A onda de mobilização popular que se
espalhou pelo Brasil afora, tinha inicialmente como propósito o transporte público
gratuito. A impressão digital dos organizadores, de acordo com as bandeiras
tremuladas, era apenas da extrema esquerda, com destaque para o PSTU e PSOL,
com o apoio da minguada representação comunista ainda não alinhada ao governo
do PT.
O que esses partidos não esperavam é
que a mobilização programada viesse a tomar a força que tomou com a adesão da
massa, a ponto de suplantar e sufocar os objetivos de seus organizadores.
Em São Paulo, estava claro que a
pretensão era a de enfraquecer o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Para eles
pouco importava que no rastro de Alckmin pudesse vir o prefeito da capital, Fernando
Haddad (PT).
A realidade é que a mobilização tomou
vulto e saiu do controle de seus patrocinadores. Assim, tomou um caráter extremamente difuso, sem
objetivos claros, definidos e lideranças.
Vimos em Brasília muitas faixas
contra a famigerada PEC nº 37, a chamada PEC da impunidade, que visa tirar
poderes do Ministério Público, entre eles o de investigar a corrupção. Também
vimos reivindicação para melhoria da segurança pública, da educação, da saúde,
da mobilidade urbana, pelo fim da corrupção, entre outras... E por todos os outros
estados a difusão está sendo a mesma.
Poder-se dizer, em resumo, que tudo
isso é contra a política retrógrada e atrasada, que há séculos vem emperrando o
Brasil. Mas, mesmo assim, é preocupante que toda essa mobilização termine em um
vazio, por falta de objetividade e clareza, por melhores que sejam as intenções
dos participantes.
Não perderemos tempo para falar dos
baderneiros e vândalos, que além do nosso repúdio merecem os rigores da lei.
Essa falta de objetividade, além de
enfraquecer a mobilização popular, poderá incrementar o descrédito da população
com a política. Isto será péssimo para o país, pois só favorecerá aos maus
políticos, que são os reais responsáveis pela situação a qual chegamos.
Outro ponto extremamente preocupante
é que a esquerda governista venha a tirar proveito político do movimento
popular que ora se realiza, pois anteriormente era ela que patrocinava as
manifestações de rua. Aliás, ela já demonstrou essa intenção - um oportunismo
imoral, que fere qualquer lucidez. Hoje a UNE, a CUT, o PC do B, entre outras
entidades e partidos afins estão vendidos.
Também foi oportunismo da presidente
Dilma Rousseff dizer na terça-feira, durante discurso para o lançamento do
marco regulatório da mineração, que o “Brasil hoje acordou mais forte”, ao
elogiar as manifestações realizadas na segunda-feira.
As manifestações que hoje tomam conta
das ruas são também contra o governo petista, com seus 39 ministérios, os
MENSALÕES, o elevado endividamento público, a corrupção desenfreada, os gastos
exorbitantes com a copa do mundo. Enfim, contra o cinismo e a mentira de todos
os políticos que hoje governam o país. Neste grupo se exclui o PT.
Fato repugnante é que nesta hora a presidente ao
invés de se dirigir à nação, se junte ao ex-presidente Lula da Silva e a Rui Falcão,
presidente do PT, para se orientar pelo marqueteiro petista, João Santana,
com o nítido propósito de tirar proveito da manifestação popular. Isto não é
nada bom! Faz lembrar Josef Goebbels, mestre da propaganda nazista.
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