sexta-feira, 27 de março de 2015

Vaccari Neto e sua folha corrida

Atendendo à denúncia do Ministério Público a Justiça Federal aprovou esta semana a abertura de inquérito contra o secretário de Finanças e Planejamento do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto (PT-SP), o “Moch”. Pesa sobre ele uma série de denúncias na operação Lava-Jato, que tipificam os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, para enriquecer “cumpanheiros” e abastecer o caixa do partido.
O “Moch” é um petista histórico, com atuação no Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, onde foi presidente, e na Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde atuou como secretário de Finanças. Entretanto, o que o tornou conhecido nacionalmente foi a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (BANCOOP), onde exerceu o cargo de presidente, entre 2004 e 2010. Nesse período a cooperativa quebrou, em 2006, deixando um prejuízo superior a R$ 100 milhões e mais de 3.000 mutuários sem apartamento.
Segundo apurou o Ministério Público do Estado de São Paulo, o que motivou a quebra da BANCOOP foi o desvio do dinheiro pago pelos mutuários para “fins escusos”. Parte do dinheiro destinou-se a “financiar campanhas eleitorais do PT”, outra parte ia para contas bancárias de cinco diretores, incluindo Vaccari. Por isto, esses cinco diretores atualmente respondem a processo na Justiça paulista por estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Em 2003, a então ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, nomeou Vaccari para o Conselho de Administração da Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional, para um mandato tampão até 2004. A tarefa seria participar de seis reuniões anuais, com salário de R$ 20 mil por mês. Vaccari foi reconduzido em 2004, 2008 e 2012. O atual mandato terminaria em 2016, mas o “Moch” foi exonerado em janeiro último, a pedido do Conselho de Administração da companhia, devido às denúncias na operação Lava-Jato.
Observa-se, assim, que mesmo depois de tornar-se réu no caso BANCOOP, Vaccari Neto não deixou de ser reconduzido ao cargo de conselheiro da Itaipu Binacional. Também, por ser um homem forte no partido, ligado ao ex-presidente Lula da Silva, foi escolhido para a secretaria de Finanças e Planejamento do PT. 
Curiosamente, um dos poucos prédios entregues pela BANCOOP no Condomínio Solares, situado no Guarujá, onde veraneia a elite de São Paulo, foi concluído pela construtora OAS. Além de participar na construção e gestão de diversos estádios da Copa e ser uma das maiores empreiteiras dos governos petistas, agora a OAS encontra-se atolada até o pescoço no desvio de dinheiro da Petrobras, conforme apurado na operação Lava-Jato.
A OAS assumiu o término da construção do Condomínio Guarujá em 2010, quando Vaccari Neto ainda respondia pela BANCOOP. É lá nesse condomínio que o “Moch” tem seu apartamento ao lado do tríplex 164-A, com piscina na cobertura e elevador exclusivo, cujo proprietário é o ex-presidente Lula da Silva. E o condomínio é todo lotado por “cumpanheiros” petistas!
Por suspeição, a Associação das Vítimas da BANCOOP pediu ao Ministério Público do Estado de São Paulo a apuração do caso e dos beneficiados pela construtora OAS, inclusive sobre o ex-presidente Lula da Silva.
Há muitas outras denúncias contra João Vaccari Neto, que ora estão sendo apuradas pela Justiça Federal. Para a cúpula petista, entretanto, seu tesoureiro é “vítima de calúnias dos delatores”, porque as doações recebidas foram todas “legais por meio de depósitos bancários”.
Mas, depois de aplaudi-lo na festa de 35 anos do PT, em Minas Gerais, nos bastidores agora a cúpula petista pede que Vaccari Neto peça licença do cargo. Lamentável é que é muito mais pelo peso que ele se tornou para o partido, que pela folha corrida, que ao PT pouco importa. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

"Nossa bandeira jamais será vermelha"

Nas últimas eleições parlamentares, o Partido dos Trabalhadores (PT) viu ruir 19 cadeiras no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, a bancada que tinha 88 deputados foi reduzida para 70; no Senado Federal diminuiu de 13 para 12 senadores. Não obstante minguar no tamanho, o PT agora assiste ao esfacelamento da base aliada, o que tem ajudado a fomentar a crise política ora instalada, sem precedentes nos 12 anos de governo petista, tamanha a gravidade.
Concomitante à crise política, a avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) também vem se deteriorando. Segundo pesquisa realizada esta semana pelo Instituto Datafolha, os que consideram o governo ruim ou péssimo saltaram para 62% da população. A mesma pesquisa ainda mostra que a popularidade da presidente caiu em todas as faixas de renda e em todas as regiões do país, inclusive no Norte e Nordeste, onde ela sempre obteve os melhores indicadores de aprovação.
Desde as vésperas do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, um presidente da República no Brasil não tinha avaliação tão ruim. Isto ocorre logo depois dos dois primeiros meses de um novo mandato, quando, por teoria, a presidente deveria estar usufruindo do capital político da vitória conquistada nas urnas.
Entretanto, nenhum desses fatos tem sido suficiente para diminuir a arrogância petista. Ao invés de colocar a cabeça ao travesseiro e refletir as razões que levaram o partido e o governo à tamanha rejeição, seus principais líderes, em reunião realizada na última quarta-feira, decidiram “ir para ofensiva”. Ou seja, partirão mais uma vez para o ataque, da forma como sempre fizeram quando se sentiram acuados.
O presidente da legenda, Rui Falcão (PT-SP), vê como saída o uso da internet, conforme nas últimas eleições, quando a militância do partido e os chamados “blogs sujos” - sustentados por informações do partido e dinheiro do governo – atacaram por todos os flancos os oponentes. Por isto, José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados, contemplou essa iniciativa dizendo: “não podemos ficar emparedados pelo PSDB, precisamos radicalizar, ir para a ofensiva”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o PSDB são os eternos fantasmas do PT, que na arrogância não enxerga o esgotamento e cansaço dessa estratégia medíocre.
Então, mais uma vez a cúpula petista vira as costas para os seus próprios erros, sem procurar as razões mais plausíveis que levaram o governo e o partido a escorregarem ladeira abaixo. A realidade é que a prepotência parece ter se consolidado. Aliás, esta se tornou a marca do PT de fazer política, a marca do PT de governar. Não é por outro motivo que o partido sempre quer impor as suas “verdades”, mesmo que a realidade e a transparência dos fatos os contradigam.
A atual crise política, entretanto, tem seus fundamentos na própria crise econômica – nascida, amamentada, criada e tornada adulta pelos governos do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP) e da “presidenta” Dilma Rousseff. Esta realidade sempre é colocada para debaixo do tapete, onde não entra a luz do sol.
Outra questão é que a população brasileira não aceita o projeto socialista de poder do PT. O financiamento público de campanha, o voto em lista e o controle “social” da mídia (censura) guardam em seu bojo uma estratégia socializante para perpetuação no poder.
Não bastassem os escândalos passados de corrupção, agora também o brasileiro se vê diante do PETROLÃO. E todas as evidências levam a crer que não há doação legal de campanha, senão uma corrupção sistêmica, para enriquecer “cumpanheiros” e levar dinheiro para sustentar a bandeira do partido.

O silêncio de Renato Duque na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados mostrou-nos que um “cumpanheiro” não entrega outro “cumpanheiro” e que tudo é válido pelas “causas” do partido. Mas, nosso povo acordado não aceitará a imposição de nenhuma bandeira vermelha. As cores da nossa bandeira sempre serão o verde, o amarelo, o azul e o branco.  

quinta-feira, 12 de março de 2015

Nutridos pela ambição e pelo ódio (e por mentiras também!)

Ao tomar posse no primeiro mandato, em janeiro de 2003, o ex-presidente Lula da Silva assumia o compromisso de dar um “impulso ao projeto nacional de construir, neste rincão da América, um bastião da tolerância, do pluralismo democrático e do convívio respeitoso com a diferença". Também assumia “combater à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública”, dizendo que estes seriam “objetivos centrais e permanentes” de governo.
Iniciou-se logo depois, sob a coordenação do ministro chefe da Casa Civil de então, José Dirceu (PT-SP), o loteamento do governo e a cooptação de parlamentares para composição de uma ampla maioria no Parlamento. Daí, não demorou que surgissem as primeiras denúncias, inclusive a de corrupção nos Correios, que ensejaria o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) a denunciar o MENSALÃO. O discurso começava a mostrar-se um, enquanto a prática outra!
Mesmo com a crise do MENSALÃO, o ex-presidente muito mais pelo populista e carisma que pela competência, enlevou-se no povo. Inflado, apagou por conveniência a transição histórica promovida pelo antecessor, Fernando Henrique Cardoso (FHC), que lhe facilitara a iniciação no governo. Em troca, começou a apequenar o legado de FHC, adjetivando-o como “herança maldita” o “efeito Lula”, que desestabilizara o mercado, provocando uma fuga enorme de capital estrangeiro.
Para estancar esta crise, Lula da Silva se comprometeu, ainda antes da eleição, a respeitar os contratos. Também, por intermédio do governo de FHC, acabou por firmar a chamada “Carta ao povo Brasileiro”, que passou a nortear a campanha. Não por outro motivo, já no governo nomeou técnicos competentes do ninho tucano para o Ministério da Fazenda, a fim de assessorar Antônio Palocci. Para o Banco Central foi escolhido Henrique Meirelles, deputado Federal eleito pelo PSDB de Goiás.     
No segundo mandato a economia brasileira começou a desandar, após pressão da cúpula governista, inclusive da atual presidente Dilma Rousseff (PT-RGS), para a substituição dos ditos “tucanos” por uma equipe exclusivamente petista, comandada por Guido Mantega (PT-SP). O mesmo aconteceu no aspecto ético, com a preparação de dossiês falsos contra os adversários e a estratégia de melar o julgamento do MENSALÃO.
Também surgiu o escândalo dos cartões corporativos, preparados no Palácio do Planalto para incriminar os desafetos petistas, que incluía Dona Ruth Cardoso - uma intelectual honrada e respeitada, com imensuráveis serviços prestados ao Brasil. Dilma Rousseff era a ministra da Casa Civil e sua secretária-executiva, dita de confiança, Erenice Guerra (PT-DF), seria responsabilizada pelo dossiê. Algum tempo depois, a mesma Erenice seria destituída do governo, por tráfico de influência em proveito próprio e da família.
Com Dilma Rousseff assistimos as demissões de ministros, ditas por “maus feitos”, após relevantes denúncias de corrupção. Tornou-se, então, patente que a corrupção se tornara endêmica desde o início dos governos petistas, embora ambos os presidentes nunca soubessem de nada, nem mesmo da máfia que nomearam para quebrar a Petrobras. E de novo tentaram jogar a culpa em FHC.
Constrangido, o próprio delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, não pôde negar na CPI ora em curso na Câmara de Deputados, que a corrupção na Petrobras foi sistematizada a partir do governo petista, em 2004.

Agora, depois de 12 anos de governo petista, o Brasil se vê no epicentro de uma enorme crise econômica e política. Vem à tona o estelionato eleitoral da campanha, fomentado por um projeto de perpetuação no poder, no ódio do “nós” contra “eles” (a oposição) e na mentira. Com toda elegância, o ex-presidente FHC diz-se contra o impeachment, embora acuse os maus tratos e a falta de diálogo, conforme entrevista concedida à “Folha de São Paulo”. Mas, enfim, os brasileiros sangrados pelos governos petistas ganham as ruas.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Feitiço contra os feiticeiros

Dizem que em casa que não tem pão todo mundo tem razão. Daí a crise política que se abateu sobre o país, erigida após o desdobramento da operação Lava-Jato - o maior escândalo de corrupção da nossa história e quiçá dos maiores do mundo - e da crise econômica, que se mostrou infinitamente mais robusta aos “desavisados”, após a presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) assumir o segundo mandato. O fato é que muitas torneiras tiveram que ser imperativamente fechadas.
O primeiro sintoma que veio à tona, então, foi o descontentamento do PMDB. Os expoentes peemedebistas sempre souberam do projeto de hegemonia e de perpetuação no poder do PT, em curso desde a ascensão de Lula da Silva à presidência da República, em 2003. Enquanto o alvo da fúria petista era desgastar o mais que possível a imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e aniquilar a oposição, o PMDB ia muito bem, deleitando em seu camarote. Calo nos pés dos outros não dói!
Durante o primeiro tempo da partida jorrava dinheiro no governo. O mundo crescia como nunca, impulsionado pela China, e os preços das nossas commodities chegaram às nuvens em céu de brigadeiro. A arrecadação crescia a cada mês; recorde sobre recorde. Assim, o apoio majoritário do PMDB tornou-se quase irrestrito. Em troca, bons ministérios e cargos nos demais escalões e nas empresas públicas.
Nessa etapa da partida não faltaram aplausos de peemedebistas, junto aos demais governistas, para as barbas do ex-presidente Lula da Silva e os atos mais esdrúxulos, com objetivo nítido de manter o governo na mídia.
Agora, no segundo tempo, após a posse da presidente Dilma Rousseff (PT-RGS) em seu segundo mandato, o PMDB sentiu na carne que a situação já não era a mesma. Primeiro, porque a presidente se fechou no chamado “núcleo duro”, integrado por ministros da sua confiança, exclusivamente petistas. Segundo, porque os ministérios que lhe foram conferidos, independente do tamanho da bancada, têm muito menos peso político e recursos financeiros que nos governos anteriores.
Além do mais, o PMDB sentiu o risco de ser alijado do poder, e conservou a mágoa da estratégia montada pelo ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante (PT-SP), de enfraquecer o partido, usando o atual ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD-SP) - tido como “prostituta do Planalto” -, para criar uma nova legenda, o Partido Liberal (PL) que fragmentaria o PMDB e a oposição.  
 Para azedar ainda mais as relações, com o desenrolar da operação Lava-Jato e o pedido de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela Procuradoria Geral da República (PGR), contra os políticos com mandato, o PMDB se viu empurrado para o topo da crise. O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ), Eduardo Cunha, julgavam-se imunes ao processo.
Ambos os presidentes daquelas casas legislativas sentiram-se jogados na crista do furacão pelo PT. Entretanto, a lista do procurador Geral de República, Rodrigo Janot, é extensa. Quase a totalidade dos nomes deve ser de parlamentares do PT e do PMDB, na sua maioria previsível, pela própria atuação na defesa do governo, tanto no período do ex-presidente Lula da Silva como no de Dilma Rousseff.

Sabe-se que nessa briga não tem santo. Contudo, os nervos vão à flor da pele, conforme se viu na última quinta-feira, durante a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Observa-se, portanto, que o PT começa a receber o troco por tudo aquilo que tem plantado em sua estadia desvairada no poder.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A Sabinada – A guerra pela separação da Bahia (Parte II)

Por Wagner Medeiros Junior


Representação dos conflitos entre os farrapos e as tropas imperiais.

Mal começou a desfraldar a bandeira alvianil que substituíra o pavilhão do Império no Forte de São Pedro, iniciou-se o êxodo de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, capital da província da Bahia. Primeiro foram as autoridades civis e militares leais à Coroa. Logo depois os moradores contrários à separação da Bahia do Império do Brasil. Cada um que emigrava levava tudo o que podia carregar, inclusive os estoques de víveres, aproveitando-se da inação do novo governo, que esperava a sublevação do interior para consolidar o movimento.
A força restauradora do Império, por sua vez, prontamente se organizava: Um governo provisório foi instalado em Cachoeira e a Guarda Nacional recrutada, com o apoio logístico e financeiro da aristocracia rural do Recôncavo. Assim, cada um dos levantes que iam surgindo fora da capital acabava por ser imediatamente sufocado, a começar pelo da Ilha de Itaparica, o que fez com que os separatistas ficassem imperativamente isolados. E para dificultar-lhes ainda mais a situação, a capital foi sitiada através de um bloqueio por terra e mar. 
A estratégia de sitiar a capital fora bem sucedida durante a expulsão dos holandeses de Salvador e na guerra de adesão da Bahia à Independência do Brasil, quando o exército português foi posto em retirada. Naquelas ocasiões os inimigos foram levados à exaustão pelo cansaço e pela fome.
No dia 30 de novembro de 1837 as forças separatistas fizeram a primeira incursão para tentar romper o bloqueio, com 800 homens em duas frentes de guerra, uma na Campina e a outra no Cabrito. Em ambos os lados, entretanto, os separatistas foram rechaçados pelas tropas leais ao Rio de Janeiro. Então, para reforçar o exército "libertador", os líderes da revolta deliberaram pela libertação dos escravos nascidos no Brasil, mediante a indenização dos proprietários. Formou-se, assim, um batalhão composto exclusivamente por negros, nominado batalhão dos “Libertos da Pátria”.
O revés da derrota dos separatistas se daria no início de dezembro, quando a Guarda Nacional é rechaçada na tentativa de desembarcar em Itapagipe. No dia 14 de janeiro de 1838, entretanto, os separatistas voltam a ser derrotados ao tentar desalojar a Guarda Nacional acampada em Itapoã. Logo depois da derrota começam a sentir os efeitos do cerco e da fome, razão pela qual resolvem investir ferozmente contra os comerciantes portugueses que permaneciam em Salvador, saqueando-os. 
Outro combate sangrento aconteceu entre os dias 17 e 18 de fevereiro. Pelos dados oficiais mais de 600 baixas dos separatistas foram contabilizadas, entre mortos e feridos, contra apenas 100 das forças restauradoras.
A batalha derradeira, todavia, aconteceu na noite de 12 de março. Segundo Argolo Ferrão, comandante da 2ª Brigada, o inimigo sofreu grande mortandade na tomada de suas primeiras posições, os campos estavam cheio de sangue, assim como as estradas de cadáveres. O fogo cessou à tarde do dia 15, quando os separatistas acuados no Forte São Pedro brandiram a bandeira branca.
À noite desse mesmo dia, como narra Paulo César de Souza, em seu livro “A Sabinada: A revolta separatista da Bahia”, incêndios clareavam vários pontos da cidade. O fogo consumia cerca de 70 sobrados, a maioria em Conceição da Praia – provocado pelos vencidos, em desespero e embriaguez, e pelos vencedores, para desentocar inimigos. Soldados rebeldes foram atirados às chamas... O colapso nas normas de conduta, tão comum nos tempos de guerra, manifestou-se em saques, estupros, assassínios. E a cidade de Salvador amanheceu destruída.
Somente na noite do dia 22 de março que Francisco Sabino foi encontrado. Segundo Gonçalves Martins, chefe da polícia, ele estava dentro de um armário “coberto de roupa suja, em camisa e descalço”. À noite desse mesmo dia o presidente da República aniquilada, João Carneiro, também é feito prisioneiro. Ao final seriam contados 2989 separatistas capturados. Os mortos somaram: 1258 entre os separatistas; 594 entre os restauradores - cifras expressivas para a população de Salvador na ápoca da Sabinada.

No dia 1º de abril a cidade de Salvador comemorou a vitória. Este feito também seria festejado no Rio de Janeiro e em outras localidades, pela manutenção da integridade do território nacional. No extremo sul do Brasil, entretanto, os farroupilhas continuavam a impingir ao Império pesadas derrotas.