Em discurso na cidade de Palmas (TO), ao final do ano passado durante a
formatura de estudantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico
(Pronatec), a presidente Dilma Rousseff afirmou que a prioridade de seu governo
para 2013 seria a educação de qualidade. Prometeu, ainda, que os recursos do
pré-sal seriam destinados exclusivamente para investimentos na área.
Decorrido
metade do ano, de fato concreto, de novo, ainda não temos nada! Não é por acaso
que continuamos a ocupar a penúltima posição entre 40 países, no ranking que
mede a qualidade da educação nos quatro últimos anos do ensino fundamental,
conforme avaliação do Pearson Internacional. Lamentavelmente, só ficamos atrás
da Indonésia.
O problema é
que a educação não pode ser mudada por um simples discurso ou um toque de
mágica. A melhoria da educação é um processo, pois como diz o professor Joaquim
José Soares Neto, da UnB, em seu texto para o movimento Todos pela Educação, “a
simples constatação de um problema público não estabelece o caminho de sua
solução. Para se buscar a melhoria, é preciso desenhar estratégias e elaborar
planos de ação”.
Isto é
dificultado pela própria organização (ou desorganização?) do sistema, que pode
ter suas diretrizes, mas não tem planos de ação unificados, o que compromete a
própria execução do processo de melhoria.
Assim, por
conseguinte, podemos ter o diagnóstico dos macros problemas, mas não
conseguimos superá-los, porque o setor fica a mercê da vontade política e da
competência (ou não) de milhares de gestores, espalhados pelos estados e
municípios, cada qual desenvolvendo sua própria política.
Recentemente,
o movimento Todos pela Educação divulgou uma série de dados sobre a questão da
infraestrutura de nossas escolas, entre os quais, que 44,5% das escolas
brasileiras só dispõem da estrutura mínima para o funcionamento, ou seja, só
têm água, banheiro, energia, esgoto e cozinha. Faltam-lhes itens essenciais e
importantes à melhoria da qualidade, tais como equipamentos de comunicação e
informática, laboratório, biblioteca e quadra de esporte.
Somente 0,6%
das escolas pesquisadas têm a estrutura completa, o que é um dado realmente alarmante.
Entre outros
problemas, que urgem por solução, Eduardo de Freitas, da Equipe Brasil Escola,
menciona que “praticamente todos os que atuam na educação recebem baixos
salários, professores frustrados que não exercem com profissionalismo ou também
esbarram nas dificuldades da realidade escolar, além dos pais que não
participam na educação dos filhos”.
Não é menos
importante observar, que as piores escolas estão entre aquelas de
responsabilidade dos municípios, seguidas pelas de responsabilidade dos estados.
Entre elas, as piores estão nas zonas rurais ou nas periferias das cidades, o
que permite concluir que as pessoas de menor renda são justamente aquelas que
não têm acesso ao ensino de qualidade.
Também
podemos chegar à seguinte conclusão: a de que precisamos muito mais de ação do
que de discurso político. Este se presta quase sempre à enganação, muito mais
do que a promover mudanças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário