Ao tomar posse
no primeiro mandato, em janeiro de 2003, o ex-presidente Lula da Silva assumia
o compromisso de dar um “impulso ao projeto nacional de construir, neste rincão
da América, um bastião da tolerância, do pluralismo democrático e do convívio
respeitoso com a diferença". Também assumia “combater à corrupção e a
defesa da ética no trato da coisa pública”, dizendo que estes seriam “objetivos
centrais e permanentes” de governo.
Iniciou-se logo
depois, sob a coordenação do ministro chefe da Casa Civil de então, José Dirceu
(PT-SP), o loteamento do governo e a cooptação de parlamentares para composição
de uma ampla maioria no Parlamento. Daí, não demorou que surgissem as primeiras
denúncias, inclusive a de corrupção nos Correios, que ensejaria o deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ) a denunciar o MENSALÃO. O discurso começava a
mostrar-se um, enquanto a prática outra!
Mesmo com a
crise do MENSALÃO, o ex-presidente muito mais pelo populista e carisma que pela
competência, enlevou-se no povo. Inflado, apagou por conveniência a transição
histórica promovida pelo antecessor, Fernando Henrique Cardoso (FHC), que lhe
facilitara a iniciação no governo. Em troca, começou a apequenar o legado de
FHC, adjetivando-o como “herança maldita” o “efeito Lula”, que desestabilizara
o mercado, provocando uma fuga enorme de capital estrangeiro.
Para estancar
esta crise, Lula da Silva se comprometeu, ainda antes da eleição, a respeitar
os contratos. Também, por intermédio do governo de FHC, acabou por firmar a
chamada “Carta ao povo Brasileiro”, que passou a nortear a campanha. Não por
outro motivo, já no governo nomeou técnicos competentes do ninho tucano para o
Ministério da Fazenda, a fim de assessorar Antônio Palocci. Para o Banco
Central foi escolhido Henrique Meirelles, deputado Federal eleito pelo PSDB de
Goiás.
No segundo
mandato a economia brasileira começou a desandar, após pressão da cúpula
governista, inclusive da atual presidente Dilma Rousseff (PT-RGS), para a
substituição dos ditos “tucanos” por uma equipe exclusivamente petista,
comandada por Guido Mantega (PT-SP). O mesmo aconteceu no aspecto ético, com a
preparação de dossiês falsos contra os adversários e a estratégia de melar o
julgamento do MENSALÃO.
Também surgiu o
escândalo dos cartões corporativos, preparados no Palácio do Planalto para
incriminar os desafetos petistas, que incluía Dona Ruth Cardoso - uma
intelectual honrada e respeitada, com imensuráveis serviços prestados ao Brasil.
Dilma Rousseff era a ministra da Casa Civil e sua secretária-executiva, dita de
confiança, Erenice Guerra (PT-DF), seria responsabilizada pelo dossiê. Algum
tempo depois, a mesma Erenice seria destituída do governo, por tráfico de
influência em proveito próprio e da família.
Com Dilma
Rousseff assistimos as demissões de ministros, ditas por “maus feitos”, após
relevantes denúncias de corrupção. Tornou-se, então, patente que a corrupção se
tornara endêmica desde o início dos governos petistas, embora ambos os
presidentes nunca soubessem de nada, nem mesmo da máfia que nomearam para
quebrar a Petrobras. E de novo tentaram jogar a culpa em FHC.
Constrangido, o
próprio delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da
Petrobras, não pôde negar na CPI ora em curso na Câmara de Deputados, que a
corrupção na Petrobras foi sistematizada a partir do governo petista, em 2004.
Agora, depois de 12 anos de governo
petista, o Brasil se vê no epicentro de uma enorme crise econômica e política.
Vem à tona o estelionato eleitoral da campanha, fomentado por um projeto de
perpetuação no poder, no ódio do “nós” contra “eles” (a oposição) e na mentira.
Com toda elegância, o ex-presidente FHC diz-se contra o impeachment, embora
acuse os maus tratos e a falta de diálogo, conforme entrevista concedida à
“Folha de São Paulo”. Mas, enfim, os brasileiros sangrados pelos governos
petistas ganham as ruas.
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