O carnaval
chegou ao Brasil junto com a colonização portuguesa, com o nome de entrudo,
justamente por marcar a entrada da Quaresma, que inicia o ano lunar do
Cristianismo na Quarta-Feira de Cinzas. Desde o século V a Igreja Católica já
comemorava essa data como um dia de festa – um “adeus à carne”, marcado por
brincadeiras e muita diversão, que rapidamente se propagou por toda a Europa.
No Brasil, o
entrudo passou a sofrer grandes modificações depois do século XVIII, sobretudo
pelas influências de outras culturas, além da europeia. A brincadeira caseira,
que consistia em jogar água de cheiro uns nos outros, chegou às ruas, ganhando
um estilo rude e agressivo, com a utilização de água suja, tinturas, farinhas e
até excremento, que não poupava àqueles que circulassem nas ruas.
Além da
violência, há relatos de que as ruas do Rio de Janeiro, já naturalmente sujas
pela carência de hábitos de higiene, ficavam enlameadas e com extremo mau
cheiro, causando péssima impressão aos visitantes. Deste modo, o entrudo passou a
ser reprimido pelas autoridades.
No final dos
anos 30 do século XIX, a elite carioca começa a substituir o entrudo caseiro
pela fantasia, inspirada nos bailes de máscaras de Paris e nas comemorações
carnavalescas italianas. Passa, então, a desfilar em carruagens, percorrendo as ruas da cidade com destino aos clubes. Esta tradição evolui para o desfile organizado em
grandes carros enfeitados, que deram origem às Grandes Sociedades.
Essas
Grandes Sociedades ganham imensa popularidade utilizando do sarcasmo e humor.
Por isto, passam a disputar o carnaval entre si, em desfiles que durariam por
mais de um século.
Depois, no
início dos anos 70 dos oitocentos, surgiu o Rancho Carnavalesco, com fantasias
variadas e instrumentos musicais de corda e percussão. De origem mais popular,
o Rancho utilizava elementos das tradições negras e das procissões religiosas,
com seus pastores e pastoras, porta-bandeiras e mestre-salas, entre outros
figurantes. A primeira marchinha do carnaval brasileiro, “Ô abre alas”, foi
composta por Chiquinha Gonzaga especialmente para o rancho “Cordão Rosa Preta”,
em 1899.
Já a Escola
de Samba é uma manifestação autenticamente popular, nascida no Rio de Janeiro,
que mescla a cultura predominantemente africana a elementos das Grandes
Sociedades e dos Ranchos Carnavalescos. No entanto, o principal elemento é o
próprio samba, que teve origem no Recôncavo Baiano - o “samba de roda”,
introduzido na capital do império na segunda metade do século XIX.
A primeira
Escola de Samba do Brasil foi a “Deixa Falar”, fundada no Rio de Janeiro em 18
de agosto de 1928 por um grupo de boêmios do bairro carioca do Estácio, sob a
batuta de Ismael Silva, que teve a ideia de organizar um bloco inspirado no
samba, com evoluções próprias.
Segundo
estudiosos, o termo “Escola de Samba” surgiu porque a “Deixa Falar” fazia os
seus ensaios ao lado de uma Escola Normal situada na rua do Estácio. Dai
juntaram o nome “escola” ao “samba”.
Com o
sucesso da “Deixa Falar” a Escola de Samba foi se proliferando por outros
bairros. Então surgiram a “Estação Primeira”, que depois também passou a se
chamar Mangueira, a “Cada Ano Sai Melhor”, a “Vizinha Faladeira”, a “Vai Como
Pode” (atual Portela), entre inúmeras outras escolas, que foram crescendo e se
modernizando.
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