De nada adiantará o esforço da
oposição para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a fim de
clarear os pontos obscuros do recente escândalo – Operação Porto Seguro -, que
envolve o escritório da Presidência da República em São Paulo. Tanto na Câmara
dos Deputados, como no Senado Federal, a oposição é inexpressiva, não chega a
20% do parlamento, de forma que ela não terá número suficiente de assinaturas
para instalar uma CPI.
Caso consiga assinaturas de alguns
dissidentes, mesmo assim a oposição não logrará êxito, pois o rolo compressor
do governo não deixará que ela aprofunde qualquer investigação. Este filme ora
estamos assistindo na CPMI que “apura” as relações do contraventor Carlinhos
Cachoeira com agente públicos e privados, que se encerrará este mês em mais uma
vergonhosa pizza, depois dos governistas culparem ou inocentarem quem bem
quiseram.
A realidade é que a oposição há tempo
vem sendo sufocada. Atualmente, ela é uma das mais fracas de toda nossa
história republicana. Desde o MENSALÃO, quando o governo comprou o apoio da
maioria dos partidos políticos, foi montada uma imensa máquina de troca-troca
de apoio por cargos, que subtraiu do legislativo suas principais funções: a de
legislar e a de fiscalizar o executivo.
Entramos, assim, em um circulo
vicioso: o executivo aprova o que quer, e o legislativo, em troca das benesses
do poder, diz simplesmente “amém”, sem qualquer pudor e respeito aos princípios
republicanos.
Isto permitiu que o partido do
governo (PT) aparelhasse toda máquina pública. Não é de se estranhar, portanto,
a escalada de corrupção que tomou conta do Brasil nos últimos anos. São
escândalos seguidos de escândalos, sem que tenhamos punição dos envolvidos e
investigações concluídas.
Para aprofundar a dominação, e
perpetuar a permanência no poder, foi criada uma forte máquina de propaganda,
bem estruturada e com muito dinheiro - a la Goebbels. Há sempre uma nova versão
para os fatos, quando o partido do governo não sai pela tangente, culpando
ainda a oposição, ou quando não vem a velha cantilena do “eu não sabia”, ou do
“fui apunhalado pelas costas”.
Agora mesmo na Operação Porto Seguro,
vimos o próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a todo tempo
tentando minimizar esse escândalo, em seus depoimentos na Câmara e no Senado. É
fato, no entanto, que uma QUADRILHA se instalou no governo, atuando em
organismos realmente importantes, tais como o próprio gabinete da Presidência
da República em São Paulo, a Advocacia Geral de União (AGU) e Agências
Reguladoras.
Argumentos como o de Gilberto
Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, de que “a impressão de que há mais
corrupção agora não é real” e que agora “as coisas não estão debaixo do
tapete”, também não são verdadeiros. A realidade é que nunca se viu no Brasil
tantos escândalos de corrupção, e de forma tão recorrente.
Muito bem fez Fernando Henrique
Cardoso (FHC) ao rebater os ataques de Gilberto Carvalho a seu governo. FHC
lembrou a Polícia Federal flagrando a apreensão de dinheiro no gabinete de
Roseane Sarney, governadora do Maranhão, e Jader Barbalho algemado. O que agora
se vê é uma herança verdadeiramente maldita, legada ao governo da presidente
Dilma Rousseff por seu antecessor.
Outro fato evidente é que ao final deste
ano o PT completa 10 anos no poder. Já é tempo, portanto, de o partido assumir as
mazelas de seus atos e os problemas de seu governo. Como culpar a oposição se
ela não tem forças sequer para abertura de uma CPI?
Chamem-me como quiserem, mas digo e repito: vivemos em uma 'ditadura capitalista'; se não é pela força militar que o governo consegue o que deseja, é pela força financeira, quando não criminosa dolosa.
ResponderExcluirAbração, meu caro!
Rodrigo Davel
Caro Rodrigo,
ExcluirConcordo com você, acrescentando apenas que também é pela força do poder.
Grande abraço,
Wagner