Depois que os Democratas (DEM) decidiram expulsar o senador Demóstenes Torres (GO), ele mesmo optou pela saída do partido. Agora, só sobrou a ele ganhar tempo - um pouco mais de sobrevida no Senado -, para não perder o fórum privilegiado. No campo moral o ex-arauto da ética caiu na vala comum: no descrédito.
O que se viu da relação espúria entre Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira foi uma decepção para o país. Se cultivássemos valores mais nobres a renúncia já teria acontecido, com pedidos de desculpas. Mas, como estamos no Brasil, agora o senador trama com seus advogados a defesa, para tentar amenizar as consequências de seus atos na justiça.
Demóstenes Torres começou a vida pública no Ministério Público de Goiás, chegando a ocupar o cargo de Procurador-Geral. Antes de ser senador, exerceu ainda a função de secretário de Segurança Pública. Certamente vem daí seu laço com o crime organizado.
A sentença da sua vida política deverá ser iniciada na próxima semana, com a abertura do processo para o afastamento do Senado. Por enquanto o pedido - de iniciativa do PSOL - está na mesa do presidente da Casa, aguardando a recomposição do Conselho de Ética. O julgamento, impreterivelmente, será político e muitos senadores não perderão a oportunidade para dar o troco.
O PT ora se mobiliza para indicar o novo presidente do Conselho de Ética. O nome trabalhado é o do senador Wellington Dias (PT-PI), ex-governador do Piauí. Contudo, é o PMDB que tem a prerrogativa de indicar o novo presidente - missão atribuída ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
É claro que o desvio de conduta de Demóstenes, sob nenhuma hipótese, deve ser relevado. A quebra de decoro excedeu os limites. Portanto, não é “para preservar a instituição”, como quer o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que Demóstenes merece ser afastado. É pela conduta! Para a opinião pública a imagem do Senado há tempo está estraçalhada. Agora então, parece que chegou aos frangalhos. Lamentável! Mas é a realidade!
A própria composição do Conselho de Ética, onde quase a metade dos membros tem processo, contribuiu para formação dessa imagem. O senador Wellington Dias, indicado do PT para a presidência, tem dois processos no Supremo Tribunal Federal. O que dizer, então, do Senado?
Depois de tantos escândalos de corrupção, de tráfico de influência, de dissimulações da verdade, enfim, de inúmeras mazelas que mancham a nossa história recente, chegou a hora da sociedade exigir a reforma política - URGENTE!
O Brasil anda de cabeça para baixo, necessitando realmente de “um chute no traseiro”. E nessa situação, agora é o DEM que propõe carregar a bandeira da moralidade e da ética. O PT definitivamente perdeu a vez, depois do MENSALÃO, de dólares em maletas e cuecas e de tantos malfeitos.
As alianças espúrias, sem ideologias, como todo pregresso da nossa vida política nacional, evidenciam a necessidade de mudanças.
Não creio que a presidente Dilma Rousseff, com toda popularidade que tem neste momento, vá empreender esforço nesse sentido. Mas com certeza a reforma política é a primeira porta de saída, para uma reforma mais ampla do Estado brasileiro, como também para outras crises que se anunciam.
Então, REFORMA POLÍTICA JÁ!
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