Dizem
que em casa que não tem pão todo mundo tem razão. Daí a crise política que se
abateu sobre o país, erigida após o desdobramento da operação Lava-Jato - o
maior escândalo de corrupção da nossa história e quiçá dos maiores do mundo - e
da crise econômica, que se mostrou infinitamente mais robusta aos
“desavisados”, após a presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) assumir o segundo
mandato. O fato é que muitas torneiras tiveram que ser imperativamente fechadas.
O
primeiro sintoma que veio à tona, então, foi o descontentamento do PMDB. Os
expoentes peemedebistas sempre souberam do projeto de hegemonia e de
perpetuação no poder do PT, em curso desde a ascensão de Lula da Silva à
presidência da República, em 2003. Enquanto o alvo da fúria petista era
desgastar o mais que possível a imagem do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e aniquilar a oposição, o PMDB ia muito bem, deleitando em seu
camarote. Calo nos pés dos outros não dói!
Durante
o primeiro tempo da partida jorrava dinheiro no governo. O mundo crescia como
nunca, impulsionado pela China, e os preços das nossas commodities chegaram às
nuvens em céu de brigadeiro. A arrecadação crescia a cada mês; recorde sobre
recorde. Assim, o apoio majoritário do PMDB tornou-se quase irrestrito. Em
troca, bons ministérios e cargos nos demais escalões e nas empresas públicas.
Nessa
etapa da partida não faltaram aplausos de peemedebistas, junto aos demais
governistas, para as barbas do ex-presidente Lula da Silva e os atos mais
esdrúxulos, com objetivo nítido de manter o governo na mídia.
Agora,
no segundo tempo, após a posse da presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) em seu
segundo mandato, o PMDB sentiu na carne que a situação já não era a mesma.
Primeiro, porque a presidente se fechou no chamado “núcleo duro”, integrado por
ministros da sua confiança, exclusivamente petistas. Segundo, porque os
ministérios que lhe foram conferidos, independente do tamanho da bancada, têm
muito menos peso político e recursos financeiros que nos governos anteriores.
Além
do mais, o PMDB sentiu o risco de ser alijado do poder, e conservou a mágoa da
estratégia montada pelo ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante (PT-SP), de
enfraquecer o partido, usando o atual ministro das Cidades, Gilberto Kassab
(PSD-SP) - tido como “prostituta do Planalto” -, para criar uma nova legenda, o
Partido Liberal (PL) que fragmentaria o PMDB e a oposição.
Para
azedar ainda mais as relações, com o desenrolar da operação Lava-Jato e o
pedido de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela
Procuradoria Geral da República (PGR), contra os políticos com mandato, o PMDB
se viu empurrado para o topo da crise. O presidente do Senado Federal, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ), Eduardo Cunha,
julgavam-se imunes ao processo.
Ambos
os presidentes daquelas casas legislativas sentiram-se jogados na crista do
furacão pelo PT. Entretanto, a lista do procurador Geral de República, Rodrigo
Janot, é extensa. Quase a totalidade dos nomes deve ser de parlamentares do PT
e do PMDB, na sua maioria previsível, pela própria atuação na defesa do
governo, tanto no período do ex-presidente Lula da Silva como no de Dilma
Rousseff.
Sabe-se
que nessa briga não tem santo. Contudo, os nervos vão à flor da pele, conforme
se viu na última quinta-feira, durante a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobras. Observa-se, portanto, que o PT começa a receber o troco por tudo
aquilo que tem plantado em sua estadia desvairada no poder.
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