Até o início do ano passado a presidente Dilma Rousseff andava de cara virada para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando achava que poderia extirpar do governo o entulho deixado pelo antecessor. Mas, depois, com as dificuldades para continuar a faxina, as coisas foram se acomodando, e Renan Calheiros, com auxílio de seus aliados, retomando espaço junto ao governo petista.
Agora, embora Ideli Salvatti - ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais - diga que o governo “não tem preferência por nenhum candidato” para a presidência do Senado e da Câmara, isto não passa de falácia. Tanto Calheiros como Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) têm suas eleições quase que garantidas, com o apoio direto do Palácio do Planalto.
Os governos no Brasil nunca levaram em conta a capacidade do candidato à presidência de suas casas legislativas; nem se o candidato tem a ficha limpa, ou suja. O que interessa é que o legislativo esteja atrelado ao executivo, porque o primeiro “não deve ser independente”. O “mérito” de estar atrelado ao governo não falta a Calheiros, futuro presidente do Senado; nem a Henrique Alves, futuro presidente da Câmara.
Esta semana a grande imprensa divulgou, de forma veemente, denúncias mostrando as amarras dos dois candidatos, apoiados pelo governo do PT. Contudo, convenhamos que essa forma de fazer política não é exclusiva do PT. O que o PT fez foi tornar o “toma lá dá cá” mais robusto, depois do insucesso do MENSALÃO.
Então, para resumir, vamos extrair apenas uma denúncia sobre cada um dos candidatos:
“O Estado de São Paulo” divulgou que “a combinação de influência na Caixa Econômica Federal e o comando político de 80% dos municípios alagoanos fez de Renan Calheiros, favorito para assumir o controle do Senado, o midas do programa Minha Casa, minha Vida em Alagoas. A Construtora Uchôa, do irmão de Tito Uchôa, apontado como laranja do peemedebista, faturou mais de R$ 70 milhões no programa nos últimos anos”.
Henrique Eduardo Alves, por sua vez, é acusado, além de desvio de verbas de gabinete e emendas parlamentares, de empregar parentes em órgãos públicos, entre eles sua ex-mulher Mônica Infante Azambuja, com salário de R$ 10,5 mil na Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Vale recordar que Henrique Alves era candidato a vice-presidente da República na chapa de José Serra quando foi obrigado a abdicar, após denúncia da própria Mônica Infante de que ele tinha depositado R$ 15 milhões em paraíso fiscal. Logicamente, de desvio de dinheiro público.
Já Calheiros, em 2007 renunciou para não perder o mandato no Senado. Chegou ir à Comissão de Ética, por apresentar documentos falsos relativos à venda de bois “fantasmas” para justificar renda, e ter a pensão da filha com a jornalista Mônica Veloso paga por uma empreiteira.
Então, podemos deduzir que os políticos não são cidadãos da nossa espécie, pois como disse o ex-presidente Lula da Silva ao defender o amigo José Sarney, após graves denúncias de corrupção no Senado: Ele “tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.
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