A entrevista
das páginas amarelas da última edição da revista “Veja” é com o cientista
político Bruno Garschagen. Recentemente, Bruno lançou seu primeiro livro, “Pare
de acreditar no Governo – Por que os brasileiros não confiam nos políticos e
amam o Estado”, pela Editora Record. Até aqui o livro já está na quinta edição,
com mais de 12 mil exemplares vendidos, o que é um grande feito em se tratando
de vendagem de livro deste gênero no Brasil.
Bruno
Garchagen é natural de Cachoeiro de Itapemirim – ES, onde começou sua vida
intelectual e atuou como jornalista. Hoje, entretanto, ele é uma daquelas
figuras que podemos chamar de universal, tamanho é o seu preparo intelectual e
brilhantismo acadêmico. Com formação pela Universidade Católica Portuguesa e
passagem pela tradicional Universidade Oxford, na Inglaterra, se tornou mestre
(e brevemente doutor) em Ciência Política e Relações Internacionais. Além de
professor de Teoria Política é também tradutor e membro do Conselho Editorial
do Instituto Ludwig von Mises Brasil.
Na
entrevista concedida à “Veja”, Bruno expõe sua percepção sobre o atual momento
político e econômico brasileiro, com a mesma visão crítica demonstrada em seu
livro. Para ele, embora determinados segmentos hoje clamem por um Estado
mais enxuto, com “redução dos impostos, da burocracia, do número de ministérios
e do funcionalismo”, a simples mudança dos atores políticos não resolverá os
nossos problemas, pois suas raízes encontram-se fincadas no intervencionismo do
Estado, que sempre prevalece sobre as iniciativas individuais e coletivas.
Por esta
razão, nos dizeres muitíssimos apropriados de Bruno, “nenhum partido do Brasil
defende a redução do Estado”, haja vista que “nos meandros da política, não há
um debate sobre maneiras menos custosas de conduzir o país”. Então, tudo isso
reflete diretamente na sociedade, que cada vez mais é compelida a pagar mais
impostos. Mesmo assim, a sociedade continua a “venerar” o Estado, na esperança
de que ele venha a resolver todos os problemas políticos e econômicos, o que
até aqui tem constituído um grande “paradoxo” da nossa história.
O Estado
paternalista, por sua vez, é extremamente arrecadador, o que compromete a renda
do trabalhador, além de influir na menor competitividade da nossa economia.
Isto também fomenta a elevação do custo Brasil, ao lado da baixa qualidade da
educação. E como elucidar a crise vigente, em seus aspectos éticos, morais,
políticos e econômicos sem uma sinopse da ideologia petista e sua obstinação de
exacerbar o tamanho do Estado?
Com relação
ao livro, como síntese, tomamos a liberdade de apropriar-nos do seguinte trecho
da sua apresentação, pelo jornalista Rodrigo Constantino: “O livro passa como
se fosse rápido (e triste) filme de nossa história política, desde a chegada de
D. João até Dilma, ‘comprovando que nada é tão ruim que não possa piorar’. As
entranhas de nosso patrimonialismo – A arte de confundir público e privado –
são expostas com maestria e boas pitadas de humor pelo autor...”.
Entretanto,
o mais importante é que Bruno Garschagen aguça em todos nós leitores uma visão
mais crítica, tanto do governo como da sociedade. Essa dimensão crítica tem a
capacidade transformadora. Depois de doze anos de governo petista já não
podemos estar susceptíveis a um novo “conto do vigário”. É hora da sociedade se
unir e expurgar o “nós” contra “eles”, pois como diz Bruno em sua obra, “muita
gente se contrapôs a essa estupidez de forma contundente e inteligente, mas
outros caíram na armadilha repetindo os vícios e trejeitos dos petistas”.
Outro ponto
é que não basta apenas a mudança de governo. Para superar nossos atrasos
sociais e político é necessário um Estado eficiente e transformador. E com
conhecimento, vontade e determinação qualquer mudança é possível.