Atendendo à
denúncia do Ministério Público a Justiça Federal aprovou esta semana a abertura
de inquérito contra o secretário de Finanças e Planejamento do Partido dos
Trabalhadores, João Vaccari Neto (PT-SP), o “Moch”. Pesa sobre ele uma série de
denúncias na operação Lava-Jato, que tipificam os crimes de corrupção ativa,
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para enriquecer “cumpanheiros” e abastecer
o caixa do partido.
O “Moch” é
um petista histórico, com atuação no Sindicato dos Bancários do Estado de São
Paulo, onde foi presidente, e na Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde
atuou como secretário de Finanças. Entretanto, o que o tornou conhecido
nacionalmente foi a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (BANCOOP),
onde exerceu o cargo de presidente, entre 2004 e 2010. Nesse período a
cooperativa quebrou, em 2006, deixando um prejuízo superior a R$ 100 milhões e
mais de 3.000 mutuários sem apartamento.
Segundo
apurou o Ministério Público do Estado de São Paulo, o que motivou a quebra da BANCOOP
foi o desvio do dinheiro pago pelos mutuários para “fins escusos”. Parte do dinheiro
destinou-se a “financiar campanhas eleitorais do PT”, outra parte ia para
contas bancárias de cinco diretores, incluindo Vaccari. Por isto, esses cinco
diretores atualmente respondem a processo na Justiça paulista por estelionato,
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Em 2003, a
então ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, nomeou Vaccari para o
Conselho de Administração da Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional, para um
mandato tampão até 2004. A tarefa seria participar de seis reuniões anuais, com
salário de R$ 20 mil por mês. Vaccari foi reconduzido em 2004, 2008 e 2012. O
atual mandato terminaria em 2016, mas o “Moch” foi exonerado em janeiro último,
a pedido do Conselho de Administração da companhia, devido às denúncias na
operação Lava-Jato.
Observa-se,
assim, que mesmo depois de tornar-se réu no caso BANCOOP, Vaccari Neto não
deixou de ser reconduzido ao cargo de conselheiro da Itaipu Binacional. Também,
por ser um homem forte no partido, ligado ao ex-presidente Lula da Silva, foi
escolhido para a secretaria de Finanças e Planejamento do PT.
Curiosamente,
um dos poucos prédios entregues pela BANCOOP no Condomínio Solares, situado no
Guarujá, onde veraneia a elite de São Paulo, foi concluído pela construtora
OAS. Além de participar na construção e gestão de diversos estádios da Copa e
ser uma das maiores empreiteiras dos governos petistas, agora a OAS encontra-se
atolada até o pescoço no desvio de dinheiro da Petrobras, conforme apurado na
operação Lava-Jato.
A OAS
assumiu o término da construção do Condomínio Guarujá em 2010, quando Vaccari
Neto ainda respondia pela BANCOOP. É lá nesse condomínio que o “Moch” tem seu
apartamento ao lado do tríplex 164-A, com piscina na cobertura e elevador
exclusivo, cujo proprietário é o ex-presidente Lula da Silva. E o condomínio é
todo lotado por “cumpanheiros” petistas!
Por
suspeição, a Associação das Vítimas da BANCOOP pediu ao Ministério Público do
Estado de São Paulo a apuração do caso e dos beneficiados pela construtora OAS,
inclusive sobre o ex-presidente Lula da Silva.
Há muitas
outras denúncias contra João Vaccari Neto, que ora estão sendo apuradas pela
Justiça Federal. Para a cúpula petista, entretanto, seu tesoureiro é “vítima de
calúnias dos delatores”, porque as doações recebidas foram todas “legais por
meio de depósitos bancários”.
Mas, depois
de aplaudi-lo na festa de 35 anos do PT, em Minas Gerais, nos bastidores agora
a cúpula petista pede que Vaccari Neto peça licença do cargo. Lamentável é que
é muito mais pelo peso que ele se tornou para o partido, que pela folha corrida,
que ao PT pouco importa.