Logo após a
eleição da presidente Dilma Rousseff o ex-ministro José Dirceu alardeou em
uníssono com o seu partido, que era chegada a hora do PT assumir na plenitude o
governo. Desde então ficou claro para os demais partidos da base aliada,
inclusive ao PMDB, maior sócio do PT no governo, que no mandato de Dilma
Rousseff eles teriam menos espaço, embora necessários para composição da
maioria.
Mesmo assim,
o governo formou uma base aliada com quase trinta partidos, a maioria sem identidade
com a bandeira petista. Esta composição é tão heterogênea, que vai desde a
extrema esquerda à extrema direita; de ex-guerrilheiros a fiéis partidários da
ditadura militar. Construiu-se, então, um balaio de gatos, onde o princípio
mais nobre é controlar a maior soma de cargos e de recursos públicos. Um
fisiologismo sem igual em nossa história política.
Para
acomodar toda esta trupe a presidente Dilma Rousseff ampliou para 39 o número
de ministérios e secretarias com status de ministério, batendo todos os recordes
dos governos anteriores. O inchaço da maquina pública foi tão grande, que a
estrutura e o quadro de funcionários das 39 pastas já não comportam na
Esplanada dos Ministérios, que oneram os cofres públicos em mais de R$ 65
bilhões ao ano.
Para o seu
feudo, o governo petista reservou 17 ministérios. Claro, os mais importantes e
de maior visibilidade. Os aliados também não receberam o seu quinhão de
“porteiras fechadas”, conforme é dito no jargão político. Ou seja, no segundo
escalão o governo não abriu mão de nomear o pessoal do partido. Portanto, o
racha que ora acontece na base aliada é fato plenamente previsível. Porém, de
caráter essencialmente oportunista.
Podemos ter
a certeza de que logo-logo o fisiologismo volta e toma conta. No modelo
político de troca-troca adotado pelo governo petista prevalece os interesses individuais
e de grupos sobre o coletivo. E assim os problemas reais do Brasil vão ficando
sempre para segundo plano.
Seria muito
bom para o país se o racha da base aliada fosse por convicção política; se os
ministros fossem normalmente convocados para informar ao parlamento como está a
condução de sua pasta. Anormal é que não obstante a tantas suspeições de
irregularidades os órgãos a quem cabe fiscalizar façam vistas grossa, pelo
apoio incondicional em troca dos favores.
Já não é sem
tempo, por exemplo, que a presidente da Petrobrás, a Sra. Graça Foster, seja
convocada, pois desde o governo do ex-presidente Lula da Silva, paira sobre
aquela estatal a suspeição de inúmeras irregularidades. A última denúncia é a de
pagamento de propinas a funcionários do alto escalão, pela offshore holandesa
SBM. Além disso, há necessidade de maior transparência, inclusive para explicar
o crescimento da dívida, que no último mês chegou à casa dos US$ 100 bilhões.
Os prejuízos
que a Petrobrás tem gerado aos acionistas e ao país são enormes.
Infelizmente,
o modelo de coalizão da democracia brasileira tem sido um terreno fértil para o
fisiologismo. E assim as faxinas do governo vão ficando para história como
contos da carochinha.
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