quinta-feira, 13 de março de 2014

Esperteza em berço esplêndido

Logo após a eleição da presidente Dilma Rousseff o ex-ministro José Dirceu alardeou em uníssono com o seu partido, que era chegada a hora do PT assumir na plenitude o governo. Desde então ficou claro para os demais partidos da base aliada, inclusive ao PMDB, maior sócio do PT no governo, que no mandato de Dilma Rousseff eles teriam menos espaço, embora necessários para composição da maioria.
Mesmo assim, o governo formou uma base aliada com quase trinta partidos, a maioria sem identidade com a bandeira petista. Esta composição é tão heterogênea, que vai desde a extrema esquerda à extrema direita; de ex-guerrilheiros a fiéis partidários da ditadura militar. Construiu-se, então, um balaio de gatos, onde o princípio mais nobre é controlar a maior soma de cargos e de recursos públicos. Um fisiologismo sem igual em nossa história política.
Para acomodar toda esta trupe a presidente Dilma Rousseff ampliou para 39 o número de ministérios e secretarias com status de ministério, batendo todos os recordes dos governos anteriores. O inchaço da maquina pública foi tão grande, que a estrutura e o quadro de funcionários das 39 pastas já não comportam na Esplanada dos Ministérios, que oneram os cofres públicos em mais de R$ 65 bilhões ao ano.
Para o seu feudo, o governo petista reservou 17 ministérios. Claro, os mais importantes e de maior visibilidade. Os aliados também não receberam o seu quinhão de “porteiras fechadas”, conforme é dito no jargão político. Ou seja, no segundo escalão o governo não abriu mão de nomear o pessoal do partido. Portanto, o racha que ora acontece na base aliada é fato plenamente previsível. Porém, de caráter essencialmente oportunista.
Podemos ter a certeza de que logo-logo o fisiologismo volta e toma conta. No modelo político de troca-troca adotado pelo governo petista prevalece os interesses individuais e de grupos sobre o coletivo. E assim os problemas reais do Brasil vão ficando sempre para segundo plano.
Seria muito bom para o país se o racha da base aliada fosse por convicção política; se os ministros fossem normalmente convocados para informar ao parlamento como está a condução de sua pasta. Anormal é que não obstante a tantas suspeições de irregularidades os órgãos a quem cabe fiscalizar façam vistas grossa, pelo apoio incondicional em troca dos favores.
Já não é sem tempo, por exemplo, que a presidente da Petrobrás, a Sra. Graça Foster, seja convocada, pois desde o governo do ex-presidente Lula da Silva, paira sobre aquela estatal a suspeição de inúmeras irregularidades. A última denúncia é a de pagamento de propinas a funcionários do alto escalão, pela offshore holandesa SBM. Além disso, há necessidade de maior transparência, inclusive para explicar o crescimento da dívida, que no último mês chegou à casa dos US$ 100 bilhões.
Os prejuízos que a Petrobrás tem gerado aos acionistas e ao país são enormes.

Infelizmente, o modelo de coalizão da democracia brasileira tem sido um terreno fértil para o fisiologismo. E assim as faxinas do governo vão ficando para história como contos da carochinha. 

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