premiada e as provas que circulam no âmbito da Polícia
Federal e da Justiça, relativas à operação Lava-Jato, demonstram cabalmente a
roubalheira instalada na Petrobras. Os maiores favorecidos foram o PT, o PMDB,
o PP e as campanhas dos candidatos petistas depois de 2003, com objetivos
claros de sustentar um projeto de manutenção do poder e enriquecimento ilícito
de seus operadores.
Outro ponto
de absoluta vulnerabilidade da presidente Dilma Rousseff são as chamadas
“pedaladas fiscais”. São incontestáveis os artifícios usados recorrentemente
durante o primeiro mandato para melhorar o resultado das contas do governo. Em
2014, entretanto, foram extrapolados todos os limites. Em ano eleitoral, como a
própria presidente afirmou, “nós podemos fazer o diabo quando é hora de
eleição”. E assim foi feito, com resultados danosos para toda economia e
flagrante descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A atual
crise vivenciada por todos os brasileiros, marcada por inflação em ritmo
acelerado, juros altos, restrição ao crédito, aumento do desemprego, retração
das atividades econômicas, desvalorização do real, falta de confiança dos
investidores, entre tantos outros problemas, são sinais claríssimos da
irresponsabilidade do governo na condução da política econômica. Só com a
contenção dos preços da energia elétrica e da gasolina, para reter
artificialmente a inflação e ganhar a eleição, o governo desperdiçou mais de R$
100 bilhões.
Então,
motivos para o impeachment não faltam! Se não houvesse em nosso País tanto
descaso com o descumprimento das leis, a presidente sequer teria assumido o
segundo mandato, tantas foram as irregularidades praticadas contra a legislação
eleitoral, inclusive no período anterior de campanha, quando a máquina pública
foi usada escancaradamente, sem qualquer pudor.
O depoimento
do empreiteiro Ricardo Pessoa, proprietário da UTC Engenharia, em acordo de
deleção premiada relativa à Operação Lava-Jato, com apresentação de provas, até
agora é irrefutável. Segundo Pessoa, foram repassados R$ 7,5 milhões do
dinheiro desviado da Petrobras para Edinho Silva (PT-SP), tesoureiro da última
campanha da presidente Dilma Rousseff. Por esta razão, Ricardo Pessoa será
ouvido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, na próxima terça-feira,
por autorização do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O cerco vai se fechando...
Daí o
desespero do governo e do PT de que tudo venha a ser devidamente esclarecido.
Por isto, todos se voltam contra a Polícia, a Justiça e o Ministério Público
federais, pela investigação da Operação Lava-Jato, e contra o Tribunal de
Contas da União (TCU), pelas “pedaladas fiscais”. É nesse vácuo que a oposição
deve “cumprir seus deveres constitucionais”, da forma como bem disse FHC.
Então, o verdadeiro golpe é não aceitar que o Estado brasileiro funcione.
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