Com o apoio maciço do Partido dos Trabalhadores (PT) às candidaturas de Renan Calheiros (PMDB-AL) e de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) à presidência do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente, fica praticamente definida a aliança entre esses dois partidos para as eleições majoritárias de 2014. Teremos, de novo, a dobradinha Dilma Rousseff (PT-RS) e Michel Temmer (PMDB-SP).
O maior interesse do Planalto na eleição do Senado e da Câmara é que a união entre o PT e o PMDB esteja bem consolidada, para a próxima eleição presidencial. Ambos os partidos já estão estruturados em todo Brasil, e juntos terão forças para uma grande campanha. Mesmo no Nordeste, onde Eduardo Campos – governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB - tem ampla penetração e pode ser uma ameaça.
O Nordeste é o que mais preocupa o governo, pois é a região que garantiu as vitórias do PT nas três últimas eleições presidenciais, e que pode definir um segundo turno.
Neste momento pouco importa ao governo que Renan Calheiros tenha a ficha manchada e suja. O desgaste do PT será momentâneo e passageiro, pois, certamente, eles têm certeza de que todo brasileiro tem memória curta. Por isto, já nem levam em conta os desgastes do MENSALÃO e da sequência de escândalos do governo. Está aí a imagem da presidente Dilma sem qualquer arranhão, conforme mostram as pesquisas.
Por esta razão, a bancada do PT não tem qualquer constrangimento em reconduzir Calheiros à presidência do Senado. Apenas tergiversa, simulando ser a escolha de competência exclusiva do PMDB, conforme fez Wellington Dias (PT-PI), ao dizer que “o PT está 100% fechado com a decisão que o PMDB tomar, seja qual for o indicado”. Mas, é lógico, que Renan Calheiros é o escolhido, tanto do Planalto como do Alvorada.
Assim, a presidente Dilma vai atuando às sombras, descolada. Ela sabe que “não pode e não deve” misturar-se aos políticos. Sua alta popularidade é o que lhe importa; tanto faz um Congresso Nacional com a imagem estraçalhada, desde que lhe tenha fidelidade.
Contudo, o que é bom para o PT e o PMDB, e também para a representante maior da nação, pode não ser o melhor para o Brasil e os brasileiros.
Nesta semana, a grande imprensa de norte ao sul do Brasil, baseada em matéria de “O Estado de São Paulo”, mostrou o escândalo da utilização do dinheiro publico pelo Senado nos últimos 10 anos de administração peemedebista; desde o início da era Lula da Silva, em 2003.
Segundo o “Estadão” as administrações de José Sarney, Renan Calheiros e Garibaldi Alves Filho aumentaram os gastos do Senado com pessoal em 57%; o número de cargos em comissão - aqueles que não necessitam de concurso público – aumentou em 741%. Em 2003 a folha de salários, com valores corrigidos, era de um pouco mais de R$ 1,00 bilhão/ano; atualmente chega a R$ 1,83 bilhão/ano.
Hoje, considerando que o Senado emprega cerca de 10.000 servidores, temos, então, um salário médio de aproximadamente R$ 14.100,00/mês, uma realidade bastante distinta da do trabalhador brasileiro.
Mas, para a base do governo pouco importa o abaixo assinado com mais de 180.000 assinaturas na internet, contra o retorno de Calheiros à presidência do Senado da República; nem outro tipo de pressão popular.
Quanto à denúncia feita pelo procurador-geral de República ao Supremo Tribunal Federal contra Calheiros, por vendas de bois “fantasmas” com apresentação de notas frias, não passará de mais uma “perseguição” de Roberto Gurgel, inimigo declarado das principais lideranças petistas.
Então, dá saudades de uma liderança como a do saudoso Dr. Ulysses Guimarães, pois nossos políticos teimam em não escutar a “voz rouca das ruas”.
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