sexta-feira, 13 de abril de 2012

Chamam-nos, a todo instante, de idiotas!

Pelo andar da carruagem, a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos (CPMI), para investigar as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com os políticos, parece que irá naufragar. Tudo porque os dois maiores partidos no Congresso - PT e PMDB – agora se mostram preocupados que a CPMI venha também comprometer a base do governo, ou se estender a estados governados por esses partidos.
Os últimos diálogos das interceptações telefônicas divulgadas pela Polícia Federal expuseram ao país que a ligação de Cachoeira não era restrita ao senador Demóstenes Torres (sem partido – GO).  Ela é infinitamente mais abrangente!
Prova disso são os diálogos mantidos pelos representantes da empreiteira Delta - uma das maiores executoras das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) -, com o primeiro escalão do governo de Brasília. Neles há fortes indícios de corrupção, envolvendo diretamente o governador Agnelo Queiros (PT-DF), conforme divulgado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, na edição de ontem.
Não é a toa que a empreiteira Delta doou R$ 2,3 milhões para campanhas políticas nas últimas eleições de 2010. “Talvez”, por isto, os dois partidos beneficiados tenham sido exatamente o PT e o PMDB: o PT, através de seu comitê central, levou R$ 1,2 milhão; o PMDB levou o R$ 1,1 milhão restante.
Além das obras do PAC, a Delta é uma das empreiteiras do governo de Brasília. Na área da limpeza urbana é ela a principal executora dos serviços de coleta e limpeza de lixo da capital federal. O último contrato foi firmado no final de 2010.
Diante de tanta evidência de corrupção, em discurso na tribuna do Senado, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) classificou o governo petista do Distrito Federal como “um governo de propaganda e escândalos”. Nesse mesmo discurso, proferido na última quarta-feira, disse ainda, para todo o país, que a questão da corrupção em Brasília é desalentadora.
Por outro lado, o governador Agnelo Queiroz defende-se dizendo que as suposições da Polícia Federal e das matérias veiculadas pela imprensa não passam de “mais uma tentativa de arrastar o meu partido para esse escândalo”. Diz que tudo aquilo que vem sendo divulgado, inclusive através de conversa telefônica gravada é “fantasioso”, para envolvê-lo com a Delta e com Carlinhos Cachoeira.
Também, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), tem se mostrado contrário a abertura da CPMI. Por coincidência (?) é a empreiteira Delta uma das que têm o maior volume de obras no Rio de Janeiro.
Outro problema que poderá jogar por terra a CPMI é que não colou a tentativa de setores do PT, de criar um vínculo entre a oposição e Carlinhos Cachoeira, para desqualificar o que Rui Falcão - presidente do PT - chama de “farsa do mensalão”. O MENSALÃO foi deveras evidente, para ser transformado em uma farsa.
Contudo, o pior ainda que todos esses problemas é a dissimulação dos políticos. Com as suas ilações eles chamam-nos, a todo instante, de idiotas! É impossível que diante de tantas denúncias eles sejam “bonzinhos” e “injustiçados”. Concluímos, infelizmente, que a maioria deles hoje são verdadeiros profissionais da política.
Infelizmente, é essa maioria que se abdica de mostrar ao país a verdade dos fatos. Lamentavelmente, é essa a nossa política. E pelo andar da carruagem (da mesma forma que iniciei esse texto) essa é mais uma CPMI que não vai dar em nada.

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